o tempo passa como quem tem pressa
e as vogais vagam por ele querendo ser consoante
entrelaçando-se, fazendo promessa
o ponto surge e num instante
passou
28 de dezembro de 2010
27 de dezembro de 2010
Tua
Numa hora dessas, parar de chorar é cessar todo o luto.
O que é um pecado.
O luto não deve ser eterno, as pessoas não devem ser petrificadas em nossos corações. Você sofrerá de má memória num futuro - distante ou não - e talvez você lembre apenas o motivo dessas lágrimas todas.
De forma poética, diria para você chorar enquanto ainda é tempo. Enquanto você se lembra de todos os detalhes, o porquê você está chorando. Mas eu não quero fazer poesia hoje.
E se você precisar de colo,
aqui estão minhas palavras.
O que é um pecado.
O luto não deve ser eterno, as pessoas não devem ser petrificadas em nossos corações. Você sofrerá de má memória num futuro - distante ou não - e talvez você lembre apenas o motivo dessas lágrimas todas.
De forma poética, diria para você chorar enquanto ainda é tempo. Enquanto você se lembra de todos os detalhes, o porquê você está chorando. Mas eu não quero fazer poesia hoje.
E se você precisar de colo,
aqui estão minhas palavras.
25 de dezembro de 2010
endereço
andei pensando sobre as ruas
e pensando andei sob as ruas
que quando me dei conta
já tinha passado da sua
e pensando andei sob as ruas
que quando me dei conta
já tinha passado da sua
24 de dezembro de 2010
23 de dezembro de 2010
é, meu amor
a morte é um estado físico. desculpe-se com a culpa, com o orgulho, com a esperança, e aceite o fato.
é um fato, pouco me importa se você chama de teoria.
porque, ao contrário de você, ainda não aceitei o fato de religião ter virado política. religião é composta de fatos, você não deve discutir qual é o melhor, eleger uma, eleger um messias, eleger uma palavra.
o dicionário não está aí só pra você saber o significado das palavras, e ainda acho um pequeno descuido meu ter escolhido (não eleito) uma palavra preferida.
extraordinário.
a sonoridade, o significado, o r, o acento agudo, tudo soa perfeitamente bem pra mim. extraordinário é um adjetivo.
logo, posso considerar que, extraordinário é um estado físico.
você é extraordinário, você está extraordinário.
mas, sinceramente? você foi extraordinário.
a vida é extraordinária, mas a morte, mais ainda. a morte, para sempre, vai estar. a vida cansa, e fica assim; foi extraordinária.
tira esses estados e esses físicos todos do mundo, e não temos fronteiras.
não temos leis, não temos gravidade.
a consequência (disso, da palavra, do x e do r) é o estado físico mais bonito que existe no dicionário.
é um fato, pouco me importa se você chama de teoria.
porque, ao contrário de você, ainda não aceitei o fato de religião ter virado política. religião é composta de fatos, você não deve discutir qual é o melhor, eleger uma, eleger um messias, eleger uma palavra.
o dicionário não está aí só pra você saber o significado das palavras, e ainda acho um pequeno descuido meu ter escolhido (não eleito) uma palavra preferida.
extraordinário.
a sonoridade, o significado, o r, o acento agudo, tudo soa perfeitamente bem pra mim. extraordinário é um adjetivo.
logo, posso considerar que, extraordinário é um estado físico.
você é extraordinário, você está extraordinário.
mas, sinceramente? você foi extraordinário.
a vida é extraordinária, mas a morte, mais ainda. a morte, para sempre, vai estar. a vida cansa, e fica assim; foi extraordinária.
tira esses estados e esses físicos todos do mundo, e não temos fronteiras.
não temos leis, não temos gravidade.
a consequência (disso, da palavra, do x e do r) é o estado físico mais bonito que existe no dicionário.
17 de dezembro de 2010
16 de dezembro de 2010
Desa(bou)fo
Vocês não andam cansados não?
Dessa correria por preço e vaga o dia inteiro. Dessas pessoas que não cortam o cabelo nunca, e que só pensam em se casar. Dessas fofocas que a novela gera enquanto o Estado toma conta de você, desses políticos mau-caráter que fazem você ficar despreocupado.
Você não anda cansado não? Dessas poesias com dissonâncias diferentes, das pessoas correrem para emagrecer e para não pegarem chuva, do preço da banana ter subido, da água de coco ter acabado, de da vontade, dessa nossa vontade, ser rala.
Vocês não andam cansados não? É que dormir mal deixa-nos, naturalmente, cansados. Dessas noites em que você coloca a cabeça no travesseiro e revira-a revirando-se atrás de um problema que não vai sumir enquanto você estiver deitado.
Vocês às vezes não param de respirar?
Dessa correria por preço e vaga o dia inteiro. Dessas pessoas que não cortam o cabelo nunca, e que só pensam em se casar. Dessas fofocas que a novela gera enquanto o Estado toma conta de você, desses políticos mau-caráter que fazem você ficar despreocupado.
Você não anda cansado não? Dessas poesias com dissonâncias diferentes, das pessoas correrem para emagrecer e para não pegarem chuva, do preço da banana ter subido, da água de coco ter acabado, de da vontade, dessa nossa vontade, ser rala.
Vocês não andam cansados não? É que dormir mal deixa-nos, naturalmente, cansados. Dessas noites em que você coloca a cabeça no travesseiro e revira-a revirando-se atrás de um problema que não vai sumir enquanto você estiver deitado.
Vocês às vezes não param de respirar?
13 de dezembro de 2010
Vejam bem, meu povo
Abram os olhos: somos responsáveis por recuperar todo o juízo que a Ciência e a Religião perdeu.
9 de dezembro de 2010
7 de dezembro de 2010
6 de dezembro de 2010
Mátria
Ah, menino
Não deixe que lhe mintam sobre a solidão
Que mudem seu olhar divino
Ou que maltratem seu coração;
Ah, menino
De todas as coisas, o amor é a mais vã
Acabará mudando seu destino
Quando você chegar de viagem na manhã;
Ah, rapaz
O tempo passa e você já percebeu
Que ele desmente as coisas que você já é capaz
Que tudo o que já foste teu
Que as coisas mais ruins e belas
Não lhe trarão paz
Não deixe que lhe mintam sobre a solidão
Que mudem seu olhar divino
Ou que maltratem seu coração;
Ah, menino
De todas as coisas, o amor é a mais vã
Acabará mudando seu destino
Quando você chegar de viagem na manhã;
Ah, rapaz
O tempo passa e você já percebeu
Que ele desmente as coisas que você já é capaz
Que tudo o que já foste teu
Que as coisas mais ruins e belas
Não lhe trarão paz
3 de dezembro de 2010
Litoral
aí eu tento não pensar em nada triste
quando me vem todo o amor que existe
e que pros teus braços eu não vou voltar
que tímido o tempo passa
que os minutos em que você se arrasta
serão os últimos a ficar
aproveite, amor. aproveite
antes que você feche os olhos, antes que você se deite
eu já vou ter fugido pra ver o mar
quando me vem todo o amor que existe
e que pros teus braços eu não vou voltar
que tímido o tempo passa
que os minutos em que você se arrasta
serão os últimos a ficar
aproveite, amor. aproveite
antes que você feche os olhos, antes que você se deite
eu já vou ter fugido pra ver o mar
1 de dezembro de 2010
Naked as we came
não é necessário
de lembrar quando
como e porquê
nascemos
para sermos
e simplesmente sermos
felizes
de lembrar quando
como e porquê
nascemos
para sermos
e simplesmente sermos
felizes
28 de novembro de 2010
25 de novembro de 2010
23 de novembro de 2010
A fonte da juventude não vende na farmácia
O jovem não se preocupa com o que é o amor.
Se preocupa em como vai declará-lo.
E veja só quanta vitalidade há em tempos assim.
Se preocupa em como vai declará-lo.
E veja só quanta vitalidade há em tempos assim.
22 de novembro de 2010
21 de novembro de 2010
Caminho das pedras e das igrejas
Era domingo e Deus estava furioso.
As costas naquele dia pesavam mais do que o normal, o que era um lamento, já que os domingos eram feitos para descansar. Mas ainda havia um bom pedaço de estrada para ele andar.
Tinha parado ali consciente. Sabia que ia demorar para voltar; ainda mais voltar a pé. Calado. Só.
Não praticava misantropia. Só não gostava de falar, e não era observador como elas imaginavam. Nem sonhador, como ele queria. Talvez, ele fosse uma daquelas pessoas opacas sem muita cor por dentro, mas isso, nem ele sabia. Não gostava de pensar em si mesmo, e nem no próximo.
Não gostava de pensar.
Talvez por isso ele também não tenha pensado em suicídio. Mas acho que se pensasse, não o faria: era covarde.
Pra ser sincera, ele era como a maioria das pessoas.
Ainda era domingo, e já ia anoitecer.
Enquanto jogava seu corpo em passos largos, rezava e pedia com profundo arrependimento uma segunda chance. Para ser mais e querer menos. Porque na verdade, ele era um bom homem.
Sempre fora.
Mas não tinha caráter. Não tinha cultura. Nem pátria.
Deus às vezes lembra desses filhos: os que não sofrem; os que fazem drama; e os que só acreditam. E quando Ele lembra, deve bater angústia. Acho que bateria em mim se eu fosse pai, sabe. Não ter criado-os direito.
Ter dado caminhos demais.
Chances demais.
Ter desperdiçado seis dias, para no sétimo, algo fazer sentido.
As costas naquele dia pesavam mais do que o normal, o que era um lamento, já que os domingos eram feitos para descansar. Mas ainda havia um bom pedaço de estrada para ele andar.
Tinha parado ali consciente. Sabia que ia demorar para voltar; ainda mais voltar a pé. Calado. Só.
Não praticava misantropia. Só não gostava de falar, e não era observador como elas imaginavam. Nem sonhador, como ele queria. Talvez, ele fosse uma daquelas pessoas opacas sem muita cor por dentro, mas isso, nem ele sabia. Não gostava de pensar em si mesmo, e nem no próximo.
Não gostava de pensar.
Talvez por isso ele também não tenha pensado em suicídio. Mas acho que se pensasse, não o faria: era covarde.
Pra ser sincera, ele era como a maioria das pessoas.
Ainda era domingo, e já ia anoitecer.
Enquanto jogava seu corpo em passos largos, rezava e pedia com profundo arrependimento uma segunda chance. Para ser mais e querer menos. Porque na verdade, ele era um bom homem.
Sempre fora.
Mas não tinha caráter. Não tinha cultura. Nem pátria.
Deus às vezes lembra desses filhos: os que não sofrem; os que fazem drama; e os que só acreditam. E quando Ele lembra, deve bater angústia. Acho que bateria em mim se eu fosse pai, sabe. Não ter criado-os direito.
Ter dado caminhos demais.
Chances demais.
Ter desperdiçado seis dias, para no sétimo, algo fazer sentido.
20 de novembro de 2010
o pra sempre é sempre um triz
o reflexo do vidro da varanda
que a gente vê da rede
é o futuro que a gente quer
assim, balançando
sem cair
que a gente vê da rede
é o futuro que a gente quer
assim, balançando
sem cair
17 de novembro de 2010
14 de novembro de 2010
dá de lá bandeira qualquer
o vento que faz
a onda bater
nas costas da maré
é o mesmo
que me faz
arranhar as
suas.
a onda bater
nas costas da maré
é o mesmo
que me faz
arranhar as
suas.
12 de novembro de 2010
É tudo uma questão de (ponto de) vista
Girou a pedra do isqueiro uma vez.
Duas vezes.
Três vezes.
- Não acredito.
Olhei para o lado, tirei o cigarro da boca dele e coloquei na minha. Mordi, mostrando a arcada dentária superior. Com a mesma brutalidade que tirei o cigarro, tirei o isqueiro. E girei a pedra do isqueiro uma vez.
Girei duas.
E acendeu.
Quase traguei. Ele pegou o cigarro de volta antes que eu pudesse.
- E Barcelona, Ana?
- Não sei, amor. Tinha tudo planejado, e essa vontade não passa, mas eu tenho outros planos na frente.
- Amor?
- Amor.
E roubei o cigarro dele outra vez. E ele tirou de mim mais uma outra.
- Não quero você com câncer.
Nunca me quis com câncer também. Já me imaginei com câncer, mas querer, nunca quis. E estava tão frio do lado de fora daquela estação de metrô numa quinta-feira às sete horas da noite, que qualquer câncer era bem-vindo.
Talvez ocupasse o vazio que eu tinha no peito.
- Amor. Olha o som do metrô. Eu tenho que ir.
E me agarrou. Não me agarrou, me abraçou e me beijou com tanta força como quem quisesse remediar. Eu não quis abrir os olhos.
Mas eu abri, e os dele já estavam abertos.
E eu pensei: "Ah. Todos iguais".
Ele tinha uma tatuagem de pirâmide à mostra no braço direito. Aquela regata vermelha lhe caia bem. Sabia as palavras certas nos tempos certos. Tinha algumas marcas de expressão na testa contrastando com uma barba-por-fazer extremamente íntegra, era querido porque eu simplesmente o quis.
Mas ele abriu os olhos.
Eu o empurrei.
- Não.
E ele não sabia o que eu queria.
Não sabia qual era a cor dos meus olhos.
E não sabia tragar.
Amor é um adjetivo. Os que abrem os olhos e não tragam têm menores chances de um câncer.
Amor é um verbo no infinitivo. Os que fecham os olhos e tragam têm maiores chances de um vazio no peito.
Duas vezes.
Três vezes.
- Não acredito.
Olhei para o lado, tirei o cigarro da boca dele e coloquei na minha. Mordi, mostrando a arcada dentária superior. Com a mesma brutalidade que tirei o cigarro, tirei o isqueiro. E girei a pedra do isqueiro uma vez.
Girei duas.
E acendeu.
Quase traguei. Ele pegou o cigarro de volta antes que eu pudesse.
- E Barcelona, Ana?
- Não sei, amor. Tinha tudo planejado, e essa vontade não passa, mas eu tenho outros planos na frente.
- Amor?
- Amor.
E roubei o cigarro dele outra vez. E ele tirou de mim mais uma outra.
- Não quero você com câncer.
Nunca me quis com câncer também. Já me imaginei com câncer, mas querer, nunca quis. E estava tão frio do lado de fora daquela estação de metrô numa quinta-feira às sete horas da noite, que qualquer câncer era bem-vindo.
Talvez ocupasse o vazio que eu tinha no peito.
- Amor. Olha o som do metrô. Eu tenho que ir.
E me agarrou. Não me agarrou, me abraçou e me beijou com tanta força como quem quisesse remediar. Eu não quis abrir os olhos.
Mas eu abri, e os dele já estavam abertos.
E eu pensei: "Ah. Todos iguais".
Ele tinha uma tatuagem de pirâmide à mostra no braço direito. Aquela regata vermelha lhe caia bem. Sabia as palavras certas nos tempos certos. Tinha algumas marcas de expressão na testa contrastando com uma barba-por-fazer extremamente íntegra, era querido porque eu simplesmente o quis.
Mas ele abriu os olhos.
Eu o empurrei.
- Não.
E ele não sabia o que eu queria.
Não sabia qual era a cor dos meus olhos.
E não sabia tragar.
Amor é um adjetivo. Os que abrem os olhos e não tragam têm menores chances de um câncer.
Amor é um verbo no infinitivo. Os que fecham os olhos e tragam têm maiores chances de um vazio no peito.
10 de novembro de 2010
Deixa pra amanhã
Você deve saber: adiar um sonho não é uma coisa fácil. Parece até fácil. Mas dói.
A dor de adiar um sonho sempre vai ser menor do que parece. Mas quando seu coração está no chão, todo drama é perdoável.
Era uma fila enorme.
Cheguei lá uma hora antes de abrirem as inscrições, e, Deus, que fila enorme. Vários jovens e senhores sentados no chão. Sentei atrás de um rapaz bonito de dreads, e olhei para o teto rezando (mesmo que de certa forma) para o tempo passar mais rápido, para algumas pessoas desistirem.
Mas eu esqueci de rezar para ter vaga.
E isso não importou na hora. O rapaz de dreads olhou para trás e sorriu:
- Qual é o seu instrumento preferido?
- Violoncelo. - bem assim. Com um ponto final tão visível que pesou na resposta.
- Nossa, que legal! - espontâneo - O meu é o saxofone.
- Gosto de saxofone.
- Gosto de violoncelo.
E quando ele respondeu isso, sorriu como da primeira vez já se levantando:
- Bem, violoncelista, tenho coisas a fazer. Quando eu chegar lá, não vai ter mais vaga para inscrever. Prazer, hein.
- Se cuida.
Parecíamos íntimos.
De uma forma ou outra, música intima quais quer seres que a sintam. E tenho certeza que todos naquela fila eram íntimos.
Sonhar intima também.
Junte os dois. Talvez, quando você conseguir realizar o seu sonho sobre a música, seja como um orgasmo. Mas isso não convém (agora).
Sentada, me rastejei um azulejo grande para a frente. E começou a chover.
Estava de jeans e camiseta, sem casaco, com uma bolsa verde e esperando algum milagre.
Alguma piedade.
E talvez aquela força do destino.
Sabe como é, hoje é quarta, hoje eu acredito em Deus.
E então meu telefone toca:
- Oi, Ana.
- Oi.
- Lembra de mim?
- Não esqueceria sua voz.
- Tá ocupada?
- Não.
- Estou na W3 sul, no mesmo lugar de sempre. Me encontra.
E desligou.
Tão tentador quanto violoncelo.
E tão irritante quanto o tempo.
Não sei quanto tempo não o ouvia. O via. Sem dúvidas, eram saudades daquelas que corroem, mas a fila estava enorme e eu tinha um propósito.
Passei as duas últimas semanas estudando teoria musical para uma prova que, depois de eu ter saído daquele prédio baixo, de tijolos e sinfonias, eu nem vou chegar a fazer.
Provavelmente, alguém pegou a minha vaga.
Sonhos, destino, e principalmente a sorte são coisas injustas.
E que assim sejam: sacríficios e deixar para a semana que vem faz parte da vida de quem se apaixona.
Pela música;
Pela chuva;
Pelos objetivos;
E pelos outros.
A dor de adiar um sonho sempre vai ser menor do que parece. Mas quando seu coração está no chão, todo drama é perdoável.
Era uma fila enorme.
Cheguei lá uma hora antes de abrirem as inscrições, e, Deus, que fila enorme. Vários jovens e senhores sentados no chão. Sentei atrás de um rapaz bonito de dreads, e olhei para o teto rezando (mesmo que de certa forma) para o tempo passar mais rápido, para algumas pessoas desistirem.
Mas eu esqueci de rezar para ter vaga.
E isso não importou na hora. O rapaz de dreads olhou para trás e sorriu:
- Qual é o seu instrumento preferido?
- Violoncelo. - bem assim. Com um ponto final tão visível que pesou na resposta.
- Nossa, que legal! - espontâneo - O meu é o saxofone.
- Gosto de saxofone.
- Gosto de violoncelo.
E quando ele respondeu isso, sorriu como da primeira vez já se levantando:
- Bem, violoncelista, tenho coisas a fazer. Quando eu chegar lá, não vai ter mais vaga para inscrever. Prazer, hein.
- Se cuida.
Parecíamos íntimos.
De uma forma ou outra, música intima quais quer seres que a sintam. E tenho certeza que todos naquela fila eram íntimos.
Sonhar intima também.
Junte os dois. Talvez, quando você conseguir realizar o seu sonho sobre a música, seja como um orgasmo. Mas isso não convém (agora).
Sentada, me rastejei um azulejo grande para a frente. E começou a chover.
Estava de jeans e camiseta, sem casaco, com uma bolsa verde e esperando algum milagre.
Alguma piedade.
E talvez aquela força do destino.
Sabe como é, hoje é quarta, hoje eu acredito em Deus.
E então meu telefone toca:
- Oi, Ana.
- Oi.
- Lembra de mim?
- Não esqueceria sua voz.
- Tá ocupada?
- Não.
- Estou na W3 sul, no mesmo lugar de sempre. Me encontra.
E desligou.
Tão tentador quanto violoncelo.
E tão irritante quanto o tempo.
Não sei quanto tempo não o ouvia. O via. Sem dúvidas, eram saudades daquelas que corroem, mas a fila estava enorme e eu tinha um propósito.
Passei as duas últimas semanas estudando teoria musical para uma prova que, depois de eu ter saído daquele prédio baixo, de tijolos e sinfonias, eu nem vou chegar a fazer.
Provavelmente, alguém pegou a minha vaga.
Sonhos, destino, e principalmente a sorte são coisas injustas.
E que assim sejam: sacríficios e deixar para a semana que vem faz parte da vida de quem se apaixona.
Pela música;
Pela chuva;
Pelos objetivos;
E pelos outros.
9 de novembro de 2010
Sinceramente?
Eu te amo mais do que você imagina!
E, para o nosso bem, por favor: não imagine muita coisa.
E, para o nosso bem, por favor: não imagine muita coisa.
8 de novembro de 2010
7 de novembro de 2010
Vital de Araújo Machado Filho
A desgraça de um é a vida de outro.
Todos os nossos nomes estão (estarão) numa lista, concorrendo.
