30 de janeiro de 2010

Post de auto-ajuda. Post de auto-conhecimento.

Você é perfeito.
Digamos que você seja um semi-deus.
Bom, todos eles são perfeitos (mesmo que todos tenham o seu "calcanhar de Aquiles". Porque quando se é um semi-deus, os seus defeitos somem diante duma qualidade).
Você é um semi-deus, porque deve considerar seus pais heróis, e todos os heróis são deuses, sejam eles Batmans ou Tex da vida. (Tex é deus também, oras!)
Consequentemente, você é filho de heróis. Você é perfeito.
 E digamos que você não considere seus pais heróis. O herói da história vira você.
Você continua sendo perfeito.


Todo mundo conhece alguém que diga "nossa, como você é perfeito", e esse alguém ama tudo o que você odeia em si mesmo.
Você continua sendo perfeito.

E, suponhamos que você esteja no meio do nada, sem nada nem ninguém, e você seja a única coisa que existe, e por ser a única coisa que existe, você é perfeito!

Agora, acredite nisso, e pare de encher o saco.

27 de janeiro de 2010

Otimismo de verão

Pra tomar vacina, a gente aprende a usar os pensamentos felizes como entorpecentes. Como anestesia.
Só que todo momento feliz vem seguido de um triste.
Por que não fazer o contrário?


There a lot of people who call you by your name. But there is only one person who can make it sound so damn special.

24 de janeiro de 2010

O Caso da Coisa

Há alguns anos, numa pequena cidade do interior de Minas Gerais, os jornais estamparam suas capas com a foto de uma Coisa. Ninguém sabia direito o que era aquilo, mas todos tinham uma hipótese. Possuia o tamanho semelhante ao de uma tampa de garrafa de cerveja, e tinha várias cores, vários tons. Consequentemente, vários nomes. Alguns a chamaram de "aquilo", outras de "isso". Mas como nome é substantivo, ficou sendo "Coisa".
A cidade inteira ficou curiosa para saber o que era aquilo, porém, a curiosidade permaneceu por um bom tempo até definirem o que era aquela Coisa. Porém, nem os cientistas que ali apareceram de repente, conseguiram descobrir.
- Mas esses caras são esquizofrênicos! Não veem que isso já não tem vida?! Isso é uma Coisa! E não há nada mais para descobrir! - declarou seu Ricardo
- Mas isso é História, seu Ricardo!
- O fato ou a Coisa? - perguntou Manoel, dono da padaria.
- Os dois! - respondeu D. Fátima, cheia de certeza.
- Pois eu concordo e discordo. Concordo que seja sim um fato histórico, mas para a vida de cada um de nós! Esse caso na vai aparecer no Jornal das 20hrs, e mesmo que aparecesse, seria depois da reportagem de 30 min sobre os benefícios do abacaxi. E, oras, essa coisa não é histórica! Ela não tem boca para falar de qual época veio! Ela nem tem vida!
- Ave Maria, seu Ricardo - aborreceu-se D. Fátima - Os livros não têm boca, ou se quer vida, e falam!
- Eles foram escritos por alguém que possuia as duas coisas. E meu argumento é tão válido, que a senhora só discordou porque meu discurso não foi tão poético quanto a sua frase. Hunf!
- Olha aqui, seu Ricardo...
- Olha aqui a senhora! -interrompeu - Eu hein!
- Acalmem-se! Se querem brigar, briguem fora da minha padaria! - impôs Manoel - Onde já se viu?
Aquele final de tarde foi como todos os outros para D. Fátima, seu Ricardo, Manoel, e para todas as outras pessoas da cidade.

