23 de maio de 2010

Coroa de papel.

O saguão do metrô vazio às 17h20 da tarde.
Eu, Renato Russo, uma garota com uma camisa do AC/DC, e um cara do nosso lado. Eu não ouvi direito o nome dele, mas ele acho que ele tinha gostado mesmo do meu timbre em Geração Coca-Cola.
Eu cantando o mais alto que pude, ao ponto de sentir as batidas do meu coração em sintonia com a minha voz.
Em menos de uma hora, eu tinha um calo no indicador direito. Um dos grandes. A agonia, quase maior que ele.
Morrendo de sede, garganta seca horrores, rouca, mas ainda tinha um grande repertório para tocar.
É que às vezes eu esqueço que nem todo mundo conhece Damien Rice.
Passei uma hora e alguns minutos lá. Para ser mais exata, 1h43.
Matematicamente falando: 1h43 = 2 reais.
Mas quem liga?
Com um momento só meu, com minha voz ecoando pela parede do metrô, a dor do meu dedo sendo completamente ignorada, o sorriso do rapaz que ouvia, o olhar do rapaz que passou com fone de ouvido...
Todo aquele momento era meu.
Todo aquele momento era nosso.
Mas na verdade mesmo, todo aquele momento era pra você.
Mesmo que voce não tenha passado lá pra ouvir, ou se quer tido a curiosidade de ouvir.
Era pra você, porque aquele momento fez parte da sua vida, mesmo você nunca tendo encostado em mim.
Você não precisa encostar em mim pra gostar de música.
E eu não preciso de um príncipe, de um reino e de um castelo para me sentir com uma coroa.
Mesmo que ela seja de papel.

P.s.:
Feliz anirvesário, Pré Psicopata.

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Ahá.