Quem morrer primeiro, leva.
Eu sinto muito.
luto.
Todos os nossos nomes estão (estarão) numa lista, concorrendo.
Quem morrer primeiro, leva.
Eu sinto muito.
luto.
4 de novembro de 2010
Adão
Alguns homens correm. Por pressa, por saúde, pra esquecer.
Alguns homens esquecem. Outros se atrasam mais. Terceiros e quartos homens não gostam de rotina, mas sempre vão inventar um compromisso na segunda-feira. Dessa vez, não pra esquecer, mas para fugir.
Alguns homens gostam de viajar.
Outros não têm dinheiro para viajar. Mas ainda assim, gostariam.
Alguns homens vivem na Califórnia, outros vivem no Rio de Janeiro, e os que sobram vivem debaixo de túneis.
Alguns homens têm relógios e não os usam. Alguns homens têm filhos e não os vêm. Alguns homens conhecem mulheres o tempo inteiro, outros procuram mulheres o tempo inteiro.
Alguns homens não gostam de mulheres.
Alguns homens dançam.
Por amor à arte, porque não sabem fazer outra coisa, porque é o único caminho.
Mas eles continuam dançando.
E algum tocam contra-baixo, órgão, piano, violão clássico ou fazem História em universidades particulares baratas. Todos eles são artistas.
Mas alguns homens mexem com números. Eles não são tão artistas.
Eles têm relógios, filhos, sonhos, e talvez você conheça algum que saiba dançar.
Alguns homens têm a Ana.
E não sabem disso.
Alguns homens esquecem. Outros se atrasam mais. Terceiros e quartos homens não gostam de rotina, mas sempre vão inventar um compromisso na segunda-feira. Dessa vez, não pra esquecer, mas para fugir.
Alguns homens gostam de viajar.
Outros não têm dinheiro para viajar. Mas ainda assim, gostariam.
Alguns homens vivem na Califórnia, outros vivem no Rio de Janeiro, e os que sobram vivem debaixo de túneis.
Alguns homens têm relógios e não os usam. Alguns homens têm filhos e não os vêm. Alguns homens conhecem mulheres o tempo inteiro, outros procuram mulheres o tempo inteiro.
Alguns homens não gostam de mulheres.
Alguns homens dançam.
Por amor à arte, porque não sabem fazer outra coisa, porque é o único caminho.
Mas eles continuam dançando.
E algum tocam contra-baixo, órgão, piano, violão clássico ou fazem História em universidades particulares baratas. Todos eles são artistas.
Mas alguns homens mexem com números. Eles não são tão artistas.
Eles têm relógios, filhos, sonhos, e talvez você conheça algum que saiba dançar.
Alguns homens têm a Ana.
E não sabem disso.
2 de novembro de 2010
1 de novembro de 2010
Frágil
ela queria mais
ele sentiu saudade
sem precisar mencionar
ou se quer confessar, ao menos
que toda a verdade no ar
misturava-se com seus venenos
e que puros nunca foram
com ou sem resposta
a porta continuava aberta
e nos olhares a aposta
amor quando não é seco
desajeitado, infantil
acaba na boca do beco
em fevereiro, março, abril
ele sentiu saudade
sem precisar mencionar
ou se quer confessar, ao menos
que toda a verdade no ar
misturava-se com seus venenos
e que puros nunca foram
com ou sem resposta
a porta continuava aberta
e nos olhares a aposta
amor quando não é seco
desajeitado, infantil
acaba na boca do beco
em fevereiro, março, abril
31 de outubro de 2010
aniversário
nasci ana
e não discordo
mas às vezes me vem
aí eu transbordo
julia é além
sem acento
como o céu é cinzento
ana se faz refém
nasceu ana
com todas as veias e artérias
e toda a delícia e ousadia
que uma poesia
pode ter
e não discordo
mas às vezes me vem
aí eu transbordo
julia é além
sem acento
como o céu é cinzento
ana se faz refém
nasceu ana
com todas as veias e artérias
e toda a delícia e ousadia
que uma poesia
pode ter
30 de outubro de 2010
Confesso que não deveria confessar
E na janela, como quem espera alguma coisa, estava eu apoiada.
De repente, em pleno meio-dia, em meio aos pensamentos, uma lágrima escorreu.
Minha preguiça de mudar as coisas me deixa doente.
Mas, ainda assim, minha doença de persistir magoa.
E é nessas horas de janela cor-de-abóbora que a gente percebe que algo está errado. Que não era pra ser assim.
E que por mais que você tente reformatar a sua vida, excluindo algumas palavras e pessoas dela, o que você é fez parte disso.
Faz parte disso.
Faz parte da vida.
Com certeza, até toda do mundo, minha lágrima não foi composta de água e cloreto de sódio.
De repente, em pleno meio-dia, em meio aos pensamentos, uma lágrima escorreu.
Minha preguiça de mudar as coisas me deixa doente.
Mas, ainda assim, minha doença de persistir magoa.
E é nessas horas de janela cor-de-abóbora que a gente percebe que algo está errado. Que não era pra ser assim.
E que por mais que você tente reformatar a sua vida, excluindo algumas palavras e pessoas dela, o que você é fez parte disso.
Faz parte disso.
Faz parte da vida.
Com certeza, até toda do mundo, minha lágrima não foi composta de água e cloreto de sódio.
29 de outubro de 2010
27 de outubro de 2010
26 de outubro de 2010
Com amor,
Encurralada.
Contra-parede contra-a-minha-vontade.
Sem volta.
Mas isso não quer dizer que eu esteja perdida;
Que eu esteja sem rumo;
Sem objetivo;
ou sem razão.
Com ou sem volta, a luz no fim do túnel pode ser você.
Mas, sinceramente? Eu espero que não seja.
Contra-parede contra-a-minha-vontade.
Sem volta.
Mas isso não quer dizer que eu esteja perdida;
Que eu esteja sem rumo;
Sem objetivo;
ou sem razão.
Com ou sem volta, a luz no fim do túnel pode ser você.
Mas, sinceramente? Eu espero que não seja.
25 de outubro de 2010
Aos não-bíblicos também
na estrada pro inferno
lembra-se que o paraíso
sempre existiu
e você
não
fez
nada
por
ele/isso/você
lembra-se que o paraíso
sempre existiu
e você
não
fez
nada
por
ele/isso/você
24 de outubro de 2010
Cruzadas e diretas
Contradiz-se o tempo inteiro, essa Ana. Não tem certeza de absolutamente nada, se não ela mesma. E tem a liberdade - aliás, rouba a liberdade de retirar o que acabou de dizer.
Por isso ela não sabe se ama você.
Não gosta do que é metade. Incompleto, melhor dizendo.
Se não terminar, não comece. Não recomece. Não termine dizendo que não vai voltar.
Finais de semana interminados deixam-na frustrada.
São quinze minutos de convencimento para dois de aproveitamento. E não são quinze.
Não nasceu para ser quinze.
Nasceu para ser oito.
Ou oitenta.
E, nesses finais de semana de coisas novas ela se empolga. E esquece de que final de semana acaba em dois dias fracos, rápidos e chuvosos.
Empolga em conhecer o mundo novo. O mundo de novo.
E esquece que na segunda-feira sacana, você não vai saber o que responder na prova.
E esquece que no final de semana que vem, tem mais.
Por isso ela não sabe se ama você.
Não gosta do que é metade. Incompleto, melhor dizendo.
Se não terminar, não comece. Não recomece. Não termine dizendo que não vai voltar.
Finais de semana interminados deixam-na frustrada.
São quinze minutos de convencimento para dois de aproveitamento. E não são quinze.
Não nasceu para ser quinze.
Nasceu para ser oito.
Ou oitenta.
E, nesses finais de semana de coisas novas ela se empolga. E esquece de que final de semana acaba em dois dias fracos, rápidos e chuvosos.
Empolga em conhecer o mundo novo. O mundo de novo.
E esquece que na segunda-feira sacana, você não vai saber o que responder na prova.
E esquece que no final de semana que vem, tem mais.
23 de outubro de 2010
indignação
e tudo o que passou? o que aconteceu?
e nós?!
as roupas no chão, os lençóis
esquecer do que passou, esquecer quem era eu
saiu assim sem nenhuma reticência
em alguns parágrafos num recado
esqueceu-se do juízo, da consciência?
e apagou o meu passado
guerra por nada, por nada tal vitória
e sair pela porta desse jeito?
foi-se o álbum de memória
ficou a dor no peito.
e nós?!
as roupas no chão, os lençóis
esquecer do que passou, esquecer quem era eu
saiu assim sem nenhuma reticência
em alguns parágrafos num recado
esqueceu-se do juízo, da consciência?
e apagou o meu passado
guerra por nada, por nada tal vitória
e sair pela porta desse jeito?
foi-se o álbum de memória
ficou a dor no peito.
22 de outubro de 2010
declarei sem acento e sem juizo
20 de outubro de 2010
19 de outubro de 2010
fiz cara feia para este (helena)
se de mim, você não se esquecer
descreverei teu surto
ensinarei - todas - as tuas loucuras
apagarei teu pavio curto
explorarei tuas farturas
ai se você, de mim, esquecer
e dona benta vai fazer mandê
pra você deixar de ser
essa canção de amor tão clichê
tal como o poema
que pra você eu fiz
que - ainda apaixonado assim - do teu café pequeno, helena
eu não preciso para ser feliz
descreverei teu surto
ensinarei - todas - as tuas loucuras
apagarei teu pavio curto
explorarei tuas farturas
ai se você, de mim, esquecer
e dona benta vai fazer mandê
pra você deixar de ser
essa canção de amor tão clichê
tal como o poema
que pra você eu fiz
que - ainda apaixonado assim - do teu café pequeno, helena
eu não preciso para ser feliz
17 de outubro de 2010
A porta da rua é serventia da casa
Produzem notas de R$100,00 e R$2,00 da mesma cor.
Não se esqueça disso. Talvez esse seja o conselho mais útil que eu darei a você depois de "leve o casaco quando sair".
Não se esqueça disso. Talvez esse seja o conselho mais útil que eu darei a você depois de "leve o casaco quando sair".
14 de outubro de 2010
your love is my felicity
Pobre.
Coitada dela.
Logo ela que tinha prometido nunca mais se apaixonar.
Mas veja-a só. Veja só.
Ela está tão feliz. Nunca mais esteve assim, desde a última vez. Canta o dia inteiro, parece passarinho. Seu avô tinha razão.
Amor é assim mesmo, menino.
Deixar de pensar na sua felicidade para pensar na nossa.
Amor, coisa leviana, maligna, coisa de verão. Paixão. E nesses ãos todos ela dança só.
Mas a vida é assim mesmo, menino.
Sabe como é; felicidade é o objetivo dos despreocupados.
Coitada dela.
Logo ela que tinha prometido nunca mais se apaixonar.
Mas veja-a só. Veja só.
Ela está tão feliz. Nunca mais esteve assim, desde a última vez. Canta o dia inteiro, parece passarinho. Seu avô tinha razão.
Amor é assim mesmo, menino.
Deixar de pensar na sua felicidade para pensar na nossa.
Amor, coisa leviana, maligna, coisa de verão. Paixão. E nesses ãos todos ela dança só.
Mas a vida é assim mesmo, menino.
Sabe como é; felicidade é o objetivo dos despreocupados.
Esses vácuos vazios
Já era tarde, e a insonia batera outra vez. O homem e sua sombra acordaram quando a luz foi acesa. Com pressa, ele respirou.
Como se tivesse tido um pesadelo.
Mas não teve.
Era só a insônia, que outra vez, estava entre duas orelhas de uma cabeça quase-vazia e tomada pela robótica do Novo Século. Oficina do diabo, cá entre nós.
Acho que essas são as melhores mentes para a insônia.
Não hesitou em levantar-se e abrir e abrir uma caixinha de presentes, onde tinham dois comprimidos: um para dormir, e outro para a dor. O homem pensou seriamente em tomar os dois juntos, mas a dor era suportável. Afinal, sozinho ele não estava.
Tomado o remédio, o homem - mesmo sem se levantar ou se mexer bruscamente - encaminhou-se para o segundo passo: pensar.
"Penso, logo não durmo": o assunto daquela noite. Daquela e de outras, hei de confessar. Mas era o primeiro assunto que lhe viesse à cabeça, e durante alguns meses, era esse. "Por que eu não consigo dormir?" que vem seguido de um "Será que eu deveria ir ao médico?" que era interrompido por um emocional, inseguro, e independente "Devo mesmo?".
Não havia conclusão alguma antes da 02h00.
Sinceramente, não havia conclusão alguma.
O remédio demorava para fazer efeito quando se estava consciente - principalmente, consciente e com tédio.
Se achava o mortal mais insortudo do mundo: com insônia e com tédio. Lia os livros de auto-ajuda que ganhara de natal, e bocejava. Minuto e meio bocejava de novo.
Aí, desligava a luz.
E ele aparecia para se juntar a nós.
Como o homem, não sei se posso chamar de medo, vazio, vácuo, espaço, amor, ou João-Pestana. Talvez, fosse a mistura dos três. Mas o homem só pensava nas primeiras duas coisas citadas: medo e vazio. Medo, vazio, e um comprimido. Tudo o que ele queria.
Acendia a luz de novo.
Ele sumia, ela voltava. Não estava mais sozinho.
Pensava de novo: "Medo de quê?" e bocejava. "Vazio, onde?" e piscava os olhos lentamente.
Olhava para a parede, e o alívio que ele sentia. Lá estava. Sorrindo, o seguindo, acompanhando-o sempre. Sem luz, ela não existia.
Sem luz, o lugar dela era tomado por outro.
Outro que ele não fazia questão alguma.
O homem realmente não sabe o que sente.
E entre outros mil pensamentos, desligou a luz de novo.
E então entrou o vento pelo ouvido, o vazio pela espinha, a vontade pelas veias, e, ah, Deus, a janela estava aberta. Talvez fosse isso. Mas a incerteza prevalece. Sempre.
E a preguiça também.
Então, o homem não se levantou para fechar a janela e cometeu o erro pela segunda vez: acendeu a luz.
Apoiou-se nos cotovelos, respirou fundo, olhou para a parede e pensou: "talvez eu precise de outro comprimido".
Como se tivesse tido um pesadelo.
Mas não teve.
Era só a insônia, que outra vez, estava entre duas orelhas de uma cabeça quase-vazia e tomada pela robótica do Novo Século. Oficina do diabo, cá entre nós.
Acho que essas são as melhores mentes para a insônia.
Não hesitou em levantar-se e abrir e abrir uma caixinha de presentes, onde tinham dois comprimidos: um para dormir, e outro para a dor. O homem pensou seriamente em tomar os dois juntos, mas a dor era suportável. Afinal, sozinho ele não estava.
Tomado o remédio, o homem - mesmo sem se levantar ou se mexer bruscamente - encaminhou-se para o segundo passo: pensar.
"Penso, logo não durmo": o assunto daquela noite. Daquela e de outras, hei de confessar. Mas era o primeiro assunto que lhe viesse à cabeça, e durante alguns meses, era esse. "Por que eu não consigo dormir?" que vem seguido de um "Será que eu deveria ir ao médico?" que era interrompido por um emocional, inseguro, e independente "Devo mesmo?".
Não havia conclusão alguma antes da 02h00.
Sinceramente, não havia conclusão alguma.
O remédio demorava para fazer efeito quando se estava consciente - principalmente, consciente e com tédio.
Se achava o mortal mais insortudo do mundo: com insônia e com tédio. Lia os livros de auto-ajuda que ganhara de natal, e bocejava. Minuto e meio bocejava de novo.
Aí, desligava a luz.
E ele aparecia para se juntar a nós.
Como o homem, não sei se posso chamar de medo, vazio, vácuo, espaço, amor, ou João-Pestana. Talvez, fosse a mistura dos três. Mas o homem só pensava nas primeiras duas coisas citadas: medo e vazio. Medo, vazio, e um comprimido. Tudo o que ele queria.
Acendia a luz de novo.
Ele sumia, ela voltava. Não estava mais sozinho.
Pensava de novo: "Medo de quê?" e bocejava. "Vazio, onde?" e piscava os olhos lentamente.
Olhava para a parede, e o alívio que ele sentia. Lá estava. Sorrindo, o seguindo, acompanhando-o sempre. Sem luz, ela não existia.
Sem luz, o lugar dela era tomado por outro.
Outro que ele não fazia questão alguma.
O homem realmente não sabe o que sente.
E entre outros mil pensamentos, desligou a luz de novo.
E então entrou o vento pelo ouvido, o vazio pela espinha, a vontade pelas veias, e, ah, Deus, a janela estava aberta. Talvez fosse isso. Mas a incerteza prevalece. Sempre.
E a preguiça também.
Então, o homem não se levantou para fechar a janela e cometeu o erro pela segunda vez: acendeu a luz.
Apoiou-se nos cotovelos, respirou fundo, olhou para a parede e pensou: "talvez eu precise de outro comprimido".
12 de outubro de 2010
11 de outubro de 2010
Um ano inteiro e quase no final
Carnavalescos em pleno outubro, e aquele jazz todo em pleno setembro que fizeram acreditar que eu não fosse mais uma.
Mas aí vêm os de agosto e os de março, os sambas de janeiro, e os vinhos baratos de sábado, e me fizeram ter aquilo tudo de novo.
E sempre, entre meses e outros, você não é mais um.
Mas aí vêm os de agosto e os de março, os sambas de janeiro, e os vinhos baratos de sábado, e me fizeram ter aquilo tudo de novo.
E sempre, entre meses e outros, você não é mais um.
9 de outubro de 2010
Bom dia, amor
Acorde e diga xis.
Levante, e veja horas iguais.
Tome um banho, e perceba que perdeu os brincos de novo.
Vá tomar café no bar de azulejos bonitos ao lado de casa; faça amigos.
Ande de bicicleta.
Agradeça por não estar chovendo.
Descubra a música da sua vida, descubra uma banda que você detesta, descubra o lugar onde estava aquele cd.
Leve seus amigos pra comer pizza.
Ria, só hoje.
Derrube o celular de alguém dentro do copo. Ria mais.
Volte para casa ouvindo música alta.
Não planeje o dia de amanhã.
Não são chocolates, flores, ou ingressos que me fazem deleitar em amor.
Levante, e veja horas iguais.
Tome um banho, e perceba que perdeu os brincos de novo.
Vá tomar café no bar de azulejos bonitos ao lado de casa; faça amigos.
Ande de bicicleta.
Agradeça por não estar chovendo.
Descubra a música da sua vida, descubra uma banda que você detesta, descubra o lugar onde estava aquele cd.
Leve seus amigos pra comer pizza.
Ria, só hoje.
Derrube o celular de alguém dentro do copo. Ria mais.
Volte para casa ouvindo música alta.
Não planeje o dia de amanhã.
Não são chocolates, flores, ou ingressos que me fazem deleitar em amor.
7 de outubro de 2010
Pra te confundir um pouco (mais)
Enquanto você vive por aí, perdoando a loucura dos outros... Meu bem, perdoe-se primeiro.
Perdeste a (tal) razão na primeira fração de segundo em que achaste que a tinha. Digo, a razão.
Não a loucura.
A loucura você sempre teve.
E não importa se você não demonstre isso.
Há de recuperá-la (digo, ainda, a razão).
Há de recuperá-la, meu bem.
Passar a tarde vendo filmes de Bette Davis não vai ajudar a curar um câncer, assim como ouvir música não vai ajudar a aprender a ler partituras. O que nós amamos fazer não ajuda no que é preciso para que nós possamos fazer o que amamos.
É.
Talvez você precise ler isto duas vezes.
Os dois últimos caras que conheci não tinham dentes perfeitos. Digo, retos. Mas ainda assim eram cativantes, galantes, bonitos (e, eles sabem: eu me apaixonei). Mas não perfeitos (sabe como é, apesar do pouco que me resta do século passado, sou uma moça do século XXI. Perdoem-me, rapazes).
Um deles não tinha nem o juízo perfeito. "Louco". Mas ainda assim, foi nos braços dele (ou nos seus) que chorei a primeira vez a perda de um professor.
E foi de mãos dadas com outro (ou com você) que sorri o primeiro reconhecimento dessa perda. Em ambas as vezes, eu estava deitada.
abre as nuvens
Perdeste a (tal) razão na primeira fração de segundo em que achaste que a tinha. Digo, a razão.
Não a loucura.
A loucura você sempre teve.
E não importa se você não demonstre isso.
Há de recuperá-la (digo, ainda, a razão).
Há de recuperá-la, meu bem.
Passar a tarde vendo filmes de Bette Davis não vai ajudar a curar um câncer, assim como ouvir música não vai ajudar a aprender a ler partituras. O que nós amamos fazer não ajuda no que é preciso para que nós possamos fazer o que amamos.
É.
Talvez você precise ler isto duas vezes.
Os dois últimos caras que conheci não tinham dentes perfeitos. Digo, retos. Mas ainda assim eram cativantes, galantes, bonitos (e, eles sabem: eu me apaixonei). Mas não perfeitos (sabe como é, apesar do pouco que me resta do século passado, sou uma moça do século XXI. Perdoem-me, rapazes).