05hrs da manhã. A cidade ainda dormia quando duas caminhonetes invadiram a pequena cidade à procura de uma Coisa.
-  Você achou, Francisco?
- Não, chefe.
- Vamos ter que ir ao prefeito, então.
- Hoje?
- Não, imbecil - retrucou o chefe - Amanhã.
- Mas "o amanhã" é hoje.
- Hã?
- São 5hrs da manhã, sabe? Então, tecnicamente...
- Ah, fique calado.
O chefe e Francisco dirigiram-se ao hotel, e passaram o resto da madrugada lá. Quando eram 14hrs, eles sairam do hotel e, chamando muita atenção por serem desconhecidos e por suas vestimentas diferentes, foram a escritório do prefeito.
- Olá. O que desejam? - o prefeito perguntou, desconfiado
- A Coisa.
- Que Coisa?!
- A Coisa, caramba! - disse o chefe, sem paciência
- Defina "Coisa".
- Coisa? Coisa é uma coisa sem definição!
- Mas deve ter forma, não?
- Mas não tem nome.
- A forma não tem nome?
- Não.
- Então a forma tem nome? - perguntou o prefeito
- Sim! Quer dizer, não! A forma não tem nome.
- Tem cor, ao menos?
- Branco.
- Ah, A Coisa é branca?
- Não.
- Ué! - expressou o prefeito, já sem muita paciencia de continuar aquilo
- Não tem cor..
- Então a coisa é transparente.
- Não! Tem todas as cores!
- Por que disse que é branco, então?
- A soma de todas as cores não é branca? - questionou o chefe
- Esqueça.
- E o tamanho?
- Mais ou menos assim - o chefe juntou o polegar e o indicador da mão direita - Sabe?
- Mas que diabos de Coisa é essa?!
- A Coisa!
- Assim fica difícil, amigo - confessou o prefeito.
- Chefe? - perguntou Francisco
- O que queres?
- Não é A Coisa que está estampada no jornal?
- Onde?
- Ali - Francisco apontou para o jornal que se encontrava no chão do canto da sala do prefeito - Olha...
- Isso! Isso! Isso é a coisa!
- Isso ou A Coisa? - perguntou o prefeito
- Não, isso É A Coisa! Aqui! Na capa do jornal!
- Aaaaaaaaah sim! OK... E para quê você quer isso?
- Porque eu...
- Eu não perguntei porquê. - interrompeu o prefeito - Perguntei para quê.
- Para eu deolver pro dono!
- Mas não é seu?
- Não, é do meu chefe.
- Mas você nao era o chefe?
- Todo chefe tem um chefe!
- Mas eu não sou chefe - disse Francisco
- Fique quieto. - retrucou o chefe - Só quero A Coisa de volta. Onde ela está?
- No museu. - respondeu o prefeito
- Vamos até lá. Agora.

Sem poder evitar, o prefeito acompanhou o chefe e Francisco até o museu. 2hrs depois, os três estavam dentro do museu, de frente pra Coisa, que estava dentro de um vidro sob um pedestal de madeira.
- Tenho nojo dessa Coisa - comentou o prefeito
- Por que? - perguntou o chefe
- Eca! Olha!
- Isso é normal.
- Não... - respondeu o prefeito - Não, pelo menos aqui.
- Bom. Posso levá-lo?
- Não.
- Por que? - o chefe admirou-se
- Isso tem uma taxa?
- Não...
- Pois agora tem. 200 reais.
- Tome, pobre coitado - disse o chefe enquanto tirava o dinheio do bolso -. Agora dê-me A Coisa.
- Aqui está.
- Eca! É nojento mesmo!
- É... - disse o prefeito, num tom meio irônico
- Então, podemos ir, chefe?  - perguntou Francisco
- Segure isso! - disse o chefe entregando A Coisa para Francisco
- Eca! Eerr.. Eca.
- Oras, leve essa Coisa daqui. - ordenou o prefeito
- Não! É feia demais!
- É. Mas o seu chefe quer, não quer?
- Quer. Mas creio que ele goste de coisas mais bonitas.
- Oras... - Francisco pensou alto
- Prefeito, dê-me meus 200 reais.
- Dê-me A Coisa!
- Tome.
- Tome!
- Vamos, chefe?
- Vamos, Francisco.
O chefe saiu confuso do museu e levou consigo Francisco e as caminhonetes.

"O que vou fazer agora?" questinou o prefeito quando viu-se parado só, na porta do museu às 5h:25 da tarde. Foi até a recepção:
- Posso devolver A Coisa? - perguntou para a recepcionista do museu - Posso?
- Desculpe, prefeito. Isto já está registrado como vendido.
- Já? Quem registrou?
- Eu, prefeito. Afinal, você a vendeu para aquele senhor de bigodes.
- Oras! E desde quando se vende peças de museu, pra ter um caderno de registros e tudo?
- Desde quando o senhor aprovou o abaixoassinado que o seu Ricardo fez, dizendo que os objetos que aqui estão só têm valor Histórico, o que ele disse que não importa muito. Algo assim.
- Quando que eu aprovei isso? - perguntou o prefeito, apavorado - Quando?!
- No início da campanha, senhor.
- Nossa.
- É - concordou a recepcionista
- Boa noite. - o prefeito despediu-se

