31 de julho de 2010

Insegurança

Bem.
Ontem, uma criança de cinco anos me pediu um presente de anirvesário inusitado: um segredo exposto.
Segundo ela, quando nós, humanos, expomos um segredo, nos libertamos de um fato. - e eu hei de concordar.

O que eu vou contar, não é um segredo. Mas é algo que eu não contaria pra ninguém. Guardo só pra mim.

Não lembro de dia da semana era, que horas eram, qual dia do mês era, nem qual era o mês, mas isso aconteceu em 2008.
Entrei na loja sorridente. Estava sendo um dia bom, mesmo que relativamente. Procurava um vestido para ir à festa que o colégio apresentaria no sábado seguinte.
Achei o tal vestido. Caiu como uma luva, o que tornou o dia melhor ainda.
Saí da loja com uma sacola na mão, ainda sorridente.
Saí do shopping levemente saltitando, levemente sorridente, levemente leve.
Então, olhei para a esquerda.

Nenhum carro vinha.
Então, olhei para a direita.
Nenhum carro vinha.
Quando respirei fundo para atravessar, olhei para a direita de novo.

Ele estava beijando outra moça.

Não era meu namorado, não era meu amigo, não era, se quer, meu!
Mas eu desmanchei na faixa de pedestre. Eu, realmente, desmanchei.
Minhas mãos começaram a suar, meu coração acelerou tanto, que dava pra ouvir.
Engoli a saliva, engoli o berro, engoli a lágrima, e atravessei.

Passei um bom tempo me perguntando o porquê daquela reação.
Ele não era meu. Ele não era nada. Ele não era nada meu.
Talvez, ele fosse mesmo dela. E isso não deveria mudar algo na minha vida.
Muito menos algo relevante, como a minha respiração.

Talvez, eu só tenha tido aquela reação, quando ele disse que me esperaria.
Quando me esperaria do lado de fora.

Talvez, aquele "te espero aqui", não tenha sido pra mim. Mas eu ouvi como se fosse.
Talvez, tenha sido para algum personagem assustador, que repreende as pessoas.
Ou, simplesmente, para o amor da vida dele, ou para o que ele pensar que fosse.

Mas no fundo do fundo, esse não é o meu segredo.
O que eu realmente chamo de segredo, são as dúvidas que aquele dia deixou.



feliz aniversário, lucy. eu amo muito você.
e obrigada por diminuir minhas dúvidas.

2 comentários:

Noah Wahr disse...

Você é sempre tão poética. Postei um texto hoje que quero MUITO que você leia.

Azrael disse...

é engraçado como as vezes tomamos posse, mesmo sem saber, de tantas coisas que nem sempre diz respeito à gente.

é engraçado como essa pseudo-posse toma conta da gente de um modo avassalador...

é engraçado qdo olhamos pra trás e lembramos dessas ocasiões. E vc se pergunta: "como assim?"

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Ahá.