Um deles não tinha nem o juízo perfeito. "Louco". Mas ainda assim, foi nos braços dele (ou nos seus) que chorei a primeira vez a perda de um professor.
E foi de mãos dadas com outro (ou com você) que sorri o primeiro reconhecimento dessa perda. Em ambas as vezes, eu estava deitada.
abre as nuvens
acho que sua loucura é perdoada facilmente quando se está deitado: ninguém morre em pé.
fecha o tempo
e nessa perda repentina que ficamos leves e chamamos tudo de "acaso". "Deus". "Merecimento". Saímos por aí perdendo ar, chuva, sol, perdoando pessoas, cores e passado.
Mas, meu bem, as coisas estarem bem não significa que você tenha se perdoado. Ouça.
Enquanto você não se perdoa vivo, saudável (leia-se jovem), implorará perdão de joelhos, já cansado, velho, para recebê-lo deitado.
E falo do perdão, não de Deus.
E é assim que eu me despeço de você.
é, talvez isso tenha sido um desabafo.
1 de outubro de 2010
Declaração pingada
tão bom te ver usando guarda-chuva
calce suas botas, bote suas luvas
não nos encontrávamos há quanto tempo?!
vim, acalme-se, ouvi o teu lamento
tão bom te ver dançando assim
e o sol ainda está forte, o dia não está no fim
trago comigo a beleza, a cor e a juventude
e você, brasília, leva consigo arquitetura, céu e virtude
tão bom te ver agradecendo "amém, chuva"
é ser assim aclamada, acalmada, aguda
teu convite é lançado assim como os pingos do céu
mas ainda assim, ao sair de casa, não esqueca o chapéu
chuva, é tão bom te ter por perto
de peito ao vento e braços abertos
calce suas botas, bote suas luvas
não nos encontrávamos há quanto tempo?!
vim, acalme-se, ouvi o teu lamento
tão bom te ver dançando assim
e o sol ainda está forte, o dia não está no fim
trago comigo a beleza, a cor e a juventude
e você, brasília, leva consigo arquitetura, céu e virtude
tão bom te ver agradecendo "amém, chuva"
é ser assim aclamada, acalmada, aguda
teu convite é lançado assim como os pingos do céu
mas ainda assim, ao sair de casa, não esqueca o chapéu
chuva, é tão bom te ter por perto
de peito ao vento e braços abertos
30 de setembro de 2010
duas vezes em uma semana
Mais um dia que eu não consegui levantar. Desse jeito, não sei o que será do meu futuro.
Mas hoje estou sem voz.
E não tem razão cabível ou só boa para eu estar sem voz: estava com dor de garganta, e hoje, amanheci sem voz. Mesmo que isso não seja motivo para não ir assistir aula, eu não fui. E agora já é tarde demais para ir: não dá para tomar banho e me arrumar em meia hora. Não do jeito que deveria ser.
Mas já que eu não acordei no horário que deveria ser, por que não não se arrumar do jeito que deveria ser? Assim faria tudo mais sentido.
Pois é.
Na minha lógica, tudo que faz sentido dá errado (ou tem maiores chances de). E se eu já acordei sem voz, prefiro ficar na cama.
Faça isso sentido ou não.
Mas hoje estou sem voz.
E não tem razão cabível ou só boa para eu estar sem voz: estava com dor de garganta, e hoje, amanheci sem voz. Mesmo que isso não seja motivo para não ir assistir aula, eu não fui. E agora já é tarde demais para ir: não dá para tomar banho e me arrumar em meia hora. Não do jeito que deveria ser.
Mas já que eu não acordei no horário que deveria ser, por que não não se arrumar do jeito que deveria ser? Assim faria tudo mais sentido.
Pois é.
Na minha lógica, tudo que faz sentido dá errado (ou tem maiores chances de). E se eu já acordei sem voz, prefiro ficar na cama.
Faça isso sentido ou não.
24 de setembro de 2010
Chuva, televisão, política e café
Sempre desconfiei de quem tem 32 dentes e de quem fala demais.
Não todo mundo que fala demais, porque a maioria das vezes eu não escuto. Mas essas pessoas que falam demais estão presentes em tudo quanto é horário de alimentação.
"Cento e vinte e um dia sem chuva", disse o repórter. Sempre falando demais, e o pior: falando demais na hora errada. Estava passando o café, eram 06hrs da manhã ainda. Não precisava saber de mais um. Começar o jornal assim é a mesma coisa que começar o dia assim.
Se fosse ditadora, governadora, deputada, ministra, ou até presidente, faria uma lei (ou uma ordem) onde estaria escrito em letras garrafais:
Não todo mundo que fala demais, porque a maioria das vezes eu não escuto. Mas essas pessoas que falam demais estão presentes em tudo quanto é horário de alimentação.
"Cento e vinte e um dia sem chuva", disse o repórter. Sempre falando demais, e o pior: falando demais na hora errada. Estava passando o café, eram 06hrs da manhã ainda. Não precisava saber de mais um. Começar o jornal assim é a mesma coisa que começar o dia assim.
Se fosse ditadora, governadora, deputada, ministra, ou até presidente, faria uma lei (ou uma ordem) onde estaria escrito em letras garrafais:
É estreitamente proibido iniciar os jornais televisivos com uma notícia ruim, seja qual for o horário deste.
Faria (sem dúvidas) um Brasil mais feliz.
Mas, oras, jornalistas falam demais. E não importa se aquela seja a profissão dele: ele escolheu! São pessoas sérias, tagarelas, cheias de informação, com tudo gravado e quase nenhum neurônio. Generalizei, claro. Mas generalizei como eles fazem conosco; com o nosso café-da-manhã.
Não sei o que é chuva faz cento e vinte e um dias. E isso está começando a doer um pouco. Minha pele ressecou, tenho que beber o triplo de água que bebia, e tudo o que eu faço é ligar a tv, confiar no que os jornalistas dizem, e esperar que sete dias passem.
Sete perto de cento e vinte e um é pouca coisa.
Dizem eles.
22 de setembro de 2010
Gaguejando
mas pensando bem
queria saber se
eu já nem
mas minha nota preferida é
ou se você continua desde
eu continuo mantendo a fé
o meu timbre é o mesmo que o dele
e sempre será assim
gaguejo só por gaguejar
gaguejo até o fim
queria saber se
eu já nem
mas minha nota preferida é
ou se você continua desde
eu continuo mantendo a fé
o meu timbre é o mesmo que o dele
e sempre será assim
gaguejo só por gaguejar
gaguejo até o fim
21 de setembro de 2010
cortinas voadoras
tenho feito versos
para esquecer que o vento
bagunça meu cabelo
o barulho das portas batendo não me importam mais
tenho feito versos
para esquecer que o vento
esse mesmo vento
tira a minha paz
e tenho feito - ainda - versos
mesmo sem rimar
para não esquecer dos restos
para não esquecer, esquecereis, esquecerá.
para esquecer que o vento
bagunça meu cabelo
o barulho das portas batendo não me importam mais
tenho feito versos
para esquecer que o vento
esse mesmo vento
tira a minha paz
e tenho feito - ainda - versos
mesmo sem rimar
para não esquecer dos restos
para não esquecer, esquecereis, esquecerá.
18 de setembro de 2010
O piano de Alice tem três rostos
Comemoramos o aniversário dois dias depois do dia do aniversário. Mas estava tudo bem. Aliás, sempre está: com toda a família reunida, com toda a ironia do mundo, nesses momentos, tudo está bem.
E eu, fico em silêncio.
- O que mais você toca, Ana Julia?
[pausa no. I - leia-se como o nome de uma orquestra]
Ele nunca toca em meu nome. Sempre que me pergunta alguma coisa, olha no fundo dos meus olhos. Não porque ele me ama, não porque ele quer dizer alguma coisa para mim; mas porque ele quer que eu saiba que a pergunta é pra mim, já que ele não toca em meu nome.
E acho melhor assim.
Meu nome não é tão normal para ser falado em vão. Ou por pessoas vãs.
Mas agora, ele tinha falado meu nome.
[fim da pausa no. I]
- Eu... Acho que quero tocar piano, agora. Ainda não é meu ideal. Mas eu quero.
- Não foi isso que eu perguntei.
- Não quis responder a sua pergunta, desculpa.
- Alice ainda toca piano? - e intrometeu-se na pergunta...
[pausa no. II - leia-se como uma lei]
Ela sempre tentava ajeitar as coisas. Era a menos surda, a mais histérica, e a mais - coitada - bobinha de todas. Tentava ajeitar as coisas do jeito esquisito dela.
O problema é que o jeito esquisito dela era agoniante. Era perfeccionista. Mas não era perfeito como livros arrumados na estante, era perfeito como bacon, ovos e panquecas no café da manhã (se você entende o que eu quis dizer).
Então, ela sempre me interrompia. Antes que eu tacasse fogo no circo, ou na hora do cafezinho.
Somos impacientes.
Os três.
[fim da pausa no. II]
... tentando causar paz - Ela tocava maravilhosamente bem.
- Espero tocar como ela. Mesmo não sendo o piano minha paixão. - completei. assim. com um ponto final bem nítido. bem firme.
- Espero que faça isso também. - completou, tentando não ser desagradável. Não conseguiu.
Aquilo soou mais como uma ironia do que como um elogio. Então, como costumo fazer, me delisguei. E fiquei me vendo, de lado, com um smoking, black tie, vestida de pinguim e com os cabelos soltos. Curtos, ou longos, como estão agora. Tocando como Alice.
E viajei em todas as sinfonias que sabem me fazer chorar. E lembrei da que eu mais gosto. Lembrei de como era bom tocar como Alice.
Eu sei tocar como Alice. Só não sei quando começar.
[isso não é a pausa no. III]
Ouvia copos baterem na mesa, e tons de voz (de cor) subindo. Alcançando meus tímpanos; que agora estavam em outros acordes.
[pausa no. III - leia-se como uma despedida]
Sim, agora eram acordes.
[fim da pausa no. III]
E então, quando olhei para o relógio de novo - ainda nos acordes - vi que já tinham se passado vinte minutos. Exatos. Eram 17h17.
Exatos.
E então, olhei para a última, a mais calada de todas. Mas adora sociabilizar.
Então, éramos quatro tomando café numa longa mesa de vidro. Meu Ego me dizia para me retirar, mas me imaginar vestida de pinguim tomou todas as minhas forças. Num gole só.
E era assim que eu bebia o café.
E olhei para a última de novo. Sorria como se estivesse vendo libélulas em mim. Sorria, só sorria. E eu, pobre de mim: sem forças para retribuir.
Mas, num instante, a imaginação sumiu quando uma pergunta surgiu.
A mais calada se manifestara:
- Do que estão falando?
E nós três, nos mesmos exatos respondemos:
- Do piano de Alice.
E eu, fico em silêncio.
- O que mais você toca, Ana Julia?
[pausa no. I - leia-se como o nome de uma orquestra]
Ele nunca toca em meu nome. Sempre que me pergunta alguma coisa, olha no fundo dos meus olhos. Não porque ele me ama, não porque ele quer dizer alguma coisa para mim; mas porque ele quer que eu saiba que a pergunta é pra mim, já que ele não toca em meu nome.
E acho melhor assim.
Meu nome não é tão normal para ser falado em vão. Ou por pessoas vãs.
Mas agora, ele tinha falado meu nome.
[fim da pausa no. I]
- Eu... Acho que quero tocar piano, agora. Ainda não é meu ideal. Mas eu quero.
- Não foi isso que eu perguntei.
- Não quis responder a sua pergunta, desculpa.
- Alice ainda toca piano? - e intrometeu-se na pergunta...
[pausa no. II - leia-se como uma lei]
Ela sempre tentava ajeitar as coisas. Era a menos surda, a mais histérica, e a mais - coitada - bobinha de todas. Tentava ajeitar as coisas do jeito esquisito dela.
O problema é que o jeito esquisito dela era agoniante. Era perfeccionista. Mas não era perfeito como livros arrumados na estante, era perfeito como bacon, ovos e panquecas no café da manhã (se você entende o que eu quis dizer).
Então, ela sempre me interrompia. Antes que eu tacasse fogo no circo, ou na hora do cafezinho.
Somos impacientes.
Os três.
[fim da pausa no. II]
... tentando causar paz - Ela tocava maravilhosamente bem.
- Espero tocar como ela. Mesmo não sendo o piano minha paixão. - completei. assim. com um ponto final bem nítido. bem firme.
- Espero que faça isso também. - completou, tentando não ser desagradável. Não conseguiu.
Aquilo soou mais como uma ironia do que como um elogio. Então, como costumo fazer, me delisguei. E fiquei me vendo, de lado, com um smoking, black tie, vestida de pinguim e com os cabelos soltos. Curtos, ou longos, como estão agora. Tocando como Alice.
E viajei em todas as sinfonias que sabem me fazer chorar. E lembrei da que eu mais gosto. Lembrei de como era bom tocar como Alice.
Eu sei tocar como Alice. Só não sei quando começar.
[isso não é a pausa no. III]
Ouvia copos baterem na mesa, e tons de voz (de cor) subindo. Alcançando meus tímpanos; que agora estavam em outros acordes.
[pausa no. III - leia-se como uma despedida]
Sim, agora eram acordes.
[fim da pausa no. III]
E então, quando olhei para o relógio de novo - ainda nos acordes - vi que já tinham se passado vinte minutos. Exatos. Eram 17h17.
Exatos.
E então, olhei para a última, a mais calada de todas. Mas adora sociabilizar.
Então, éramos quatro tomando café numa longa mesa de vidro. Meu Ego me dizia para me retirar, mas me imaginar vestida de pinguim tomou todas as minhas forças. Num gole só.
E era assim que eu bebia o café.
E olhei para a última de novo. Sorria como se estivesse vendo libélulas em mim. Sorria, só sorria. E eu, pobre de mim: sem forças para retribuir.
Mas, num instante, a imaginação sumiu quando uma pergunta surgiu.
A mais calada se manifestara:
- Do que estão falando?
E nós três, nos mesmos exatos respondemos:
- Do piano de Alice.
17 de setembro de 2010
Pronome possessivo da primeira pessoa do singular
Quem ama pela metade nunca é inteiro. Isso é óbvio.
Quem ama pela metade não merece ouvir um "eu te amo" tão íntegro, tão inteiro, tão seu. É amor demais para uma metade só.
Mas nem sempre falamos o que pensamos, nem sempre ouvimos o que queremos, e nem sempre conseguimos ser inteiros.
Mas eu nunca fui metade assim.
Quem ama pela metade não merece ouvir um "eu te amo" tão íntegro, tão inteiro, tão seu. É amor demais para uma metade só.
Mas nem sempre falamos o que pensamos, nem sempre ouvimos o que queremos, e nem sempre conseguimos ser inteiros.
Mas eu nunca fui metade assim.
16 de setembro de 2010
eu acho que me apaixonei.
O amor vem de camisa xadrez. Embarca em qualquer avião, e desembarca aqui, cedinho.
Lá vem o amor; mais uma vez. E me abraça tão carente, sem medo de ser sozinho.
E com você, amor, o tempo passa veloz. Fica mais um pouco, para eu ouvir a tua voz.
Não penso, quero, ou vou dizer para ir embora.
Fico mais um pouco, porque sei que você adora.
fiz este no tatame do judô.
Lá vem o amor; mais uma vez. E me abraça tão carente, sem medo de ser sozinho.
E com você, amor, o tempo passa veloz. Fica mais um pouco, para eu ouvir a tua voz.
Não penso, quero, ou vou dizer para ir embora.
Fico mais um pouco, porque sei que você adora.
fiz este no tatame do judô.
15 de setembro de 2010
Versos da noite anterior
e teus dedos escrevem em mim uma poesia morna
que aos poucos, com o tempo, fria se torna
és tão fraco: com o morno teu suor escorre
e o dia vai nascendo, a noite morre
arranhou em mim palavras cultas
e o dia se retira, a noite é adulta
que aos poucos, com o tempo, fria se torna
és tão fraco: com o morno teu suor escorre
e o dia vai nascendo, a noite morre
arranhou em mim palavras cultas
e o dia se retira, a noite é adulta
13 de setembro de 2010
12 de setembro de 2010
11 de setembro
A diferença entre um suspiro e um soluço é igual a distância entre o meu ombro e a tua lágrima.
E que fique bem claro isso.
E que fique bem claro isso.
11 de setembro de 2010
Asa Norte
Ipês amarelos, grandes, e muito vivos surgem no retrovisor. Não pensei em adjetivo para essa cena, apenas sorri.
E virando quadras e quadras, em lugares sem estacionamento, um senhor de óculos dividindo espaço na calçada com pombos e rachaduras surge no meu retrovisor... E sorri.
E parece que não acaba.
Conviver com cores e senhores que sorriem nem sempre faz parte do meu cotidiano, confesso.
E com pressa, digo: preciso ir à Asa Norte.
E virando quadras e quadras, em lugares sem estacionamento, um senhor de óculos dividindo espaço na calçada com pombos e rachaduras surge no meu retrovisor... E sorri.
E parece que não acaba.
Conviver com cores e senhores que sorriem nem sempre faz parte do meu cotidiano, confesso.
E com pressa, digo: preciso ir à Asa Norte.
8 de setembro de 2010
Agoniada
Ele é daquele tipo de pessoa plausível, aceitável, mas que não passa disso.
Acho que se ele conversasse comigo, não o suportaria.
É só um largo degrau de mármore de separação, em uma sala cheia, cheia de gente.
A maioria que nem ele, plausível assim.
Ele não convém.
Nunca falou comigo, e já pisou no meu pé duas vezes (com força). Na verdade, ele já falou comigo. Mas foi um "desculpa" tão, tão para dentro, que se eu respondesse ia parecer ironia.
Ele tem mania de ficar curvado em cima do braço da cadeira, para a direita e para frente. Ao mesmo tempo.
E isso faz com que a respiração dele encoste no meu pescoço. É ar.
Mas é tão palpável.
É um ar tão palpável de um ser tão plausível que arrepia.
E arrepiar nem sempre significa algo bom.
Acho que se ele conversasse comigo, não o suportaria.
É só um largo degrau de mármore de separação, em uma sala cheia, cheia de gente.
A maioria que nem ele, plausível assim.
Ele não convém.
Nunca falou comigo, e já pisou no meu pé duas vezes (com força). Na verdade, ele já falou comigo. Mas foi um "desculpa" tão, tão para dentro, que se eu respondesse ia parecer ironia.
Ele tem mania de ficar curvado em cima do braço da cadeira, para a direita e para frente. Ao mesmo tempo.
E isso faz com que a respiração dele encoste no meu pescoço. É ar.
Mas é tão palpável.
É um ar tão palpável de um ser tão plausível que arrepia.
E arrepiar nem sempre significa algo bom.
7 de setembro de 2010
2 de setembro de 2010
Você confia demais em teorias concretas
Tragédias, ou o que você consideraria tragédia se o acontecimento terminasse de acontecer, são frequentemente assistidas por mim.
Só nessas duas semanas que se passaram, eu assisti duas. Três, mas como sou eu quem assisto, a minha não conta.
Então, em duas madrugadas, eu passei no hospital.
As duas com expectativas.
As duas com expectativas diferentes.
Uma, foi a minha irmã. A outra, a minha avó. E você já deve saber que as duas estão vivas; ainda não escrevi nada para elas aqui ou em outro papel qualquer.
Uma desses acontecimentos-quase-trágicos, estava prestes ao fim ontem.
Éramos três sentados em cadeiras cinzas enfileiradas na frente de uma sala de gesso.
Eu, o Pedro, e mãe do Pedro.
Eu, o Pedro, e mãe do Pedro não nos conhecemos. E eu, sinceramente, não senti vontade alguma de conhecê-los.
Ele era hiperativo, e ela, tinha sombrancelhas grossas.
Passamos os 10 minutos iniciais naquelas cadeiras com toda a paciência e disposição do mundo. Comecei catando pêlos de gato branco em minha blusa preta, mas não tenho unha nem paciência para isso.
O Pedro começou cantando.
A mãe do Pedro, começou prestando atenção na letra.
Eu e o Pedro estávamos separados por uma cadeira de distância - de sabe-se lá quantos centímetros - mas era o suficiente para ele começar a atirar bolinhas de papel de nota fiscal em mim.
- Pede desculpa, Pedro! - a mãe exclamava de cinco em cinco minutos - Pede!
- Desculpa. - e Pedro pedia fazendo bico.
Sorri. Gosto de hospitais, mas não de esperar. E não queria criar intimidade alguma com uma criança de, no máximo, sete anos, e o pior: com a mãe dessa.
O Pedro passou os minutos seguintes em pé, dançando qualquer coisa, e eu, olhando para cada detalhe que dava para se ver em dois segundos.
Cada detalhe que dava para se ver em uma porta entreaberta de uma sala de espera de gesso.
Cada detalhe de quem passava em passos largos e rápidos por ali.
Só que o Pedro cansou, e perguntou o que eu estava fazendo.
E eu respondi, de forma resumidíssima, o que acabei de escrever: "olhando quem passa".
Pensei que a reação fosse outra, mas Pedro sentou ao meu lado (agora, com alguns centímetros de distância - menos que antes), e começou a olhar também.