O prefeito saiu do museu e dirigiu-se à sua casa, onde chegou quando, finalmente, escureceu. Entrou em casa, fechou a porta e encostu na parede com A Coisa na mão. Andou em volta da mesa de madeira da sala, e às 18hrs em ponto, apoiou o braço direito na mesa e percebeu que estava bamba. Olhou pra o pé torto da mesa e pensou "por que não?". Abaixou-se lentamente. Com o braço direito, empurrou a mesa e colocou A Coisa no chão. Levantou-se, levantou a mesa com um pouco de esforço, e apoiou o pé torto sobre A Coisa. A mesa já não era mais bamba.
- Ufa - sussurou  o prefeito
- O que foi? - perguntou a mulher do prefeito, penteando os cabelos
- Cansaço, querida, cansaço.
- Hm... Hoje fui cortar cabelo. Reparou na cor nova? É uma mistura de vermelho com marrom, que se chama vermelho amendoado e... O que é isso?
- Isso o quê?
- Essa Coisa debaixo da mesa.
- Ah, é A Coisa que não deixa a mesa bamba.



História fictícia, feita em parceria com dona Marianna. Não quis insinuar nada sobre os mineiros, os prefeitos, os chefes, os Franciscos, e nhe nhe nhe.


OBS.: O post do dia anterior não é uma frase ateia.

21 de janeiro de 2010

Tire suas conclusões

No inferno está aquele que tudo sabe.

15 de janeiro de 2010

Só 7 pequeno desejos;

E é por essas e outras que eu quero um violão, um copo de guaraná com pizza, flores no cabelo, roupas na areia da praia, sonhos num olhar, marquinhas de batom, e muitos corações riscados na parede.


Só 7 pequenas impossibilidades.

8 de janeiro de 2010

autoafirmação em forma de palavras

Detesto as melhores coisas do mundo. Mesmo que elas não sejam detestáveis.
Elas simplesmente descartam todas as oportunidades, sonhos, chances, e sentimentos que existem. Nada é melhor que nada, e ninguém é melhor que ninguém. Tudo tem dois lados, até a moeda.
Mas por que algum imbecil criou o Livro dos Recordes?

Hoje fui à livraria. Tinha acabado de chegar. O antigo, do ano passado, eu acho. Com uma capa verde brilhante, como se anunciasse um milagre.
Convenhamos, não é um milagre um menino de 9 anos equilibrar 10 caracóis na face. Eu consigo fazer isso. Com 11 caracóis, 11! (sim, eu tentei). E nem por isso fui ao Livro dos Recordes.

Não existem por aí caçadores de recordes (existe?), pelo menos no Livro dos Recordes. Você se inscreve, eles vão até a sua casa marcar em quanto tempo você consegue fazer a maior bola de chiclete do mundo.
 O Livro dos Recordes é, na verdade, recordes infelizes de pessoas que querem se autoafirmar.
Assim como o Twitter, o Formspring, o Orkut, e o Pré Psicopata.

Aliás, escrever não é nada mais do que se autoafrimar.
Autoafirmar oportunidades, sonhos, chances, e sentimentos.

2 de janeiro de 2010

stairway to heaven

Se a Lei de Murphy diz que se "algo tem chances de dar errado, dará", e tudo tem chances de dar errado, e ela é uma lei, e leis têm que ser cumpridas por todo mundo, e todo mundo tem que ter chances de ir pro Paraíso, e toda e qualquer pessoa tem a chance da sua vida, e quando acerta vai pro Paraíso onde tudo é perfeito e tranquilo, e nada tem chances de dar errado...

Seria o  Paraíso o (ou algum) lugar onde nada acontece?

