15 de maio de 2010

Não somos humanos; somos livros.

Alguém já te contou uma história, que você já conhecia, mas mesmo assim você gostou de ouvir, mesmo que você já soubesse de cor e salteado o final?
A morte deve ser assim.
Toda a sua história. Você já deve saber o final, você sente quando está morrendo, não importa o que vier depois, "você está morrendo, isso acontece, ou melhor: está acontecendo".
Essa história.
Cabe a você.
Cabe dentro de você.

Mas talvez ela seja tão, mas tão grande, que ela talvez não caiba na sua morte. Todo dia, uma aventura, uma nova historia. 365 histórias num ano.
Talvez, essas 365 histórias sejam tão longas, que nem caibam em todos os 365 dias, e, talvez, você precise de mais - no mínimo - 200 dias para terminá-la.
É assim você adia a morte.

Você não vence a morte por ser corajoso. Covarde, feliz, deprimido, genial, ignorante. Ninguém vence a morte: não tem como vencer algo que não está contra você. Não importa. Mesmo que você pense que ela esteja tirando a sua vida, ela não está, nunca esteve contra você.

Só você que não se venceu.
Normalmente, as pessoas não gostam da própria morte, do ato de morrer, ou simplesmente de saber que vai morrer: algo irreversível.
Mas elas não deveriam culpar algum ser com uma foice, algum acontecimento, ou falta de algo/alguém por ela chegar.
É só que nós vamos ficando velhos, e nossa memória vai junto, nossa imaginação, vai junto.

Nós repetimos as mesmas histórias. Já sabemos o final dela. Recontamos as mesmas histórias e acabamos sem imaginação para terminar de contá-las.
Porque, não importa de qual religião você seja, mesmo que você tenha vivido mai de 983 dias, você só teve uma história. Uma vida.
E é quando a nossa imaginação acaba, que, enfim, morremos.

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Ahá.