E começou a conversar comigo, sem deixar eu responder o que o próprio perguntava, mas eu gostava de ouvir sobre o que ele achava do movimento do cabelo da moça loira que passou.
A mãe do Pedro, começou a ouvir o que ele falava, e reparar em tal movimento também.
Não mais de 3 minutos disso acontecer, uma maca passou.
E tinha um ser sangrando e chorando nela.
Eu arregalei os olhos.
O Pedro também.
A mãe do Pedro, não.
Depois, algumas pessoas, quase todas de branco, desesperadas. Uma se perguntando, em alto e bom tom - o suficiente para deixar as pessoas assustadas - " e agora?! E agora?!"
Eu olhei pro Pedro.
O Pedro não desgrudava os olhos, grandes, da porta entraberta.
E a mãe do Pedro, também.
Passaram depois, pessoas normais.
Mais desesperadas que todos esses que tinham passado.
"É agora!" um gritou.
Pedro forçou a coluna para ver com detalhes, em dois segundos, o rosto do homem que tinha dito isso. Fiquei com vontade de perguntar como eram, mas não consegui falar. Não quis.
Não foi uma cena horrível: você vê isso em seriados quase todo dia.
Mas, oras, era real.
Algum tempo depois, minha irmã não tinha saído do consultório. Dizia que ia demorar mais um pouco.
O Pedro, voltou a cantar.
Eu, a "contar átomos" ou pêlos, como quiser.
E a mãe do Pedro, tinha arrumado algo melhor para fazer.
Até que, todo mundo, junto, todos de branco e todos os normais voltaram. Juntos.
Quase não tão desesperados quanto antes, mas ainda assim, desesperados.
E, depois, voltou a maca.
O lençol, sendo branco.
Agora, com manchas. Mas branco.
As rodinhas ainda faziam barulho.
Só que, agora, além de estar com manchas, não tinha ninguém em cima dela.
O Pedro olhou, e voltou a cantar.
Eu olhei, e voltei a contar átomos.
A mãe do Pedro olhou, e arregalou os olhos.
Só nessas duas semanas que se passaram, eu assisti duas. Três, mas como sou eu quem assisto, a minha não conta.
Então, em duas madrugadas, eu passei no hospital.
As duas com expectativas.
As duas com expectativas diferentes.
Uma, foi a minha irmã. A outra, a minha avó. E você já deve saber que as duas estão vivas; ainda não escrevi nada para elas aqui ou em outro papel qualquer.
Uma desses acontecimentos-quase-trágicos, estava prestes ao fim ontem.
Éramos três sentados em cadeiras cinzas enfileiradas na frente de uma sala de gesso.
Eu, o Pedro, e mãe do Pedro.
Eu, o Pedro, e mãe do Pedro não nos conhecemos. E eu, sinceramente, não senti vontade alguma de conhecê-los.
Ele era hiperativo, e ela, tinha sombrancelhas grossas.
Passamos os 10 minutos iniciais naquelas cadeiras com toda a paciência e disposição do mundo. Comecei catando pêlos de gato branco em minha blusa preta, mas não tenho unha nem paciência para isso.
O Pedro começou cantando.
A mãe do Pedro, começou prestando atenção na letra.
Eu e o Pedro estávamos separados por uma cadeira de distância - de sabe-se lá quantos centímetros - mas era o suficiente para ele começar a atirar bolinhas de papel de nota fiscal em mim.
- Pede desculpa, Pedro! - a mãe exclamava de cinco em cinco minutos - Pede!
- Desculpa. - e Pedro pedia fazendo bico.
Sorri. Gosto de hospitais, mas não de esperar. E não queria criar intimidade alguma com uma criança de, no máximo, sete anos, e o pior: com a mãe dessa.
O Pedro passou os minutos seguintes em pé, dançando qualquer coisa, e eu, olhando para cada detalhe que dava para se ver em dois segundos.
Cada detalhe que dava para se ver em uma porta entreaberta de uma sala de espera de gesso.
Cada detalhe de quem passava em passos largos e rápidos por ali.
Só que o Pedro cansou, e perguntou o que eu estava fazendo.
E eu respondi, de forma resumidíssima, o que acabei de escrever: "olhando quem passa".
Pensei que a reação fosse outra, mas Pedro sentou ao meu lado (agora, com alguns centímetros de distância - menos que antes), e começou a olhar também.
E começou a conversar comigo, sem deixar eu responder o que o próprio perguntava, mas eu gostava de ouvir sobre o que ele achava do movimento do cabelo da moça loira que passou.
A mãe do Pedro, começou a ouvir o que ele falava, e reparar em tal movimento também.
Não mais de 3 minutos disso acontecer, uma maca passou.
E tinha um ser sangrando e chorando nela.
Eu arregalei os olhos.
O Pedro também.
A mãe do Pedro, não.
Depois, algumas pessoas, quase todas de branco, desesperadas. Uma se perguntando, em alto e bom tom - o suficiente para deixar as pessoas assustadas - " e agora?! E agora?!"
Eu olhei pro Pedro.
O Pedro não desgrudava os olhos, grandes, da porta entraberta.
E a mãe do Pedro, também.
Passaram depois, pessoas normais.
Mais desesperadas que todos esses que tinham passado.
"É agora!" um gritou.
Pedro forçou a coluna para ver com detalhes, em dois segundos, o rosto do homem que tinha dito isso. Fiquei com vontade de perguntar como eram, mas não consegui falar. Não quis.
Não foi uma cena horrível: você vê isso em seriados quase todo dia.
Mas, oras, era real.
Algum tempo depois, minha irmã não tinha saído do consultório. Dizia que ia demorar mais um pouco.
O Pedro, voltou a cantar.
Eu, a "contar átomos" ou pêlos, como quiser.
E a mãe do Pedro, tinha arrumado algo melhor para fazer.
Até que, todo mundo, junto, todos de branco e todos os normais voltaram. Juntos.
Quase não tão desesperados quanto antes, mas ainda assim, desesperados.
E, depois, voltou a maca.
O lençol, sendo branco.
Agora, com manchas. Mas branco.
As rodinhas ainda faziam barulho.
Só que, agora, além de estar com manchas, não tinha ninguém em cima dela.
O Pedro olhou, e voltou a cantar.
Eu olhei, e voltei a contar átomos.
A mãe do Pedro olhou, e arregalou os olhos.
29 de agosto de 2010
vô
amanheceu, veio me chamar de passarinho
só porque eu gostava de voar
só porque eu queria ouvir a história do moinho
ele me contava sobre céus e guerras
sobre histórias, o cheiro da terra
que tinha mudado junto com as nuvens
agora, ele voou
e eu quis pintar, em aquarela, o moinho
as asas, verdes, o passarinho
porque, sendo verde, quem o vê
costuma mostrar alegria fora de propósito
numa paz de espírito
ou em algo singelo
e, em cima de ti, passarinho, deixo esses versos, em manuscrito.
eu te amo.
só porque eu gostava de voar
só porque eu queria ouvir a história do moinho
ele me contava sobre céus e guerras
sobre histórias, o cheiro da terra
que tinha mudado junto com as nuvens
agora, ele voou
e eu quis pintar, em aquarela, o moinho
as asas, verdes, o passarinho
porque, sendo verde, quem o vê
costuma mostrar alegria fora de propósito
numa paz de espírito
ou em algo singelo
e, em cima de ti, passarinho, deixo esses versos, em manuscrito.
eu te amo.
27 de agosto de 2010
Queira ou não queira, acabou o carnaval
Vem.
Encosta a cabeça no meu ombro, e derrama todas as lágrimas que você puder. E se você não gostar desse termo - lágrimas - a gente pode dizer que é só um cisco no teu olho.
Mas hoje, esquece.
Esquece o que teu pai te dizia sobre homem não chorar.
Esquece, vem, esquece aquele dia.
Apoia a cabeça no meu ombro, e diz que eu sou tudo que você precisava, que eu sacio a tua carência, que eu sou a tua dependência, afinal, você já teve o que queria.
Cá, deixa eu encostar a cabeça no teu peito e te contar o meu sonho. Mesmo que eu não esteja precisando disso.
Amor, apoio.
Porque o que eu estou precisando mesmo é tirar essa areia do pé, e essa água salgada toda da minha pele.
Aí, quando você terminar, desgruda tua orelha do meu ombro, tua lágrima do meu pescoço, e diz que eu sou infantil.
Encosta a cabeça no meu ombro, e derrama todas as lágrimas que você puder. E se você não gostar desse termo - lágrimas - a gente pode dizer que é só um cisco no teu olho.
Mas hoje, esquece.
Esquece o que teu pai te dizia sobre homem não chorar.
Esquece, vem, esquece aquele dia.
Apoia a cabeça no meu ombro, e diz que eu sou tudo que você precisava, que eu sacio a tua carência, que eu sou a tua dependência, afinal, você já teve o que queria.
Cá, deixa eu encostar a cabeça no teu peito e te contar o meu sonho. Mesmo que eu não esteja precisando disso.
Amor, apoio.
Porque o que eu estou precisando mesmo é tirar essa areia do pé, e essa água salgada toda da minha pele.
Aí, quando você terminar, desgruda tua orelha do meu ombro, tua lágrima do meu pescoço, e diz que eu sou infantil.
26 de agosto de 2010
André
Uma sensação que não sentia há muito tempo.
Ele passou.
Nossos olhos nos apresentaram.
Eu passei.
Meu estômago foi apresentado às borboletas.
Nós passamos, em um desencontro tão desajeitado. Tão.
Ele piscou, e sussurou algo tão, tão baixo, que eu não consegui ouvir. Não consegui ler.
Não quis, aliás.
Tanta gente misturada, ele virou para ver se me encontrava de novo.
Eu virei, mas, com toda a covardia do mundo, desviei.
E, num suspiro só, como quem desiste, pensamos juntos (mais uma vez): "deixa".
Ele passou.
Nossos olhos nos apresentaram.
Eu passei.
Meu estômago foi apresentado às borboletas.
Nós passamos, em um desencontro tão desajeitado. Tão.
Ele piscou, e sussurou algo tão, tão baixo, que eu não consegui ouvir. Não consegui ler.
Não quis, aliás.
Tanta gente misturada, ele virou para ver se me encontrava de novo.
Eu virei, mas, com toda a covardia do mundo, desviei.
E, num suspiro só, como quem desiste, pensamos juntos (mais uma vez): "deixa".
23 de agosto de 2010
Xícara de plástico
Engole, junto com esse líquido preto, amargo e quente, e num gole só, essa insegurança.
Essa insegurança, ou essa precaução toda de fechar a janela do quarto para te ouvir melhor, para ouvir teus problemas, para resolvê-los e participar deles.
Essa precaução, ou essa insegurança toda de pensar até em ligar no dia seguinte.
Em pensar se você também se preocupa.
Mas goles como esses não solucionam problemas. Não problemas como estes.
Até porque, estes, não são problemas.
São probleminhas arranjados numa noite seca qualquer.
Ou, quem sabe, isso seja mesmo falta de açúcar.
falta de açúcar no café.
Essa insegurança, ou essa precaução toda de fechar a janela do quarto para te ouvir melhor, para ouvir teus problemas, para resolvê-los e participar deles.
Essa precaução, ou essa insegurança toda de pensar até em ligar no dia seguinte.
Em pensar se você também se preocupa.
Mas goles como esses não solucionam problemas. Não problemas como estes.
Até porque, estes, não são problemas.
São probleminhas arranjados numa noite seca qualquer.
Ou, quem sabe, isso seja mesmo falta de açúcar.
falta de açúcar no café.
21 de agosto de 2010
Sábado
Mistérios.
O mundo, cheio deles.
Alguns, uns meros cientistas acharam cabível, apropriado, ou apenas bonitinho, de chamar de "mistérios da humanidade", como algo que nunca foi desvendado, mesmo sendo um mistério que pode ser desvendado. E as pessoas esquecem isso.
Vai ver, alguém descobriu. Mas assim como as pessoas se esquecem de procurar a resposta, o ser que descobriu esqueceu de expor a resposta.
Ou talvez, ele queira guardar essa resposta só para ele.
Uma perda de chance de ficar rico, convenhamos.
Uma perda de chance de ficar neurótico, venhamos.
Não acho cabível, apropriado, ou apenas bonitinho chamar esse tipo de mistério de "mistério da humanidade".
Se a humanidade existe, é pela responsabilidade de algum Deus ou Ser Maior que criou isso tudo. Ou de uma simples explosão no universo, que foi ridicularizada quando deram-na o nome de uma onomatopéia. Mas isso não convém.
Esse tipo de mistério, seria mais um mistério que a humanidade quer saber, e não um "mistério da humanidade", a humanidade não se preocupa com Atlântida, A Ilha de Páscoa, ou Jesus numa torrada.
Podem marcar (Atlântida marcou alguns anos da minah vida), mas o nascimento do seu filho, ou você passar no vestibular marca mais.
O que eu posso, e acho até bonitinho chamar de Mistério da Humanidade, é saber o que aquele saxofonista cego que toca num buteco sábado às 22hrs tem mesmo uma visão dele tocando num buteco sábado às 22hrs da noite.
Isso ocupa mais a minha mente do que um reino submarino perdido.
Deveria ocupar mais a mente dos que destroem mares procurando algo que já não faz mais nada além de livros.
O mundo, cheio deles.
Alguns, uns meros cientistas acharam cabível, apropriado, ou apenas bonitinho, de chamar de "mistérios da humanidade", como algo que nunca foi desvendado, mesmo sendo um mistério que pode ser desvendado. E as pessoas esquecem isso.
Vai ver, alguém descobriu. Mas assim como as pessoas se esquecem de procurar a resposta, o ser que descobriu esqueceu de expor a resposta.
Ou talvez, ele queira guardar essa resposta só para ele.
Uma perda de chance de ficar rico, convenhamos.
Uma perda de chance de ficar neurótico, venhamos.
Não acho cabível, apropriado, ou apenas bonitinho chamar esse tipo de mistério de "mistério da humanidade".
Se a humanidade existe, é pela responsabilidade de algum Deus ou Ser Maior que criou isso tudo. Ou de uma simples explosão no universo, que foi ridicularizada quando deram-na o nome de uma onomatopéia. Mas isso não convém.
Esse tipo de mistério, seria mais um mistério que a humanidade quer saber, e não um "mistério da humanidade", a humanidade não se preocupa com Atlântida, A Ilha de Páscoa, ou Jesus numa torrada.
Podem marcar (Atlântida marcou alguns anos da minah vida), mas o nascimento do seu filho, ou você passar no vestibular marca mais.
O que eu posso, e acho até bonitinho chamar de Mistério da Humanidade, é saber o que aquele saxofonista cego que toca num buteco sábado às 22hrs tem mesmo uma visão dele tocando num buteco sábado às 22hrs da noite.
Isso ocupa mais a minha mente do que um reino submarino perdido.
Deveria ocupar mais a mente dos que destroem mares procurando algo que já não faz mais nada além de livros.
19 de agosto de 2010
Uma resposta à reticência
Sejamos francos, jovem, o seu futuro é o meu passado.
Mas você faz tanta, tanta coisa errada...
Que, automaticamente e instintivamente, prevejo que você não vai ter tanta sorte assim.
tanta sorte quanto eu tive;
tanta sorte quanto eu quis ter;
ou tanta sorte quanto você acha que tem.
Mas você faz tanta, tanta coisa errada...
Que, automaticamente e instintivamente, prevejo que você não vai ter tanta sorte assim.
tanta sorte quanto eu tive;
tanta sorte quanto eu quis ter;
ou tanta sorte quanto você acha que tem.
15 de agosto de 2010
De vez
Há apenas duas coisas que nos separam;
Uma, é o meu braço no seu ombro, impedindo que você me abrace.
Outra, é a sua timidez excessiva, que faz com que meu braço fique no seu ombro, enquanto dançamos.
Não viraria as costas para ti se você me pedisse um abraço, se você quisesse desenhar um futuro nas minhas costas, ou um afago.
Mas esse cigarro, que agora trago, e que suja o papel de cinzas impede que nossa sorte seja maior.
Impede que meu pulmão resista tempo suficiente para dançarmos de novo.
Sem minha mão impedir que nos abracemos.
Sem sua mão impedir que eu fume.
Sem sua timidez impedir que eu me apaixone.
e você sabe que isso foi pra você.
Uma, é o meu braço no seu ombro, impedindo que você me abrace.
Outra, é a sua timidez excessiva, que faz com que meu braço fique no seu ombro, enquanto dançamos.
Não viraria as costas para ti se você me pedisse um abraço, se você quisesse desenhar um futuro nas minhas costas, ou um afago.
Mas esse cigarro, que agora trago, e que suja o papel de cinzas impede que nossa sorte seja maior.
Impede que meu pulmão resista tempo suficiente para dançarmos de novo.
Sem minha mão impedir que nos abracemos.
Sem sua mão impedir que eu fume.
Sem sua timidez impedir que eu me apaixone.
e você sabe que isso foi pra você.
13 de agosto de 2010
Post em alemão do que aprendi e notei quando tinha 10 anos
Ein.
"Pára de comer esses doces e repete, menina. Assim você não vai aprender nunca!" E sublinhava a linha com o indicador direito. Repetia.
Zwei.
"Mas oras, já disse que tem que forçar a garganta um pouco, se não, não fica nada parecido com o original!" e travou-me a língua, formando um trava-língua em outro idioma, o qual eu jamais havia tido interesse. Até eu conseguir falar forçando, um pouco só, a garganta.
Drei.
"Quer um pouco de chá?"
Vier.
"Será útil quando você crescer. É uma língua bonita, as pessoas adoram". Será mesmo? Sério mesmo?
Fünf.
Não bastaram muitas broncas para eu gostar o trema. Sempre achei bonitinho, singular. Todo mundo gosta do trema, mas as pessoas esqueciam de usar.
Eu não.
Sechs.
"O que você acha que vai aprender olhando para o céu?" Nunca foi visto como uma coisa má olhar para o céu. Até eu descobrir que o céu era blau e as pessoas, muitas vezes, eram schwarz por dentro.
Foi com o céu que eu aprendi isso, juro, vó.
Sieben.
Apesar da malícia aparente (ou quase isso), tenho um bom coração. Por isso, não saía pela rua falando alemão.
Deixava que o alemão viesse até mim.
Acht.
E, quando ele chegava, eu juro, vó, que tentava ouví-lo ao máximo. Mas eu não conseguia parar de olhar para seus lippen se mexendo freneticamente, tentando me fazer entender algo que eu não conseguia.
Porque, no começo, eu só gostava das figuras.
Neun.
"Me desenha um pássaro que faço o que você quiser para o almoço". Quase sempre, escolhia o que iríamos almoçar.
Zehn.
Até que uma vez, eu cansei de brincar.
eu espero que você melhore, dona heide. porque eu ainda não sei como é "vermelho" em alemão.
"Pára de comer esses doces e repete, menina. Assim você não vai aprender nunca!" E sublinhava a linha com o indicador direito. Repetia.
Zwei.
"Mas oras, já disse que tem que forçar a garganta um pouco, se não, não fica nada parecido com o original!" e travou-me a língua, formando um trava-língua em outro idioma, o qual eu jamais havia tido interesse. Até eu conseguir falar forçando, um pouco só, a garganta.
Drei.
"Quer um pouco de chá?"
Vier.
"Será útil quando você crescer. É uma língua bonita, as pessoas adoram". Será mesmo? Sério mesmo?
Fünf.
Não bastaram muitas broncas para eu gostar o trema. Sempre achei bonitinho, singular. Todo mundo gosta do trema, mas as pessoas esqueciam de usar.
Eu não.
Sechs.
"O que você acha que vai aprender olhando para o céu?" Nunca foi visto como uma coisa má olhar para o céu. Até eu descobrir que o céu era blau e as pessoas, muitas vezes, eram schwarz por dentro.
Foi com o céu que eu aprendi isso, juro, vó.
Sieben.
Apesar da malícia aparente (ou quase isso), tenho um bom coração. Por isso, não saía pela rua falando alemão.
Deixava que o alemão viesse até mim.
Acht.
E, quando ele chegava, eu juro, vó, que tentava ouví-lo ao máximo. Mas eu não conseguia parar de olhar para seus lippen se mexendo freneticamente, tentando me fazer entender algo que eu não conseguia.
Porque, no começo, eu só gostava das figuras.
Neun.
"Me desenha um pássaro que faço o que você quiser para o almoço". Quase sempre, escolhia o que iríamos almoçar.
Zehn.
Até que uma vez, eu cansei de brincar.
eu espero que você melhore, dona heide. porque eu ainda não sei como é "vermelho" em alemão.
8 de agosto de 2010
Pode ser que eu ainda sinta.
Confesso que não sinto saudades quando devo, mas sinto saudades quando não posso. E que, talvez, justamente por causa dessa confissão, não goste de me prender às pessoas.
Às vezes eu penso que nasci para não ter relacionamentos. Mas, outras, eu tenho a certeza de que nasci pra trazer segurança aos que não tem, aumentar o ego de outros, e trazer, apenas alguns sorrisos diários para terceiros.
Mas para falar a verdade, eu não tenho certeza de nada.
Confesso que, nesses momentos em que sinto saudade, esqueço. Esqueço do mundo, esqueço das cores, e, quando o ônibus freia, esqueço de quem sentia saudade.