1 de janeiro de 2010

devaneios

Meu nome é Ana Julia. E eu não posso comer maçã.
Eu não posso comer maçã porque uso aparelho. E a maçã é dura o suficiente para quebrar o aparelho. E se o aparelho quebrar, meus pais já disseram: se vira. Lógico que meu pai me ajudaria a pagar outro, mas ele faria isso pelos Direitos Naturais, e, talvez, por um tiquinho de amor. Não que ele não me ame. Só que ele nunca foi a favor de eu colocar aparelho, e sairia uma pá de grana se eu o quebrasse. Seria desperdício de dinheiro do aparelho antigo, e desperdício de dinheiro do aparelho novo. É, do aparelho novo também. Seria desperdício de dinheiro com o aparelho novo, porque seria, basciamente, gastar dinheiro com uma maçã. Com um descuido meu.
Sou muito descuidada. É que eu sou preguiçosa, sabe? Eu admito isso porque chega a ser algo normal. Hoje em dia tá tudo tão rápido, que as pessoas nem precisam se levantar para lavarem a louça. Aí aumenta a preguiça. O ócio. E depois todo mundo reclama.
A preguiça é o único (eu acho) pecado que ninguém pode fazer parar. Nem a Bíblia.
Não que a Bíblia esteja errada, ou eu seja atéia. Eu não sou atéia. Eu acredito em Deus. Eu sei. Mas eu talvez não leve muita fé na Bíblia.
Acho que isso vem de família. Não que a minha família ache que a Bíblia esteja errada, ou que ela - a minha família - seja atéia. Pelo contrário, são católicos-exemplos, assim posso dizer. Pelo menos os tios da parte da minha mãe. Mas continuando, disse que isso vinha de família, porque eu acho que esses tios são um pouquinho paranóicos. Paranóicos porque eles querem que o mundo viva em paz, e eles acreditam que essa paz só possa ser conquistada com a Bíblia.
Por isso, eles juram que não fazem nenhum pecado. Mas são paranóicos. O que não é um pecado decretado, mas é um pecado pra ciência.
Não que todos os católicos sejam paranóicos. Generalizar é algo feio.
Eu tenho tios por parte de pai também.
E eles também são paranóicos. Mas eles não são católicos. Eles são ateus.
O tio mor é economista. Vive preocupado com a inflação. Vê a Bolsa de Valores todos os dias, e acompanha negócios até que não têm nada a ver com os negócios da família.
Consequentemente, casou-se com uma mulhe preocupada com a inflação, e então, suas crias foram de crianças (hoje, todos já crescidos) preocupadas com o dinheiro da mesada.
Ué, se preocupar com o dinheiro é necessário para que vivamos decentemente.
Mas eles são um pouquinho paranóicos. Paranóicos porque ao invés de olharem a parte "Cultura" do jornal, olham a parte "Economia".
Eles não acreditam na Bíblia, são ateus. Por isso não ligam se isso é pecado ou não.
Porém, eles acreditam na ciência.
E ser paranóico é um "pecado" pra ciência.
Não que todos os ateus sejam paranóicos. Generalizar é algo feio.
Ser paranóico, para ciência, significa ter má digestão.
Estudos já comprovaram que quando você está paranóico enquanto come, você digere as coisas mal. E, pense só, é nojento você saber que ainda tem restos dentro de você. Restos do almoço do dia anterior.
Meu tio por parte de pai almoça recebendo - e vendo - mensages de celular. Mensagens que dizem: "nosso negócio foi aprovado!", "a Bolsa caiu!", "hora de fechar o negócio.", "o que você acha de Marx?"
Coisa chata. Acho que a hora do almoço serve pra você falar de coisas que você gosta. Não que eu não gosto de economia, de discutir economia, eu até gosto. Mas não na hora do almoço.
E não, meu tipo por parte de pai não gosta de economia.
Ele seguiu economia porque foi o único vestibular que ele foi aprovado. Ele queria fazer medicina.
Meu tipo por parte de mãe almoça preocupado com a gula. É um dos pecados, né?
Fica se questionando em voz alta se deve comer mais. Se ele está com vontade, coma, ué! Não é pecado! É só não exagerar!
Ele é tão preocupado com o exagero, que acaba esquecendo que exagera ao se preocupar.
E não, ele não gosta de se preocupar. Sempre diz que quer "levar uma vida tranquila, sem preocupação".
Meus tios não digerem nada bem.
Mas então, o que falar na hora do almoço? Falar de coisas agradáveis, sim.
O problema é que nem tudo que agrada um, agrada outro.
E a única coisa em comum que a família do irmão da minha mãe tem, é a Bíblia.
E a única coisa em comum que a família do irmao do meu pai tem, é a Economia.
Eles deviam passar mais tempo juntos. Assim o pai do sobrinho da minha mãe descobriria que o sobrinho da minha mãe também gosta de Bob Dylan.

Mas do que eu estou falando. Aqui ninguém almoça junto. Justamente por isso.
Aposto que na casa do Bob Dylan todo mundo almoçava junto. Não pela época de adolescência dele, mas porque os valores eram outros naquela época.
Os valores daquela época pra essa época ainda são os mesmos.
Só com um pouco mais de preguiça.
Um pouco menos de fé.
E um pouco mais de números.
E já existia a bolsa. Já existia a Bíblia.
E já existia maçãs.
E já existia devaneios.

vou ser apedrejada por esse texo. ahueha.
coisa sem nexo.