Saudade, como vontade, o vento, as pessoas, e os amores, é algo passageiro.
E, confesso, que quando é você quem esquece, você nem lembra de como dói.
Às vezes eu penso que nasci para não ter relacionamentos. Mas, outras, eu tenho a certeza de que nasci pra trazer segurança aos que não tem, aumentar o ego de outros, e trazer, apenas alguns sorrisos diários para terceiros.
Mas para falar a verdade, eu não tenho certeza de nada.
Confesso que, nesses momentos em que sinto saudade, esqueço. Esqueço do mundo, esqueço das cores, e, quando o ônibus freia, esqueço de quem sentia saudade.
Saudade, como vontade, o vento, as pessoas, e os amores, é algo passageiro.
E, confesso, que quando é você quem esquece, você nem lembra de como dói.
31 de julho de 2010
Insegurança
Bem.
Ontem, uma criança de cinco anos me pediu um presente de anirvesário inusitado: um segredo exposto.
Segundo ela, quando nós, humanos, expomos um segredo, nos libertamos de um fato. - e eu hei de concordar.
O que eu vou contar, não é um segredo. Mas é algo que eu não contaria pra ninguém. Guardo só pra mim.
Não lembro de dia da semana era, que horas eram, qual dia do mês era, nem qual era o mês, mas isso aconteceu em 2008.
Entrei na loja sorridente. Estava sendo um dia bom, mesmo que relativamente. Procurava um vestido para ir à festa que o colégio apresentaria no sábado seguinte.
Achei o tal vestido. Caiu como uma luva, o que tornou o dia melhor ainda.
Saí da loja com uma sacola na mão, ainda sorridente.
Saí do shopping levemente saltitando, levemente sorridente, levemente leve.
Então, olhei para a esquerda.
Nenhum carro vinha.
Então, olhei para a direita.
Nenhum carro vinha.
Quando respirei fundo para atravessar, olhei para a direita de novo.
Ele estava beijando outra moça.
Não era meu namorado, não era meu amigo, não era, se quer, meu!
Mas eu desmanchei na faixa de pedestre. Eu, realmente, desmanchei.
Minhas mãos começaram a suar, meu coração acelerou tanto, que dava pra ouvir.
Engoli a saliva, engoli o berro, engoli a lágrima, e atravessei.
Passei um bom tempo me perguntando o porquê daquela reação.
Ele não era meu. Ele não era nada. Ele não era nada meu.
Talvez, ele fosse mesmo dela. E isso não deveria mudar algo na minha vida.
Muito menos algo relevante, como a minha respiração.
Talvez, eu só tenha tido aquela reação, quando ele disse que me esperaria.
Quando me esperaria do lado de fora.
Talvez, aquele "te espero aqui", não tenha sido pra mim. Mas eu ouvi como se fosse.
Talvez, tenha sido para algum personagem assustador, que repreende as pessoas.
Ou, simplesmente, para o amor da vida dele, ou para o que ele pensar que fosse.
Mas no fundo do fundo, esse não é o meu segredo.
O que eu realmente chamo de segredo, são as dúvidas que aquele dia deixou.
feliz aniversário, lucy. eu amo muito você.
e obrigada por diminuir minhas dúvidas.
Ontem, uma criança de cinco anos me pediu um presente de anirvesário inusitado: um segredo exposto.
Segundo ela, quando nós, humanos, expomos um segredo, nos libertamos de um fato. - e eu hei de concordar.
O que eu vou contar, não é um segredo. Mas é algo que eu não contaria pra ninguém. Guardo só pra mim.
Não lembro de dia da semana era, que horas eram, qual dia do mês era, nem qual era o mês, mas isso aconteceu em 2008.
Entrei na loja sorridente. Estava sendo um dia bom, mesmo que relativamente. Procurava um vestido para ir à festa que o colégio apresentaria no sábado seguinte.
Achei o tal vestido. Caiu como uma luva, o que tornou o dia melhor ainda.
Saí da loja com uma sacola na mão, ainda sorridente.
Saí do shopping levemente saltitando, levemente sorridente, levemente leve.
Então, olhei para a esquerda.
Nenhum carro vinha.
Então, olhei para a direita.
Nenhum carro vinha.
Quando respirei fundo para atravessar, olhei para a direita de novo.
Ele estava beijando outra moça.
Não era meu namorado, não era meu amigo, não era, se quer, meu!
Mas eu desmanchei na faixa de pedestre. Eu, realmente, desmanchei.
Minhas mãos começaram a suar, meu coração acelerou tanto, que dava pra ouvir.
Engoli a saliva, engoli o berro, engoli a lágrima, e atravessei.
Passei um bom tempo me perguntando o porquê daquela reação.
Ele não era meu. Ele não era nada. Ele não era nada meu.
Talvez, ele fosse mesmo dela. E isso não deveria mudar algo na minha vida.
Muito menos algo relevante, como a minha respiração.
Talvez, eu só tenha tido aquela reação, quando ele disse que me esperaria.
Quando me esperaria do lado de fora.
Talvez, aquele "te espero aqui", não tenha sido pra mim. Mas eu ouvi como se fosse.
Talvez, tenha sido para algum personagem assustador, que repreende as pessoas.
Ou, simplesmente, para o amor da vida dele, ou para o que ele pensar que fosse.
Mas no fundo do fundo, esse não é o meu segredo.
O que eu realmente chamo de segredo, são as dúvidas que aquele dia deixou.
feliz aniversário, lucy. eu amo muito você.
e obrigada por diminuir minhas dúvidas.
30 de julho de 2010
Nós.
Então, ela abriu a porta e olhou no fundo dos olhos dele, convidando-o a sair. Não disse uma palavra, não fez um som, mas olhou com tanta convicção que ele entendeu na primeira vez em que ela piscou.
Os dois se olharam.
Ela piscou querendo derramar todas as lágrimas que haviam naqueles olhos.
Ele piscou querendo entender porque elas estavam lá.
Os quatro olhos, no total, brilharam em uma fração de segundo.
Ela suspirou.
Ele lembrou que a porta estava aberta. Virou-se, pegou a mochila, e saiu, de cabeça baixa.
O silêncio era absoluto.
Mas se pensamentos produzissem sons, aquela sala estaria uma verdadeira feira.
Ele parou de andar, já do lado de fora. Ficou de frente para ela.
Ela piscou mais uma vez. A última vez.
E assim, foi fechando a porta lentamente, esperando uma palavra. E essa palavra veio, quando restava apenas uma brecha, por onde passavam luz, ar, pensamentos. E por onde viam olhos, dúvidas, e ressentimentos.
- Espera. - ele disse, com um ponto final visível.
Ela parou de fechar a porta, mas a brecha continuava lá.
Ela parou de fechar a porta, mas não continuou a abri-la.
Então, o silêncio voltou.
Ele olhava para aqueles olhos verdes como se fosse perder uma jóia.
Ela olhava para aqueles olhos castanhos, como se fosse perder uma pessoa.
Mas, afinal, o que vale mais?
Os dois se olharam.
Ela piscou querendo derramar todas as lágrimas que haviam naqueles olhos.
Ele piscou querendo entender porque elas estavam lá.
Os quatro olhos, no total, brilharam em uma fração de segundo.
Ela suspirou.
Ele lembrou que a porta estava aberta. Virou-se, pegou a mochila, e saiu, de cabeça baixa.
O silêncio era absoluto.
Mas se pensamentos produzissem sons, aquela sala estaria uma verdadeira feira.
Ele parou de andar, já do lado de fora. Ficou de frente para ela.
Ela piscou mais uma vez. A última vez.
E assim, foi fechando a porta lentamente, esperando uma palavra. E essa palavra veio, quando restava apenas uma brecha, por onde passavam luz, ar, pensamentos. E por onde viam olhos, dúvidas, e ressentimentos.
- Espera. - ele disse, com um ponto final visível.
Ela parou de fechar a porta, mas a brecha continuava lá.
Ela parou de fechar a porta, mas não continuou a abri-la.
Então, o silêncio voltou.
Ele olhava para aqueles olhos verdes como se fosse perder uma jóia.
Ela olhava para aqueles olhos castanhos, como se fosse perder uma pessoa.
Mas, afinal, o que vale mais?
25 de julho de 2010
We never learn, do we?
Cada vez que passo por ele, bato a cabeça na parede mais forte.
Cada vez que lembro dele, um pouco mais de força.
E, cada vez que eu o sinto...
Não aprendo. Já disse que aprendi, mas cometi o mesmo erro.
Ser contraditório, uma hora dizer a verdade de forma fria, outra, de dizer a mentira de forma intensa.
Tensa.
Pensa.
Erra.
E por mais que as coisas - todas elas -estejam bem;
Outra vez, lá de longe, lá do fundo, ele vem.
Cada vez que lembro dele, um pouco mais de força.
E, cada vez que eu o sinto...
Não aprendo. Já disse que aprendi, mas cometi o mesmo erro.
Ser contraditório, uma hora dizer a verdade de forma fria, outra, de dizer a mentira de forma intensa.
Tensa.
Pensa.
Erra.
E por mais que as coisas - todas elas -estejam bem;
Outra vez, lá de longe, lá do fundo, ele vem.
21 de julho de 2010
Time's young and life is long.
Tenho ciúmes de mim, e tenho mesmo.
Por mais que tenha feito besteiras nesta vida, sempre pensei antes: "eu vou me emprestar para este tipo de coisa?", sempre com um ar superior, diante de certas situações.
Talvez, eu faça isso porque sou jovem ainda.
Fico pensando, se quando for idosa, ainda sentirei ciúmes. Ciúmes da minha própria inteligência, das mancadas, da beleza, dos instrumentos, dos livros, e das palavras.
Talvez, lá, eu só sinta ciúme da juventude. Dos outros.
Tenho ciúmes de mim, e guardo isso para mim.
Talvez, por isso, quando a solidão bater, eu só sinta uma leve carência, como as que eu sinto às vezes, repentinamente.
E isso faz com que seja algo parecido com uma morte súbita. Morrer de solidão, por excesso de ciúme.
Por excesso de Ego.
Ou por falta dele.
nós somos 108, rapá!
Por mais que tenha feito besteiras nesta vida, sempre pensei antes: "eu vou me emprestar para este tipo de coisa?", sempre com um ar superior, diante de certas situações.
Talvez, eu faça isso porque sou jovem ainda.
Fico pensando, se quando for idosa, ainda sentirei ciúmes. Ciúmes da minha própria inteligência, das mancadas, da beleza, dos instrumentos, dos livros, e das palavras.
Talvez, lá, eu só sinta ciúme da juventude. Dos outros.
Tenho ciúmes de mim, e guardo isso para mim.
Talvez, por isso, quando a solidão bater, eu só sinta uma leve carência, como as que eu sinto às vezes, repentinamente.
E isso faz com que seja algo parecido com uma morte súbita. Morrer de solidão, por excesso de ciúme.
Por excesso de Ego.
Ou por falta dele.
nós somos 108, rapá!
19 de julho de 2010
Hálito.
- Cospe. - e cuspi só, um único ato, o chiclete de hortelã que tinha a boca - Agora. Pode ir. Tá esperando o quê?
- Pára com isso, Jorge. - pedi, quase ordenando, quase implorando.
- Parar com o quê, dona Ana Julia? Você tem meia hora para dar três voltas. Dois km.
- Você sabe que eu ainda não consigo fazer dois km correndo, sem parar.
- Vai ter que conseguir se quiser competir ano que vem.
- E se eu não quiser? Você nem me perguntou!
- Pela sua cara de vencedora quando corre, parece.
- Pára com isso, Jorge.
Paramos. Olhei para o céu. Já tinha corrido uma volta antes, já estava começando a suar, mesmo estando parada. Não queria mais fazer aquilo.
Era domingo, não precisava mais fazer aquilo.
- Você quer competir, Ana Julia?
- Por que você nunca me chama só de Ana, ou de Julia, ou de Lia, ou de Ju, ou qualquer coisa assim? Por que você insiste em ser formal, sendo que nos conhecemos há dois anos?
- Não foi isso que eu perguntei.
- [uma pequena pausa da minha parte]. Quero.
- Então anda.
Comecei a correr. Corri, corri, corri, estava cheia de dores, no meio da segunda volta. Dois quilômetros? Correndo? Não sei se queria mais competir. Não naquele momento.
Parei e deitei no chão, olhei para o céu. O sol tapava minha vista, e eu dava graças a Deus por isso: Jorge é (e você sabe disso) carrancudo. Ver aquilo às dez horas da manhã era suportável, mas ver ele com uma leve decepção, carrancundo, às dez horas da manhã era insuportável.
- Paremos. - disse
- Paremos, então.
- Posso voltar para casa?
- Pode, quem sou eu para impedir?
- Hunpf.
- Que foi?
- Você não pode nem dar UM sorriso?! Um elogio?! Um "bom dia" se quer?!
- Você está com bom hálito por causa daquele chiclete que, agora, está na sola do seu tênis.
- Pára com isso, Jorge. - pedi, quase ordenando, quase implorando.
- Parar com o quê, dona Ana Julia? Você tem meia hora para dar três voltas. Dois km.
- Você sabe que eu ainda não consigo fazer dois km correndo, sem parar.
- Vai ter que conseguir se quiser competir ano que vem.
- E se eu não quiser? Você nem me perguntou!
- Pela sua cara de vencedora quando corre, parece.
- Pára com isso, Jorge.
Paramos. Olhei para o céu. Já tinha corrido uma volta antes, já estava começando a suar, mesmo estando parada. Não queria mais fazer aquilo.
Era domingo, não precisava mais fazer aquilo.
- Você quer competir, Ana Julia?
- Por que você nunca me chama só de Ana, ou de Julia, ou de Lia, ou de Ju, ou qualquer coisa assim? Por que você insiste em ser formal, sendo que nos conhecemos há dois anos?
- Não foi isso que eu perguntei.
- [uma pequena pausa da minha parte]. Quero.
- Então anda.
Comecei a correr. Corri, corri, corri, estava cheia de dores, no meio da segunda volta. Dois quilômetros? Correndo? Não sei se queria mais competir. Não naquele momento.
Parei e deitei no chão, olhei para o céu. O sol tapava minha vista, e eu dava graças a Deus por isso: Jorge é (e você sabe disso) carrancudo. Ver aquilo às dez horas da manhã era suportável, mas ver ele com uma leve decepção, carrancundo, às dez horas da manhã era insuportável.
- Paremos. - disse
- Paremos, então.
- Posso voltar para casa?
- Pode, quem sou eu para impedir?
- Hunpf.
- Que foi?
- Você não pode nem dar UM sorriso?! Um elogio?! Um "bom dia" se quer?!
- Você está com bom hálito por causa daquele chiclete que, agora, está na sola do seu tênis.
18 de julho de 2010
Você já ouviu Pré Psicopata hoje?
Esse é um post, antes, de agradecimento do que de qualquer coisa.
E o agradecimento é para o querido, grande, amado, salve, salve, Paulo Braz (que não admite que é todas esses adjetivos).
Ele canta, e toca violão.
Mas ele canta os meus posts, e faz melodia pra eles. Não sei se vocês conseguiram imaginar, mas ele conseguiu, e, só assim eu gosto do que escrevo, hahah.
Vocês devem ter lido/lembrado do Sobre Estar (Ou Apenas Sentir-se) Só. Se ainda não leu, ouça-o, já que tomei a liberdade de transformá-lo em vídeo e colocá-lo no YouTube. Eis aqui, a obra:
É.
Quando a gente pensa que não pode melhorar...
[mais vídeos no canal (anajul1a). passe em casa!
E o agradecimento é para o querido, grande, amado, salve, salve, Paulo Braz (que não admite que é todas esses adjetivos).
Ele canta, e toca violão.
Mas ele canta os meus posts, e faz melodia pra eles. Não sei se vocês conseguiram imaginar, mas ele conseguiu, e, só assim eu gosto do que escrevo, hahah.
Vocês devem ter lido/lembrado do Sobre Estar (Ou Apenas Sentir-se) Só. Se ainda não leu, ouça-o, já que tomei a liberdade de transformá-lo em vídeo e colocá-lo no YouTube. Eis aqui, a obra:
É.
Quando a gente pensa que não pode melhorar...
[mais vídeos no canal (anajul1a). passe em casa!
17 de julho de 2010
Debaixo do tapete
- Onde ela está? - ele perguntou, cautelosamente
- Procure na sala. Pelo som dos passos, deve estar dançando sozinha de novo.
- Procure na sala. Pelo som dos passos, deve estar dançando sozinha de novo.
órgãos
Acho que eu amo com o cérebro.
Eu penso naquela pessoa. Aí vou pensando, pensando, lembrando dela com qualquer coisa que me vier à mente.
Aí eu lembro que existe o coração, e de alguma forma poética, bizarra, ou tosca, eu passo essa pessoa-pensamento pro coração.
Aí sim ele começa a acelerar com a lembrança dum pensamento.
Mas sei não, hein?
Eu penso naquela pessoa. Aí vou pensando, pensando, lembrando dela com qualquer coisa que me vier à mente.
Aí eu lembro que existe o coração, e de alguma forma poética, bizarra, ou tosca, eu passo essa pessoa-pensamento pro coração.
Aí sim ele começa a acelerar com a lembrança dum pensamento.
Mas sei não, hein?
16 de julho de 2010
hã
Olhe ao seu redor.
Olhe mesmo, não só "veja" ou "dê uma olhada", olhe. Observe.
Agora olhe para porta.
Como você entrou aí?
Olhe mesmo, não só "veja" ou "dê uma olhada", olhe. Observe.
Agora olhe para porta.
Como você entrou aí?
15 de julho de 2010
Riminhas rascunhadas e atrasadas
E nessa vida corrida
De longe, vejo um ser atrasado
Deveras, perdeu o ônibus
Em passos largos, desesperado
Não consegue parar quieto,
Volta e meia olhava para o pulso,
Nele tinha um objeto
Esse, que tinha dois ponteiros
E doze números desajeitados
Mas quem liga para detalhes
Quando está muito atrasado?!
Na parede encostou,
Apoiou a mão na testa
O ônibus vinha, ele logo olhou
Gritou alto "vamos, depressa!"
Sem demoras, fez o sinal
Empurrando todos, no ônibus foi o primeiro a entrar
Só não esperava
Que para sentar não havia lugar.
fim.
pro tiago.
eu disse.
há.
De longe, vejo um ser atrasado
Deveras, perdeu o ônibus
Em passos largos, desesperado
Não consegue parar quieto,
Volta e meia olhava para o pulso,
Nele tinha um objeto
Esse, que tinha dois ponteiros
E doze números desajeitados
Mas quem liga para detalhes
Quando está muito atrasado?!
Na parede encostou,
Apoiou a mão na testa
O ônibus vinha, ele logo olhou
Gritou alto "vamos, depressa!"
Sem demoras, fez o sinal
Empurrando todos, no ônibus foi o primeiro a entrar
Só não esperava
Que para sentar não havia lugar.
fim.
pro tiago.
eu disse.
há.
14 de julho de 2010
Não.
Hoje, eu não vou perguntar o que você acha da/sobre a morte.
O que você acha das pessoas que não respiram mais?
O que você acha das pessoas que têm dificuldade para respirar?
O que você pensa sobre as pessoas que não sentem nada mais?
O que você pensa sobre as pessoas que não conseguem sentir muita coisa, mais?
O que você quer saber sobre as pessoas que desistiram?
O que você quer saber sobre as pessoas que estão prestes a desistir?
O que você sabe sobre o que você não quer ver?
O que você sabe sobre as pessoas que vêem, todo dia, o que não querem?
Hoje, eu não vou perguntar o que você está sentindo/sentiu sobre a morte.
O que você acha das pessoas que não respiram mais?
O que você acha das pessoas que têm dificuldade para respirar?
O que você pensa sobre as pessoas que não sentem nada mais?
O que você pensa sobre as pessoas que não conseguem sentir muita coisa, mais?
O que você quer saber sobre as pessoas que desistiram?
O que você quer saber sobre as pessoas que estão prestes a desistir?
O que você sabe sobre o que você não quer ver?
O que você sabe sobre as pessoas que vêem, todo dia, o que não querem?
Hoje, eu não vou perguntar o que você está sentindo/sentiu sobre a morte.
ontem (?)
Descalcei os chinelos, pendurei a toalha, e me abracei numa tentativa fútil de me proteger do frio. Dois braços para uma pessoa só não resolvem o problema assim.
Ele chegou.
- Boa noite.
- Boa - respondi sem a menor expectativa de que ela realmente fosse boa, o dia foi difícil. Quem garante que a noite seria melhor?
Ele pendurou a toalha no cabide ao lado da minha. Coloquei o óculos, respirei fundo, tão fundo que deu para ouvir. E ele, tentando puxar assunto, sugeriu:
- Escolhe uma raia.
- Tanto faz, moço.
- Não tanto faz. Se você gosta de olhar para o céu enquanto nada costas, é a última raia. Se você gosta de ficar mais perto de onde sai a água quente, é a raia do meio. Mas, se você gosta de maior espaço, é a primeira. Escolhe uma raia.
- Hoje tanto faz, moço.
- Por que? - perguntou, curioso, enquanto alongava a perna
- Porque hoje eu não acredito em céu, já não ligo se está frio, e quanto menos espaço, hoje, melhor.
- O que aconteceu?
- Nada, ué. Eu só não... - a professora chegou. Interrompeu-nos, mandou entrarmos na piscina. Entramos. 15 chegadas pra mim, 10 chegadas pra ele.
Ele ficou na última raia, eu na do meio.
Não sei, mas parecia que ele queria nadar no mesmo ritmo que eu. Para testar, nadei mais rápido, e mais devagar; ele idem.
Parei para respirar, ele virou, olhou pra mim, e deu um sorriso:
- Você precisa se importar de como está o céu hoje.
Olhei para ele, engoli a saliva, sorri, abaixei a cabeça, e continuei a nadar. Não olhei para o céu.
Uma hora inteira nadando, dois mil e cem metros. Saí da piscina, deitei no chão, e aí sim, olhei pro céu.
Fiquei 2 minutos olhando para o céu, e, eu tanto não me importava, que não quis realmente saber se as estrelas eram tão bonitas assim.
- E aí? - ele perguntou de novo.
- Hã?
- Gostou do céu hoje?
- Tanto faz, moço.
Levantei, calcei os chinelos, me cobri com a toalha, e me abracei, numa tentativa fútil de tentar me proteger de perguntas.
Ele chegou.
- Boa noite.
- Boa - respondi sem a menor expectativa de que ela realmente fosse boa, o dia foi difícil. Quem garante que a noite seria melhor?
Ele pendurou a toalha no cabide ao lado da minha. Coloquei o óculos, respirei fundo, tão fundo que deu para ouvir. E ele, tentando puxar assunto, sugeriu:
- Escolhe uma raia.
- Tanto faz, moço.
- Não tanto faz. Se você gosta de olhar para o céu enquanto nada costas, é a última raia. Se você gosta de ficar mais perto de onde sai a água quente, é a raia do meio. Mas, se você gosta de maior espaço, é a primeira. Escolhe uma raia.
- Hoje tanto faz, moço.
- Por que? - perguntou, curioso, enquanto alongava a perna
- Porque hoje eu não acredito em céu, já não ligo se está frio, e quanto menos espaço, hoje, melhor.
- O que aconteceu?
- Nada, ué. Eu só não... - a professora chegou. Interrompeu-nos, mandou entrarmos na piscina. Entramos. 15 chegadas pra mim, 10 chegadas pra ele.
Ele ficou na última raia, eu na do meio.
Não sei, mas parecia que ele queria nadar no mesmo ritmo que eu. Para testar, nadei mais rápido, e mais devagar; ele idem.
Parei para respirar, ele virou, olhou pra mim, e deu um sorriso:
- Você precisa se importar de como está o céu hoje.
Olhei para ele, engoli a saliva, sorri, abaixei a cabeça, e continuei a nadar. Não olhei para o céu.
Uma hora inteira nadando, dois mil e cem metros. Saí da piscina, deitei no chão, e aí sim, olhei pro céu.
Fiquei 2 minutos olhando para o céu, e, eu tanto não me importava, que não quis realmente saber se as estrelas eram tão bonitas assim.
- E aí? - ele perguntou de novo.
- Hã?
- Gostou do céu hoje?
- Tanto faz, moço.
Levantei, calcei os chinelos, me cobri com a toalha, e me abracei, numa tentativa fútil de tentar me proteger de perguntas.
11 de julho de 2010
"Fico a imaginar... Ou a pensar em meus sonhos"
Há dias em que, temos que concordar: não precisamos acordar.
Hoje foi um deles.
Tentei prolongar o sono na cama, deitada de bruços, por um bom tempo. Mas o máximo que consegui foram umas duas horas a mais. Pouca coisa para o que eu queria, e muita coisa para o que eu esperava.
Quem me dera, só mais umas... Dez horas. Que diferença fazem dez horas?
A única coisa que ia mudar dentro de casa, é que os gatos e o peixe iam ficar sem comida, os vizinhos iriam achar que eu morri (eles sempre sabem quando eu acordo pelo barulho de janela fechando - palavras de um), iriam ser várias ligações de marketing não atendidas, um celular apitando por bateria cheia, uma casa desarrumada, dez horas perdidas, ou, dez horas ganhas. Mas, sinceramente, seria um dia cinza perdido.
Gosto da cor, gosto dos dias, mas, particularmente, não gosto de domingos.
E não tem motivo para eu ter a leve certeza de não precisar acordar.
Mas às vezes é preciso sonhar mais um pouco.
a frase do post é do Erison.
podem chamá-lo de poeta.
Hoje foi um deles.
Tentei prolongar o sono na cama, deitada de bruços, por um bom tempo. Mas o máximo que consegui foram umas duas horas a mais. Pouca coisa para o que eu queria, e muita coisa para o que eu esperava.
Quem me dera, só mais umas... Dez horas. Que diferença fazem dez horas?
A única coisa que ia mudar dentro de casa, é que os gatos e o peixe iam ficar sem comida, os vizinhos iriam achar que eu morri (eles sempre sabem quando eu acordo pelo barulho de janela fechando - palavras de um), iriam ser várias ligações de marketing não atendidas, um celular apitando por bateria cheia, uma casa desarrumada, dez horas perdidas, ou, dez horas ganhas. Mas, sinceramente, seria um dia cinza perdido.
Gosto da cor, gosto dos dias, mas, particularmente, não gosto de domingos.
E não tem motivo para eu ter a leve certeza de não precisar acordar.
Mas às vezes é preciso sonhar mais um pouco.
a frase do post é do Erison.
podem chamá-lo de poeta.
7 de julho de 2010
Aos Amores Antigos;
Não gostaria de revê-los,
Talvez apenas vê-los
Mais uma vez.
E quem sabe um dia,
Eu possa realmente crer
Que eu mudei mesmo,
Que eu continuo diferente de você
Mas o que eu espero mesmo,
É que, quando nós nos encontrarmos numa esquina qualquer
Você se lembre e dê um sorriso despedaçado
"Ela iria ser minha minha mulher"
HAHAHAHAHHAHAHAHAHAHHAHAH
Talvez apenas vê-los
Mais uma vez.
E quem sabe um dia,
Eu possa realmente crer
Que eu mudei mesmo,
Que eu continuo diferente de você
Mas o que eu espero mesmo,
É que, quando nós nos encontrarmos numa esquina qualquer
Você se lembre e dê um sorriso despedaçado
"Ela iria ser minha minha mulher"
HAHAHAHAHHAHAHAHAHAHHAHAH
4 de julho de 2010
100ª postagem
Uma crítica, um parabéns, e uma confissão, resumida em uma postagem, ou melhor, a centésima.
A centésima parte do blog.
A crítica:
Brasília está crescendo, e ficando, realmente, adulta. Cheia de problemas e caos, de trânsito e informação. Tão logo, cheia de greves.
Primeiro os ônibus. Agora os garis. Daqui a pouco serão os padeiros, os jornaleiros, e todo aquele 1/3 da população. O governo vai entrar em crise econômica (emocional? também, lógico), e vai ceder todo aquele aumento.
A passagem vai subir, a Esplanada vai continuar um lixo enquanto os rapazes de laranja não fizerem nada.
Acho melhor a população criar uma greve também.
A Greve do Voto.
"Para evitar maiores problemas, entende?"
O parabéns:
Parabéns pro Felipe Melo, pro Dunga, pros Holandeses voadores, pro Júlio César, pra mãe do Dunga, pro Renato Teixeira, pro Maradona (Messi, Romero e essa galera toda), pra Alemanha (leia-se Müller), pra dona Heide e pro Pré Psicopata.
A confissão:
Eu não te esqueci, mas eu já não lembro mais de você.
Buenos dias de julho, muchachos.
A centésima parte do blog.
A crítica:
Brasília está crescendo, e ficando, realmente, adulta. Cheia de problemas e caos, de trânsito e informação. Tão logo, cheia de greves.
Primeiro os ônibus. Agora os garis. Daqui a pouco serão os padeiros, os jornaleiros, e todo aquele 1/3 da população. O governo vai entrar em crise econômica (emocional? também, lógico), e vai ceder todo aquele aumento.
A passagem vai subir, a Esplanada vai continuar um lixo enquanto os rapazes de laranja não fizerem nada.
Acho melhor a população criar uma greve também.
A Greve do Voto.
"Para evitar maiores problemas, entende?"
O parabéns:
Parabéns pro Felipe Melo, pro Dunga, pros Holandeses voadores, pro Júlio César, pra mãe do Dunga, pro Renato Teixeira, pro Maradona (Messi, Romero e essa galera toda), pra Alemanha (leia-se Müller), pra dona Heide e pro Pré Psicopata.
A confissão:
Eu não te esqueci, mas eu já não lembro mais de você.
Buenos dias de julho, muchachos.
27 de junho de 2010
rotina é para quem precisa.
nasci.
aprendo, cresço, me imponho, berro, grito, taco fogo no circo, fico em silêncio, fico no canto.
entro, saio fora, pulo fora, dou um fora, volto, piso na bola, erro, erro, erro, erro, berro outra vez.
esqueço-me, apaixono-me, encanto-me, desencanto-me, sinto-me, espero-te.
tenho voz, falo baixo tom, em tom baixo, veias, sangue, vermelho, hemoglobina, pulsação, olhar de menina.
fragilidade, floridade, na flor da idade, em casas coloridas de papel-marchê.
tento, tento, tento, acerto. lençóis, dias, manhãs sorridentes, pessoas sorridentes, vendedores sorridentes.
que investem tanto em filas e não em pessoas, onde passo maioria do meu tempo, esperando, esperando, até, berrar, pela última vez na minha vida, que
morri.
(por favor, elza soares, leia em alto e bom tom esse post! hahahah)
aprendo, cresço, me imponho, berro, grito, taco fogo no circo, fico em silêncio, fico no canto.
entro, saio fora, pulo fora, dou um fora, volto, piso na bola, erro, erro, erro, erro, berro outra vez.
esqueço-me, apaixono-me, encanto-me, desencanto-me, sinto-me, espero-te.
tenho voz, falo baixo tom, em tom baixo, veias, sangue, vermelho, hemoglobina, pulsação, olhar de menina.
fragilidade, floridade, na flor da idade, em casas coloridas de papel-marchê.
tento, tento, tento, acerto. lençóis, dias, manhãs sorridentes, pessoas sorridentes, vendedores sorridentes.
que investem tanto em filas e não em pessoas, onde passo maioria do meu tempo, esperando, esperando, até, berrar, pela última vez na minha vida, que
morri.
(por favor, elza soares, leia em alto e bom tom esse post! hahahah)
26 de junho de 2010
E as pessoas da sala de jantar
10 retratos enfileirados na estante.
9 contas de um colar arrebentado no chão.
8 moedas de 25 centavos no bolso.
7 flores murchas no vaso.
6 cadeiras envolvendo uma mesa.
5 manchas no sofá.
4 dedos sujos de tinta.
3 manhãs perdidas.
2 pessoas nelas.
1 mente ocupada.
9 contas de um colar arrebentado no chão.
8 moedas de 25 centavos no bolso.
7 flores murchas no vaso.
6 cadeiras envolvendo uma mesa.
5 manchas no sofá.
4 dedos sujos de tinta.
3 manhãs perdidas.
2 pessoas nelas.
1 mente ocupada.
23 de junho de 2010
22 de junho de 2010
Uma pequena confissão matinal
Eu até gostaria de voltar ao passado.
Consertaria tanta coisa, e talvez, até errasse mais só pra ver no que ia dar.
Aproveito, e conserto a frase anterior: e talvez, até arriscasse mais só pra ver no que ia dar.
Mas sabe como é, a gente sempre se vê mais feliz no passado do que no futuro. Importando ou não se temos pensamentos positivos, boas esperanças, ou bons amigos ao lado hoje.
Porque no final das contas, a gente crê que o que vale mesmo, são os pensamentos que estiveram conosco, as boas esperanças que estiveram conosco, e, essencialmente, os bons amigos que sempre estiveram conosco.
Vai ver que O Criador é quem quis que tudo fosse assim. Que a gente soubesse dar mais valor pro que tivemos. E se arrependesse mais, até dar uns sorrisos a mais.
"Haja hoje para tanto ontem" (Paulo Leminski)
Consertaria tanta coisa, e talvez, até errasse mais só pra ver no que ia dar.
Aproveito, e conserto a frase anterior: e talvez, até arriscasse mais só pra ver no que ia dar.
Mas sabe como é, a gente sempre se vê mais feliz no passado do que no futuro. Importando ou não se temos pensamentos positivos, boas esperanças, ou bons amigos ao lado hoje.
Porque no final das contas, a gente crê que o que vale mesmo, são os pensamentos que estiveram conosco, as boas esperanças que estiveram conosco, e, essencialmente, os bons amigos que sempre estiveram conosco.
Vai ver que O Criador é quem quis que tudo fosse assim. Que a gente soubesse dar mais valor pro que tivemos. E se arrependesse mais, até dar uns sorrisos a mais.
"Haja hoje para tanto ontem" (Paulo Leminski)
20 de junho de 2010
Uma loucura, uma decepção, um arrependimento, por uma melhor idade
Somos seres bio-degradáveis, recicláveis, mutáveis, criadores, ou como você quiser chamar.
Estamos sempre num processo de deterioração, decomposição, ou, de uma forma mais bonita, amadurecimento.
Amadurecer.
Amadurecer nem sempre significa deixar de assisitir desenhos animados ou parar de colecionar miniaturas de carros. Mas, também, amadurecer nem sempre significa não se decepcionar.
Você quase nunca vê alguém que todo mundo julga amadurecido, decepcionado. Porque, talvez, ele já tenha se decepcionado com tanta coisa, que chega ao ponto de não se decepcionar com mais nada.
Talvez, amadurecer seja chegar num ponto onde não há mais nada pra experimentar. Onde você já tenha tomado todas as suas escolhas importantes, e só resta lembrá-las.
Gostaria de, encarecidamente, pararem de chamar de melhor idade. Pararem de promover campanhas de vacinação para os idosos e montar postos de saúde aonde apenas os idosos com condição de comprar um carro podem chegar.
Porque esses seres, acima de tudo, são como nós.
Só que foram reciclados mais vezes.
E como tudo um dia acaba, mas tudo se transforma... Nós os veremos em algum lugar depois daqui.
Eu gostaria de que, pelo menos, quando essas pessoas - e até nós mesmo - morrermos, não seja um velório tão feio.
Não seja um velório baseado em estatísticas, em deprimência, em "já estava na hora".
Nunca está na hora.
A gente sempre tem mais alguma conta para pagar aqui.
Então, o post de hoje, basicamente, é sobre a beleza que eu tento enxergar, mas não consigo.
Por, simplesmente, ainda não ter me decepcionado o bastante, me reciclado o bastante, não ter sentido o bastante para poder afirmar algo num blog razoavelmente cor-de-salmão.
E, aí vão minhas sinceras desculpas.
Por ter feito menos quando podia ter feito mais.
Por todos nós.
(Luto.)
Estamos sempre num processo de deterioração, decomposição, ou, de uma forma mais bonita, amadurecimento.
Amadurecer.
Amadurecer nem sempre significa deixar de assisitir desenhos animados ou parar de colecionar miniaturas de carros. Mas, também, amadurecer nem sempre significa não se decepcionar.
Você quase nunca vê alguém que todo mundo julga amadurecido, decepcionado. Porque, talvez, ele já tenha se decepcionado com tanta coisa, que chega ao ponto de não se decepcionar com mais nada.
Talvez, amadurecer seja chegar num ponto onde não há mais nada pra experimentar. Onde você já tenha tomado todas as suas escolhas importantes, e só resta lembrá-las.
Gostaria de, encarecidamente, pararem de chamar de melhor idade. Pararem de promover campanhas de vacinação para os idosos e montar postos de saúde aonde apenas os idosos com condição de comprar um carro podem chegar.
Porque esses seres, acima de tudo, são como nós.
Só que foram reciclados mais vezes.
E como tudo um dia acaba, mas tudo se transforma... Nós os veremos em algum lugar depois daqui.
Eu gostaria de que, pelo menos, quando essas pessoas - e até nós mesmo - morrermos, não seja um velório tão feio.
Não seja um velório baseado em estatísticas, em deprimência, em "já estava na hora".
Nunca está na hora.
A gente sempre tem mais alguma conta para pagar aqui.
Então, o post de hoje, basicamente, é sobre a beleza que eu tento enxergar, mas não consigo.
Por, simplesmente, ainda não ter me decepcionado o bastante, me reciclado o bastante, não ter sentido o bastante para poder afirmar algo num blog razoavelmente cor-de-salmão.
E, aí vão minhas sinceras desculpas.
Por ter feito menos quando podia ter feito mais.
Por todos nós.
(Luto.)
16 de junho de 2010
Está tudo cada vez menor
Uma (atualmente) pequena certeza:
Há o mundo. Bem grande. No céu, no espaço, ou como você queira chamar aquilo.
E não me importa que os atrônomos, os físicos, ou sei lá o quê digam que a Terra é menor que o Sol.
A gente, carinhosamente, chama a Terra de mundo. É o nosso mundo. E eu, sinceramente, não gosto de comparar as coisas que são minhas. Muito menos as coisas que são nossas.
Dentro deste pequeno-admirável-grande-nosso-mundo-novo, há os continentes. Cheio de gente. Cheio de História, cheio de conflitos, cheio. Entupido de gente. Mas ainda cabem algumas mais de 500.000 pessoinhas num dia só. Só para encher mais o mundo.
E menor que o continente, são os países. A mesma coisa que o continente, só que um pouco mais específico, e com menos pessoas do que um continente junto. Imagina só. Um país que faz parte de um paizão, assim poderia dizer. Fica meio esquisito, mas não deixa de ser.
Mas ninguém mora no Brasil. Todo mundo mora em alguma cidade do Brasil.
Que, logicamente, é menor que o país. Cidades competem.
Mas competem, porque existem as pessoas.
Pessoas. Cheias de sangue, células, tecidos, medos, gostos, e idéias. Mas são tão simples.
Talvez por isso eu pense que pessoas são tão fascinantes.
E não há pessoa nesse mundo que seja mais fascinante do que a outra.
Mas, os poetas, os médicos, a Bíblia e as mães dizem que um órgão faz com que as pessoas vivam, ou sejam o que ela são.
A menor parte do mundo, que já é pequeno.
O coração.
(Agora não culpem o aquecimento global por tudo; culpem o novo Blogger por tudo. PQP.)
Há o mundo. Bem grande. No céu, no espaço, ou como você queira chamar aquilo.
E não me importa que os atrônomos, os físicos, ou sei lá o quê digam que a Terra é menor que o Sol.
A gente, carinhosamente, chama a Terra de mundo. É o nosso mundo. E eu, sinceramente, não gosto de comparar as coisas que são minhas. Muito menos as coisas que são nossas.
Dentro deste pequeno-admirável-grande-nosso-mundo-novo, há os continentes. Cheio de gente. Cheio de História, cheio de conflitos, cheio. Entupido de gente. Mas ainda cabem algumas mais de 500.000 pessoinhas num dia só. Só para encher mais o mundo.
E menor que o continente, são os países. A mesma coisa que o continente, só que um pouco mais específico, e com menos pessoas do que um continente junto. Imagina só. Um país que faz parte de um paizão, assim poderia dizer. Fica meio esquisito, mas não deixa de ser.
Mas ninguém mora no Brasil. Todo mundo mora em alguma cidade do Brasil.
Que, logicamente, é menor que o país. Cidades competem.
Mas competem, porque existem as pessoas.
Pessoas. Cheias de sangue, células, tecidos, medos, gostos, e idéias. Mas são tão simples.
Talvez por isso eu pense que pessoas são tão fascinantes.
E não há pessoa nesse mundo que seja mais fascinante do que a outra.
Mas, os poetas, os médicos, a Bíblia e as mães dizem que um órgão faz com que as pessoas vivam, ou sejam o que ela são.
A menor parte do mundo, que já é pequeno.
O coração.
(Agora não culpem o aquecimento global por tudo; culpem o novo Blogger por tudo. PQP.)
7 de junho de 2010
Chá do seis
E meio a esse começo de junho (leia-se caos) todo, você perguntará:
- Ana, você vai ficar calada?
E você, sem dúvidas, não irá ouvir a resposta que quiser. Aliás, resposta alguma: tirei o mês para tomar chá.
Volto mais tarde.
final alternativo (rimado e tosco) para o paulo noel fazer música:
E meio a esse começo de junho (leia-se caos) todo, você perguntará:
- Ana, você vai ficar calada?
E tenho certeza, a resposta que queres não vira.
Porque, simplesmente, tirei o mês pra tomar chá.
É, eu realmente estou em decadência.
- Ana, você vai ficar calada?
E você, sem dúvidas, não irá ouvir a resposta que quiser. Aliás, resposta alguma: tirei o mês para tomar chá.
Volto mais tarde.
final alternativo (rimado e tosco) para o paulo noel fazer música:
E meio a esse começo de junho (leia-se caos) todo, você perguntará:
- Ana, você vai ficar calada?
E tenho certeza, a resposta que queres não vira.
Porque, simplesmente, tirei o mês pra tomar chá.
É, eu realmente estou em decadência.
24 de maio de 2010
É clichê. Mas foda-se.
Queria levar uma vida sem horários.
Mas não tenho tempo para isso.
obs:
Victor fez ESPECIALMENTE pra mim, tá?
http://contemporaneoeindiscreto.blogspot.com/2010/05/pessoas-felizes-demais-sao-psicopatas.html
Mas não tenho tempo para isso.
obs:
Victor fez ESPECIALMENTE pra mim, tá?
http://contemporaneoeindiscreto.blogspot.com/2010/05/pessoas-felizes-demais-sao-psicopatas.html
23 de maio de 2010
Coroa de papel.
O saguão do metrô vazio às 17h20 da tarde.
Eu, Renato Russo, uma garota com uma camisa do AC/DC, e um cara do nosso lado. Eu não ouvi direito o nome dele, mas ele acho que ele tinha gostado mesmo do meu timbre em Geração Coca-Cola.
Eu cantando o mais alto que pude, ao ponto de sentir as batidas do meu coração em sintonia com a minha voz.
Em menos de uma hora, eu tinha um calo no indicador direito. Um dos grandes. A agonia, quase maior que ele.
Morrendo de sede, garganta seca horrores, rouca, mas ainda tinha um grande repertório para tocar.
É que às vezes eu esqueço que nem todo mundo conhece Damien Rice.
Passei uma hora e alguns minutos lá. Para ser mais exata, 1h43.
Matematicamente falando: 1h43 = 2 reais.
Mas quem liga?
Com um momento só meu, com minha voz ecoando pela parede do metrô, a dor do meu dedo sendo completamente ignorada, o sorriso do rapaz que ouvia, o olhar do rapaz que passou com fone de ouvido...
Todo aquele momento era meu.
Todo aquele momento era nosso.
Mas na verdade mesmo, todo aquele momento era pra você.
Mesmo que voce não tenha passado lá pra ouvir, ou se quer tido a curiosidade de ouvir.
Era pra você, porque aquele momento fez parte da sua vida, mesmo você nunca tendo encostado em mim.
Você não precisa encostar em mim pra gostar de música.
E eu não preciso de um príncipe, de um reino e de um castelo para me sentir com uma coroa.
Mesmo que ela seja de papel.
P.s.:
Feliz anirvesário, Pré Psicopata.
Eu, Renato Russo, uma garota com uma camisa do AC/DC, e um cara do nosso lado. Eu não ouvi direito o nome dele, mas ele acho que ele tinha gostado mesmo do meu timbre em Geração Coca-Cola.
Eu cantando o mais alto que pude, ao ponto de sentir as batidas do meu coração em sintonia com a minha voz.
Em menos de uma hora, eu tinha um calo no indicador direito. Um dos grandes. A agonia, quase maior que ele.
Morrendo de sede, garganta seca horrores, rouca, mas ainda tinha um grande repertório para tocar.
É que às vezes eu esqueço que nem todo mundo conhece Damien Rice.
Passei uma hora e alguns minutos lá. Para ser mais exata, 1h43.
Matematicamente falando: 1h43 = 2 reais.
Mas quem liga?
Com um momento só meu, com minha voz ecoando pela parede do metrô, a dor do meu dedo sendo completamente ignorada, o sorriso do rapaz que ouvia, o olhar do rapaz que passou com fone de ouvido...
Todo aquele momento era meu.
Todo aquele momento era nosso.
Mas na verdade mesmo, todo aquele momento era pra você.
Mesmo que voce não tenha passado lá pra ouvir, ou se quer tido a curiosidade de ouvir.
Era pra você, porque aquele momento fez parte da sua vida, mesmo você nunca tendo encostado em mim.
Você não precisa encostar em mim pra gostar de música.
E eu não preciso de um príncipe, de um reino e de um castelo para me sentir com uma coroa.
Mesmo que ela seja de papel.
P.s.:
Feliz anirvesário, Pré Psicopata.
15 de maio de 2010
Não somos humanos; somos livros.
Alguém já te contou uma história, que você já conhecia, mas mesmo assim você gostou de ouvir, mesmo que você já soubesse de cor e salteado o final?
A morte deve ser assim.
Toda a sua história. Você já deve saber o final, você sente quando está morrendo, não importa o que vier depois, "você está morrendo, isso acontece, ou melhor: está acontecendo".
Essa história.
Cabe a você.
Cabe dentro de você.
Mas talvez ela seja tão, mas tão grande, que ela talvez não caiba na sua morte. Todo dia, uma aventura, uma nova historia. 365 histórias num ano.
Talvez, essas 365 histórias sejam tão longas, que nem caibam em todos os 365 dias, e, talvez, você precise de mais - no mínimo - 200 dias para terminá-la.
É assim você adia a morte.
Você não vence a morte por ser corajoso. Covarde, feliz, deprimido, genial, ignorante. Ninguém vence a morte: não tem como vencer algo que não está contra você. Não importa. Mesmo que você pense que ela esteja tirando a sua vida, ela não está, nunca esteve contra você.
Só você que não se venceu.
Normalmente, as pessoas não gostam da própria morte, do ato de morrer, ou simplesmente de saber que vai morrer: algo irreversível.
Mas elas não deveriam culpar algum ser com uma foice, algum acontecimento, ou falta de algo/alguém por ela chegar.
É só que nós vamos ficando velhos, e nossa memória vai junto, nossa imaginação, vai junto.
Nós repetimos as mesmas histórias. Já sabemos o final dela. Recontamos as mesmas histórias e acabamos sem imaginação para terminar de contá-las.
Porque, não importa de qual religião você seja, mesmo que você tenha vivido mai de 983 dias, você só teve uma história. Uma vida.
E é quando a nossa imaginação acaba, que, enfim, morremos.
A morte deve ser assim.
Toda a sua história. Você já deve saber o final, você sente quando está morrendo, não importa o que vier depois, "você está morrendo, isso acontece, ou melhor: está acontecendo".
Essa história.
Cabe a você.
Cabe dentro de você.
Mas talvez ela seja tão, mas tão grande, que ela talvez não caiba na sua morte. Todo dia, uma aventura, uma nova historia. 365 histórias num ano.
Talvez, essas 365 histórias sejam tão longas, que nem caibam em todos os 365 dias, e, talvez, você precise de mais - no mínimo - 200 dias para terminá-la.
É assim você adia a morte.
Você não vence a morte por ser corajoso. Covarde, feliz, deprimido, genial, ignorante. Ninguém vence a morte: não tem como vencer algo que não está contra você. Não importa. Mesmo que você pense que ela esteja tirando a sua vida, ela não está, nunca esteve contra você.
Só você que não se venceu.
Normalmente, as pessoas não gostam da própria morte, do ato de morrer, ou simplesmente de saber que vai morrer: algo irreversível.
Mas elas não deveriam culpar algum ser com uma foice, algum acontecimento, ou falta de algo/alguém por ela chegar.
É só que nós vamos ficando velhos, e nossa memória vai junto, nossa imaginação, vai junto.
Nós repetimos as mesmas histórias. Já sabemos o final dela. Recontamos as mesmas histórias e acabamos sem imaginação para terminar de contá-las.
Porque, não importa de qual religião você seja, mesmo que você tenha vivido mai de 983 dias, você só teve uma história. Uma vida.
E é quando a nossa imaginação acaba, que, enfim, morremos.
8 de maio de 2010
Até que na TV você vê coisas interessantes
Margie diz para Lisa e Bart: e não aceitem doces de estranhos!
Homer diz para Margie: Querida, eles são humanos.
Por incrível que pareça (ou não), isso me fez repensar sobre meus conceitos de "humano". Mas eles não mudaram.
Homer diz para Margie: Querida, eles são humanos.
Por incrível que pareça (ou não), isso me fez repensar sobre meus conceitos de "humano". Mas eles não mudaram.
6 de maio de 2010
pascoale
um ponto final aqui, uma exclamação ali, uma vírgula no lugar errado.
e assim fazemos nossa história, do jeito coloquial, do jeito culto, do jeito analfabeto.
um advérbio pouco usado, um verbo inventado, um substantivo amigo.
ser alegre nunca foi tão fácil.
gramática, regras, coerência, concordância, susbstantivo próprio;
nunca foi alegre por ser tão fácil.
e assim fazemos nossa história, do jeito coloquial, do jeito culto, do jeito analfabeto.
um advérbio pouco usado, um verbo inventado, um substantivo amigo.
ser alegre nunca foi tão fácil.
gramática, regras, coerência, concordância, susbstantivo próprio;
nunca foi alegre por ser tão fácil.
25 de abril de 2010
Do verbo haver nas estações
Como folhas no outono, como folhas de outono no verão.
Como se o sol continuasse lá: intacto, radiante. E as folhas, esperassem a hora de cair.
E sem ansiedade nenhuma, sem nenhuma expressão, elas caem, mudando de posição: separam-se.
O sol não. O sol continua lá. Dá 6hrs da tarde, ele muda de posição. Mas não se separa de ninguém: quem não tem o sol desenhado em algum lugar?
Todo mundo "normal" tem uma perspectiva igual do sol: amarelo, cheio de raios. Gosto de desenhar o sol com óculos e um sorriso, que nem as crianças. Minha perspectiva do sol é igual a delas.
Mas ninguém tem uma perspectiva igual sobre uma folha voando no outono.
Poucos conseguem desenhar uma folha voando no outono, do jeito que imaginam.
Haja treino para desenhar toda a borda, delineadinha, cheia de cortes. Haja treino pra conseguir o lápis de cor no tom igual ao de uma folha seca, haja treino.
Mas que também haja imaginação.
Nós nos esquecemos, que quem, a princípio, a secou, foi o sol. Aquele mesmo, que continua intacto, se movendo lentamente, mesmo assim, em seu lugar, esperando dar 6 horas.
Haja horas.
Haja outonos.
Como se o sol continuasse lá: intacto, radiante. E as folhas, esperassem a hora de cair.
E sem ansiedade nenhuma, sem nenhuma expressão, elas caem, mudando de posição: separam-se.
O sol não. O sol continua lá. Dá 6hrs da tarde, ele muda de posição. Mas não se separa de ninguém: quem não tem o sol desenhado em algum lugar?
Todo mundo "normal" tem uma perspectiva igual do sol: amarelo, cheio de raios. Gosto de desenhar o sol com óculos e um sorriso, que nem as crianças. Minha perspectiva do sol é igual a delas.
Mas ninguém tem uma perspectiva igual sobre uma folha voando no outono.
Poucos conseguem desenhar uma folha voando no outono, do jeito que imaginam.
Haja treino para desenhar toda a borda, delineadinha, cheia de cortes. Haja treino pra conseguir o lápis de cor no tom igual ao de uma folha seca, haja treino.
Mas que também haja imaginação.
Nós nos esquecemos, que quem, a princípio, a secou, foi o sol. Aquele mesmo, que continua intacto, se movendo lentamente, mesmo assim, em seu lugar, esperando dar 6 horas.
Haja horas.
Haja outonos.
19 de abril de 2010
pessimismo de segunda
É vergonhoso dizer que às vezes, quando o tempo tá abafado, quando tem gás carbônico no meu rosto, quando as pessoas insistem em dizer discretamente que eu ando na contramão... Eu continuo sonhando.
E imagino diálogos, abraços, sorrisos, ventos no rosto, quando tudo que eu sinto são os ombros das outras pessoas encostando nos meus. Eu continuo na contramão.
E volto para casa, às 01h30 da tarde, com fome, com calor, com cansaço físico e moral. Mas, quem liga, eu continuo sonhando.
Só porque as coisas estão indo muito bem, e eu estou feliz com elas, eu sonho o dia inteiro. Não faz muito sentido: as coisas estão indo bem, deveria vivê-lás! Mas acho que jeito de ser feliz mesmo, sem entender bulhufas do que seu futuro vai fazer contigo, é sair de si.
É pensar que ficar na contramão é mais legal, e não se achar superior com isso.
Achar que o teu futuro não vai ser igual ao dos outros, e que isso era tudo o que você queria.
Mas de repente, você acorda.
E cai.
E lembra que a vida tem altos e baixos, e depois de um "alto", vem "um baixo".
E dá medo de que você volte a sonhar nos ombros das pessoas de novo, porque, depois de "um alto" vem "um baixo", e os baixos costumam ser tão ruins.
Talvez só porque sejam como uma âncora.
Que coloquem seus pés no chão.
E imagino diálogos, abraços, sorrisos, ventos no rosto, quando tudo que eu sinto são os ombros das outras pessoas encostando nos meus. Eu continuo na contramão.
E volto para casa, às 01h30 da tarde, com fome, com calor, com cansaço físico e moral. Mas, quem liga, eu continuo sonhando.
Só porque as coisas estão indo muito bem, e eu estou feliz com elas, eu sonho o dia inteiro. Não faz muito sentido: as coisas estão indo bem, deveria vivê-lás! Mas acho que jeito de ser feliz mesmo, sem entender bulhufas do que seu futuro vai fazer contigo, é sair de si.
É pensar que ficar na contramão é mais legal, e não se achar superior com isso.
Achar que o teu futuro não vai ser igual ao dos outros, e que isso era tudo o que você queria.
Mas de repente, você acorda.
E cai.
E lembra que a vida tem altos e baixos, e depois de um "alto", vem "um baixo".
E dá medo de que você volte a sonhar nos ombros das pessoas de novo, porque, depois de "um alto" vem "um baixo", e os baixos costumam ser tão ruins.
Talvez só porque sejam como uma âncora.
Que coloquem seus pés no chão.
12 de abril de 2010
Sobre estar (ou apenas sentir-se) só
Dessas saudades estranhas que dão na gente, antes mesmo da noite virar madrugada. Aquelas saudades ansiosas, famintas, incessantes.
Dessas saudades que vem (e como vem!) 2 vezes no ano... Ou 2 vezes na semana.
Dessas saudades que convidam a nostalgia, a carência e o frio para dançar. Dançar até que o dia surja e, com força, empurre a lua pro outro lado do mundo. Para que a lua vá, e leve com ela todos aqueles que participaram dessa noite...
Dessa saudade.
Dessas saudades que vem (e como vem!) 2 vezes no ano... Ou 2 vezes na semana.
Dessas saudades que convidam a nostalgia, a carência e o frio para dançar. Dançar até que o dia surja e, com força, empurre a lua pro outro lado do mundo. Para que a lua vá, e leve com ela todos aqueles que participaram dessa noite...
Dessa saudade.
9 de abril de 2010
Cadê?
Eu não tenho tido muitas idéias boas para escrever ultimamente.
Só que eu passei aqui pra dizer que eu tô com saudade, e não queria que você sumisse - mas, principalmente, espero que você leia.
E pra dizer também, que eu tô com saudade do blog, e não queria que eu mesma sumisse do que é meu.
Então, quando eu terminar de tomar chá todas as noites da semana pra passar a insônia, eu apareço aqui de novo, mais psicopata e, quem sabe, apaixonada do que nunca.
Buenas
Só que eu passei aqui pra dizer que eu tô com saudade, e não queria que você sumisse - mas, principalmente, espero que você leia.
E pra dizer também, que eu tô com saudade do blog, e não queria que eu mesma sumisse do que é meu.
Então, quando eu terminar de tomar chá todas as noites da semana pra passar a insônia, eu apareço aqui de novo, mais psicopata e, quem sabe, apaixonada do que nunca.
Buenas
1 de abril de 2010
Confusão
Qual é o limite?
O Céu? O Inferno?
Passar em algum concurso público?
Capitalismo exagerado, concordar com Zeca Baleiro, estampar numa camiseta que "lugar de ser feliz não é supermercado"?
Tatuar 80% do corpo pra aparece num livro com capa metalizada?
Desejar feliz anirvesário na data errada?
Votar 50 vezes em alguém que você não conhece por causa de um programa de televisão?
Ser crédulo demais, achar que se dormir tarde demais, vai acordar e descobrir que foi abduzido?
Trabalhar até nos sábados e negar pra si mesmo que não está sendo consumido?
Comer chocolate demais, depois se culpar?
Culpar a chuva pra não ir à academia?
Ou não sair de casa pra não ficar na dúvida sobre um eu te amo que você ouviu, hoje, dia primeiro de abril?
O Céu? O Inferno?
Passar em algum concurso público?
Capitalismo exagerado, concordar com Zeca Baleiro, estampar numa camiseta que "lugar de ser feliz não é supermercado"?
Tatuar 80% do corpo pra aparece num livro com capa metalizada?
Desejar feliz anirvesário na data errada?
Votar 50 vezes em alguém que você não conhece por causa de um programa de televisão?
Ser crédulo demais, achar que se dormir tarde demais, vai acordar e descobrir que foi abduzido?
Trabalhar até nos sábados e negar pra si mesmo que não está sendo consumido?
Comer chocolate demais, depois se culpar?
Culpar a chuva pra não ir à academia?
Ou não sair de casa pra não ficar na dúvida sobre um eu te amo que você ouviu, hoje, dia primeiro de abril?
28 de março de 2010
Ícaro moderno.
- Mais alto! Mais alto! - gritava ela com um sorriso imenso, sentindo o vento no rosto delicado, de olhos fechados
- Isso é o máximo que eu consigo! Hahahaha! - dizia ele, em tom divertido, enquanto sentia o barulho das cordas enferrujadas do balanço em sincronia com os seus batimentos cardíacos
- Oras, você sempre conseguiu mais!
- Você sempre quer mais que as pessoas conseguem! - e ele empurrou com mais força, e a menina abriu os braços.
Caiu.
Fez barulho. A poeira se levantou, ela caiu em cima do braço.
Ele ficou preocupado. Seus batimentos cardíacos não estavam mais sincronizados com o barulho das cordas enferrujadas; eles estavam duas vezes mais rápidos.
Em uma fração de segundos, seus olhos leventemente ficaram arregalados ao não ouvir nenhum som depois da queda.
Ele, desesperadamente, corre para ajudá-la. Ela ainda estava respirando, abriu os olhos, e sorriu.
O sorriso dela continuava lindo.
Ele respirou fundo, e se acalmou.
"Está.. Tudo bem?" perguntou ele, com o maior receio de que não estivesse. Ele nunca gostou que as coisas não estivessem bem.
Ela riu. Ela riu muito. Riu desesperadamente; "você viu, garoto?", e continuou rindo.
Ele não entendeu. Mas riu um pouco, por consequência do riso dela.
Ela se levantou, tirou a poeira da roupa, e continuou sorrindo.
A curiosidade dele apertou.
- Por que... Você riu? Por que você está sorrindo?
- Você conseguiu me empurrar mais forte.
- Mas você caiu!
- Não, eu voei.
- Isso é o máximo que eu consigo! Hahahaha! - dizia ele, em tom divertido, enquanto sentia o barulho das cordas enferrujadas do balanço em sincronia com os seus batimentos cardíacos
- Oras, você sempre conseguiu mais!
- Você sempre quer mais que as pessoas conseguem! - e ele empurrou com mais força, e a menina abriu os braços.
Caiu.
Fez barulho. A poeira se levantou, ela caiu em cima do braço.
Ele ficou preocupado. Seus batimentos cardíacos não estavam mais sincronizados com o barulho das cordas enferrujadas; eles estavam duas vezes mais rápidos.
Em uma fração de segundos, seus olhos leventemente ficaram arregalados ao não ouvir nenhum som depois da queda.
Ele, desesperadamente, corre para ajudá-la. Ela ainda estava respirando, abriu os olhos, e sorriu.
O sorriso dela continuava lindo.
Ele respirou fundo, e se acalmou.
"Está.. Tudo bem?" perguntou ele, com o maior receio de que não estivesse. Ele nunca gostou que as coisas não estivessem bem.
Ela riu. Ela riu muito. Riu desesperadamente; "você viu, garoto?", e continuou rindo.
Ele não entendeu. Mas riu um pouco, por consequência do riso dela.
Ela se levantou, tirou a poeira da roupa, e continuou sorrindo.
A curiosidade dele apertou.
- Por que... Você riu? Por que você está sorrindo?
- Você conseguiu me empurrar mais forte.
- Mas você caiu!
- Não, eu voei.
25 de março de 2010
Vai ver se eu tô lá na esquina.
Eu sou só uma.
Possuo vários humores, talvez algumas mudanças breves de personalidade, mas eu sou só uma.
E não tô mais aguentando vocês, vocês todos, vocês mil.
E não é porque eu não tô aguentando mais vocês, que eu vou me trancar no banheiro e esperar que quebrem a porta à procura de mim. Mas é que uma hora eu vou quebrar a porta, à procura de mim mesma; vocês, às vezes, me bloqueiam.
Minha superstição me bloqueia mais ainda. As quarta-feiras nunca foram tão vantajosas, talvez, nem um pouco, e isso talvez faça com que as quintas fossem piores.
Ontem foi quarta.
Logo, hoje é quinta.
Essa diferença entre o "foi" e o "é", que vocês impõe sobre quem eu fui e quem sou, é que está me deixando mais... Atrapalhada.
Mais atrapalhada do que eu sou, do que eu já fui.
Eu sei que pouco converso, que sou um "pé na frente outro atrás", mas eu sei que eu também não sou assim. E não cabe a vocês, vocês mil, ficarem me impondo limites; um conjunto de leis foi criado há algum bom tempo, para que vocês não precisassem ficar me lembrando que eu não sei fazer linhas retas, e que eu não entendo matemática.
Então, vão ver se eu tô lá na esquina, e no caminho pra lá, tentem enxergar coisas boas no mundo.
É fácil.
E você sabe muito bem que esse post foi pra você.
Possuo vários humores, talvez algumas mudanças breves de personalidade, mas eu sou só uma.
E não tô mais aguentando vocês, vocês todos, vocês mil.
E não é porque eu não tô aguentando mais vocês, que eu vou me trancar no banheiro e esperar que quebrem a porta à procura de mim. Mas é que uma hora eu vou quebrar a porta, à procura de mim mesma; vocês, às vezes, me bloqueiam.
Minha superstição me bloqueia mais ainda. As quarta-feiras nunca foram tão vantajosas, talvez, nem um pouco, e isso talvez faça com que as quintas fossem piores.
Ontem foi quarta.
Logo, hoje é quinta.
Essa diferença entre o "foi" e o "é", que vocês impõe sobre quem eu fui e quem sou, é que está me deixando mais... Atrapalhada.
Mais atrapalhada do que eu sou, do que eu já fui.
Eu sei que pouco converso, que sou um "pé na frente outro atrás", mas eu sei que eu também não sou assim. E não cabe a vocês, vocês mil, ficarem me impondo limites; um conjunto de leis foi criado há algum bom tempo, para que vocês não precisassem ficar me lembrando que eu não sei fazer linhas retas, e que eu não entendo matemática.
Então, vão ver se eu tô lá na esquina, e no caminho pra lá, tentem enxergar coisas boas no mundo.
É fácil.
E você sabe muito bem que esse post foi pra você.
20 de março de 2010
crescer.
20 de março. 21h55 da noite.
Uma tempestade cai do nada. É água caindo do céu. Mas não é só água caindo do céu. Tem vento, vento frio, vem gotas, gotas pesadas, e vem nostalgia.
E, fico até pasma de quanta nostalgia vem.
Ele entra na sala, acende um cigarrro. Levanto os olhos, levanto a sombrancelha direita, abaixo os olhos, abaixo a sombrancelha direita. Tomo a ousadia de me pronunciar:
- Você não está fumando aqui. Né?
- A casa é minha também. Qual é o problema?
- O meu pulmão.
- O que tem o seu pulmão?
- Quem vai pagar o tratamento é você, chefia.
- Por que eu? Você não é tão independente assim?
- Você que o intoxicou.
- Já intoxiquei?
- Você fuma há mais de 14 anos. Se brincar, já até intoxicou o cara que trabalha no cubículo ao lado do seu.
- Ele fuma também.
- Desnecessário.
- É. - disse ele, com um ponto final bem nítido, querendo terminar a discussão. Mas hoje, eu queria discutir. Minha mente precisava discutir com algo que eu não estava mais suportando.
- Você ainda está aqui?
- Estou, eu moro aqui.
- Desculpe-me. Você ainda está fumando aqui?
- Estou.
- Vai ficar implicando?
- Vou.
- Cresce.
- Você nem fez 18 ainda.
- Eu sei. Você já passou dos 30 e ainda tá aí, precisando crescer. - ele ficou puto. Não sei porquê. Ele me desafia o tempo inteiro, e quando eu respondo, ele fica puto. Passou o vento. O cigarro apagou, e a nostalgia ficou de novo. Meu celular toca, eu nem penso em atender. Eu nem quero atender.
- Não vai atender, menina?
- Não, menino.
- Meninos não fumam.
- Os meninos de hoje não são os mesmos de ontem, se é que me entende.
- Entendo.
- Que bom. - o cigarro apagou de novo. Ele ainda permanecia sentado na cadeira da frente, me vendo digitar um relatório de biologia. Eu já não suportava mais fazer aquele relatório. Eu já não suportava mais o cheiro daquele cigarro reacendido, nem daquela voz, me cutucando no ombro. Aquela voz que dizia "a nostalgia me pegou também. Eu estou carente".
- Tá fazendo o quê aí?
- Tentando filtrar o ar com a mente.
- Digitando?
- E fazendo um relatório sobre isso.
- É.
- Você ainda está fumando aqui?
- Não mais.
- Quem está, então?
- Você. Passivamente.
- Se eu colocar "fumo excessivamente" no Orkut, você também vai implicar?
- Vou.
- Por que?
- Porque eu sou seu pai.
Família.
Uma tempestade cai do nada. É água caindo do céu. Mas não é só água caindo do céu. Tem vento, vento frio, vem gotas, gotas pesadas, e vem nostalgia.
E, fico até pasma de quanta nostalgia vem.
Ele entra na sala, acende um cigarrro. Levanto os olhos, levanto a sombrancelha direita, abaixo os olhos, abaixo a sombrancelha direita. Tomo a ousadia de me pronunciar:
- Você não está fumando aqui. Né?
- A casa é minha também. Qual é o problema?
- O meu pulmão.
- O que tem o seu pulmão?
- Quem vai pagar o tratamento é você, chefia.
- Por que eu? Você não é tão independente assim?
- Você que o intoxicou.
- Já intoxiquei?
- Você fuma há mais de 14 anos. Se brincar, já até intoxicou o cara que trabalha no cubículo ao lado do seu.
- Ele fuma também.
- Desnecessário.
- É. - disse ele, com um ponto final bem nítido, querendo terminar a discussão. Mas hoje, eu queria discutir. Minha mente precisava discutir com algo que eu não estava mais suportando.
- Você ainda está aqui?
- Estou, eu moro aqui.
- Desculpe-me. Você ainda está fumando aqui?
- Estou.
- Vai ficar implicando?
- Vou.
- Cresce.
- Você nem fez 18 ainda.
- Eu sei. Você já passou dos 30 e ainda tá aí, precisando crescer. - ele ficou puto. Não sei porquê. Ele me desafia o tempo inteiro, e quando eu respondo, ele fica puto. Passou o vento. O cigarro apagou, e a nostalgia ficou de novo. Meu celular toca, eu nem penso em atender. Eu nem quero atender.
- Não vai atender, menina?
- Não, menino.
- Meninos não fumam.
- Os meninos de hoje não são os mesmos de ontem, se é que me entende.
- Entendo.
- Que bom. - o cigarro apagou de novo. Ele ainda permanecia sentado na cadeira da frente, me vendo digitar um relatório de biologia. Eu já não suportava mais fazer aquele relatório. Eu já não suportava mais o cheiro daquele cigarro reacendido, nem daquela voz, me cutucando no ombro. Aquela voz que dizia "a nostalgia me pegou também. Eu estou carente".
- Tá fazendo o quê aí?
- Tentando filtrar o ar com a mente.
- Digitando?
- E fazendo um relatório sobre isso.
- É.
- Você ainda está fumando aqui?
- Não mais.
- Quem está, então?
- Você. Passivamente.
- Se eu colocar "fumo excessivamente" no Orkut, você também vai implicar?
- Vou.
- Por que?
- Porque eu sou seu pai.
Família.
12 de março de 2010
Ausente; fui dançar.
Ultimamente, tenho sentido uma vontade absurda de dançar.
Dançar por horas seguidas, dançar subindo e descendo as escadas, dançar até escovando o dente. E, sinceramente, sabe Deus, lá, porquê.
Tento fazer isso, mas as pessoas dizem que é ridículo.
É ridículo, porque eu não sei dançar. Acho que só xote, mas xote é de par, e eu não formo um par.
Ultimamente, tenho aparecido menos pras pessoas.
Era mais grudada nelas, talvez, gostasse mais delas, queria tê-las por mais tempo, e hoje, nem faço mais tanta questão assim.
Não sumo por querer. Os dias passam, as dificuldades aumentam. O jeito é arrumar 1 dia pra facilitar umas 2, no minimo, dificuldades.
Queria dizer que tenho sumido por estar dançando. Dançando por todos os lados, dançando na calçada do engraxate, dançando, dançando, até os pés cansarem.
Mas lógico que se eu dissesse isso eles iam achar legal.
O problema, é que eu não sei dançar.
E eles sabem disso, eles sabem que eu danço mal.
Por isso que é ridículo.
Porque é ridículo dançar sozinho, ainda mais quando não se sabe dançar.
Mas quando você some pra aprender a dançar, as pessoas reclamam.
E você fica confuso; quem, nesta dança, nesta vida, neste inspiro, está ao nosso lado?
Porque é ridículo dançar sozinho, ainda mais quando não se sabe dançar.
Mas quando você some pra aprender a dançar, as pessoas reclamam.
E você fica confuso; quem, nesta dança, nesta vida, neste inspiro, está ao nosso lado?
28 de fevereiro de 2010
A Wolf at the door
Morte.
Adoro falar dela.
Já encarei algumas na minha vida. Umas duas foram realmente dolorosas, outras, só foram perdas. É que às vezes não dói perder.
Aprendemos desde criança (pelo menos onde passei minha infância) a não tratar as pessoas como objetos. Mas e quando elas morrem? Elas viram ossos. Isso é um objeto? Isso é o quê?
Ossos são a essência da coisa?
Aprendi desde criança que é a alma. Mas, desculpe, tenho que discordar. São as lembranças.
Para você pouco importa a alma dela. A cor dela.
Pouco importa quando ela morre.
O que fica são as lembranças. Por isso dói.
Porque a essência sempre fica mais colorida. A gente lembra de coisas que não lembrava.
Passa a lembrar pra quê foi usado o objeto.
Aprendemos quando criança que nascemos, crescemos, reproduzimos, e, finalmente, morremos.
Aprendemos um pouco mais velhos que nascemos, crescemos, trabalhamos, aposentamos, e, finalmente morremos.
E quando estamos adolescentes só lembramos que nascemos, e que estamos crescendo.
Criança tem medo da morte.
Têm medo da perda.
Demorou um tempo pra eu perder o medo da perda.
Não deveríamos ter medo, em nenhuma fase da vida, de perder. Seja lá o que for pra ser perdido.
Não deveríamos ter medo de perder nenhuma fase da vida.
Não deveríamos perder uma fase da vida por causa de medo.
Mas nós crescemos.
E o medo cresce junto com a gente.
Ainda lembro de quando o medo era só uma sombra na parede.
Adoro falar dela.
Já encarei algumas na minha vida. Umas duas foram realmente dolorosas, outras, só foram perdas. É que às vezes não dói perder.
Aprendemos desde criança (pelo menos onde passei minha infância) a não tratar as pessoas como objetos. Mas e quando elas morrem? Elas viram ossos. Isso é um objeto? Isso é o quê?
Ossos são a essência da coisa?
Aprendi desde criança que é a alma. Mas, desculpe, tenho que discordar. São as lembranças.
Para você pouco importa a alma dela. A cor dela.
Pouco importa quando ela morre.
O que fica são as lembranças. Por isso dói.
Porque a essência sempre fica mais colorida. A gente lembra de coisas que não lembrava.
Passa a lembrar pra quê foi usado o objeto.
Aprendemos quando criança que nascemos, crescemos, reproduzimos, e, finalmente, morremos.
Aprendemos um pouco mais velhos que nascemos, crescemos, trabalhamos, aposentamos, e, finalmente morremos.
E quando estamos adolescentes só lembramos que nascemos, e que estamos crescendo.
Criança tem medo da morte.
Têm medo da perda.
Demorou um tempo pra eu perder o medo da perda.
Não deveríamos ter medo, em nenhuma fase da vida, de perder. Seja lá o que for pra ser perdido.
Não deveríamos ter medo de perder nenhuma fase da vida.
Não deveríamos perder uma fase da vida por causa de medo.
Mas nós crescemos.
E o medo cresce junto com a gente.
Ainda lembro de quando o medo era só uma sombra na parede.
25 de fevereiro de 2010
Os olhos são a janela da alma
O que você ainda espera da vida?
Que desça as escadas e perca o All Star, que alguém ache e procure, por quem será que tem aquele número perfeitamente proporcional?
Que você passe de primeira num vestibular, faça a faculdade com um sorriso na cara o ano inteiro, e que arranje um emprego logo que sair?
Que todo mundo vai se apaixonar por você só porque você conhece Freud?
Ou que você tem futuro só por achar que tem futuro?
Que rezando você consegue alguma coisa?
Que gênios na lâmpada existem?
Que a Física vai te puxar pra realidade?
Que, afinal, você saiba o que é realidade?
A realidade é que são 21h:46. E acho que esse, o tempo, é o limite de realidade que o homem pode ter. Nada mais de moléculas, acordes, adjetivos, sorrisos. A minha realidade não é o seu sorriso.
É a sinceridade com que eu o retribuo.
E essa sinceridade não é nada mais e nada menos do que a retribuição automática desse sorriso.
Mesmo sem você sorrir.
O que você espera da vida?
Que eu sorria sempre?
Que desça as escadas e perca o All Star, que alguém ache e procure, por quem será que tem aquele número perfeitamente proporcional?
Que você passe de primeira num vestibular, faça a faculdade com um sorriso na cara o ano inteiro, e que arranje um emprego logo que sair?
Que todo mundo vai se apaixonar por você só porque você conhece Freud?
Ou que você tem futuro só por achar que tem futuro?
Que rezando você consegue alguma coisa?
Que gênios na lâmpada existem?
Que a Física vai te puxar pra realidade?
Que, afinal, você saiba o que é realidade?
A realidade é que são 21h:46. E acho que esse, o tempo, é o limite de realidade que o homem pode ter. Nada mais de moléculas, acordes, adjetivos, sorrisos. A minha realidade não é o seu sorriso.
É a sinceridade com que eu o retribuo.
E essa sinceridade não é nada mais e nada menos do que a retribuição automática desse sorriso.
Mesmo sem você sorrir.
O que você espera da vida?
Que eu sorria sempre?
19 de fevereiro de 2010
retrucando
A lei diz pra você não matar
E não importa o quão sem paciência você esteja.
Não saia matando ninguém porque sua cidade não é a mesma
Não saia matando ninguém porque seu Governador foi preso
Não saia matando ninguém porque bateu a canela na mesa
E só mate alguém tendo a consciência de que você se importa com a lei
Mas ela não se importa com você
E só mat alguém tendo a consciência de que você não se importa com essa pessoa
Mesmo que ela talvez se importe com você.
Quantas vezes não agimos como a lei?
Quantas vezes não agimos contra a lei?
Quantas vezes não agimos?
E não importa o quão sem paciência você esteja.
Não saia matando ninguém porque sua cidade não é a mesma
Não saia matando ninguém porque seu Governador foi preso
Não saia matando ninguém porque bateu a canela na mesa
E só mate alguém tendo a consciência de que você se importa com a lei
Mas ela não se importa com você
E só mat alguém tendo a consciência de que você não se importa com essa pessoa
Mesmo que ela talvez se importe com você.
Quantas vezes não agimos como a lei?
Quantas vezes não agimos contra a lei?
Quantas vezes não agimos?
17 de fevereiro de 2010
3 perguntas piores do que o nucleo
Simplesmente é. Não deveria ser, mas é. E quem disse que não deveria ser?
Eu não criei o universo. Eu não criei nem o meu próprio universo.
E quem disse que eu deveria criar?
Criatividade é algo pra pensar, pra imaginar, ou até mesmo, pra fingir esquecer.
E fingir esquecer é tão poético.
Por que você não vê por esse lado quando está chorando?
Por que você não se quer cria coisas que podem fazer você parar de fingir?
Por que, afinal, você quer esquecer?
*adicione aqui o cogumelo atômico da morte*
Eu não criei o universo. Eu não criei nem o meu próprio universo.
E quem disse que eu deveria criar?
Criatividade é algo pra pensar, pra imaginar, ou até mesmo, pra fingir esquecer.
E fingir esquecer é tão poético.
Por que você não vê por esse lado quando está chorando?
Por que você não se quer cria coisas que podem fazer você parar de fingir?
Por que, afinal, você quer esquecer?
*adicione aqui o cogumelo atômico da morte*
12 de fevereiro de 2010
Rock around the clock tonight.
A vida é longa, o dia é curto, as horas entendiadas, os minutos passageiros, os segundos invisíveis, os anos inesquecíveis, as décadas históricas, os milênios uma nova vida, as noites poéticas, e você, preocupado.
7 de fevereiro de 2010
No Rain.
All I can say is that my life is pretty plain I like watchin' the puddles gather rain And all I can do is just pour some tea for two and speak my point of view But it's not sane, It's not sane | ||||||||||
I just want someone to say to me, oh oh oh oh I'll always be there when you wake You know I'd like to keep my tears dry today So stay with me and I'll have it made | ||||||||||
And I don't understand why I sleep all day And I start to complain that there's no rain And all I can do is read a book to stay awake And it rips my life away, but it's a great escape! Escape, escape, escape. | Queria ter escrito essa letra. Pro Pedro, que diz que fugir é necessário. |
2 de fevereiro de 2010
To see if I still feel.
Os seres humanos são animais engraçados. Mais engraçados do que aqueles lagartos verdes que andam na água que você viu hoje, no Discovery. São animais engraçados, porque têm memória independente de trauma, mas dependente de momento.
Sinceramente, se você me perguntar o que foi que eu comi no jantar na segunda-feira passada, eu não saberei responder. Porém, se você perguntar o que eu coi na segunda-feira, aniversário do Rafael, a última segunda-feira de 2009, eu saberei responder. Porque foi o momento daquela segunda-feira.
Os seres humanos são animais engrçados porque são diferentes. E por assim serem, têm momentos diferentes. E pensamentos diferentes, em horas diferentes, e às vezes, horas erradas. Essas horas marcam aquele momento.
Pessoas são animais engraçados porque pensam. Descartes esqueceu que era um animal quando disse "penso logo, existo". Descartes esqueceu dos animais quando disse "penso logo, existo". Descartes se tornou (no sentido figurado - ou não tanto assim) um animal quando disse "penso logo, existo".
Maçãs não pensam.
E elas existem.
E mesmo (concordando com Sartre em A Imaginação) elas existam para os seres humanos, que pensam, ela continua não pensando.
Mesmo que Descartes tenha dito "Penso logo, existo" no sentido figurado, ele esqueceu de especificar, e esqueceu que, como seres humanos são animais engraçados, poderiam interpretar de forma mais engraçada ainda.
Bom, se ele falou isso no sentido figurado, alguns autores de livros de filosofia e história eram bem engraçados.
Seres humanos são animais engraçados porque interpretam. E têm seu medo de interpretar a partir de suas diferenças, seus momentos, seus pensamentos, seus dizeres, vontades, e, principalmente, sentimento.
Pessoas são seres engraçados porque sentem. Mas, principalmente, se apaixonam.
Paixão é analgésica, alucinógena, deprimente, causa dependência, tira pedaço, mata um pouco, mas todo mundo quer sentir. Mesmo sabendo, ou esquecendo que aquilo pode machucar, eles prezam por minutos de felicidade com aquele ser humano, aquele outro "animal engraçado".
Mesmo sabendo que seres humanos são animais engraçados porque (se) machucam.
Obs. I: E pessoas são como paixão. Você sempre quer sentir de novo.
Obs. II: Feliz fevereiro.
Sinceramente, se você me perguntar o que foi que eu comi no jantar na segunda-feira passada, eu não saberei responder. Porém, se você perguntar o que eu coi na segunda-feira, aniversário do Rafael, a última segunda-feira de 2009, eu saberei responder. Porque foi o momento daquela segunda-feira.
Os seres humanos são animais engrçados porque são diferentes. E por assim serem, têm momentos diferentes. E pensamentos diferentes, em horas diferentes, e às vezes, horas erradas. Essas horas marcam aquele momento.
Pessoas são animais engraçados porque pensam. Descartes esqueceu que era um animal quando disse "penso logo, existo". Descartes esqueceu dos animais quando disse "penso logo, existo". Descartes se tornou (no sentido figurado - ou não tanto assim) um animal quando disse "penso logo, existo".
Maçãs não pensam.
E elas existem.
E mesmo (concordando com Sartre em A Imaginação) elas existam para os seres humanos, que pensam, ela continua não pensando.
Mesmo que Descartes tenha dito "Penso logo, existo" no sentido figurado, ele esqueceu de especificar, e esqueceu que, como seres humanos são animais engraçados, poderiam interpretar de forma mais engraçada ainda.
Bom, se ele falou isso no sentido figurado, alguns autores de livros de filosofia e história eram bem engraçados.
Seres humanos são animais engraçados porque interpretam. E têm seu medo de interpretar a partir de suas diferenças, seus momentos, seus pensamentos, seus dizeres, vontades, e, principalmente, sentimento.
Pessoas são seres engraçados porque sentem. Mas, principalmente, se apaixonam.
Paixão é analgésica, alucinógena, deprimente, causa dependência, tira pedaço, mata um pouco, mas todo mundo quer sentir. Mesmo sabendo, ou esquecendo que aquilo pode machucar, eles prezam por minutos de felicidade com aquele ser humano, aquele outro "animal engraçado".
Mesmo sabendo que seres humanos são animais engraçados porque (se) machucam.
Obs. I: E pessoas são como paixão. Você sempre quer sentir de novo.
Obs. II: Feliz fevereiro.