27 de junho de 2010

rotina é para quem precisa.

nasci.
aprendo, cresço, me imponho, berro, grito, taco fogo no circo, fico em silêncio, fico no canto.
entro, saio fora, pulo fora, dou um fora, volto, piso na bola, erro, erro, erro, erro, berro outra vez.
esqueço-me, apaixono-me, encanto-me, desencanto-me, sinto-me, espero-te.
tenho voz, falo baixo tom, em tom baixo, veias, sangue, vermelho, hemoglobina, pulsação, olhar de menina.
fragilidade, floridade, na flor da idade, em casas coloridas de papel-marchê.
tento, tento, tento, acerto. lençóis, dias, manhãs sorridentes, pessoas sorridentes, vendedores sorridentes.
que investem tanto em filas e não em pessoas, onde passo maioria do meu tempo, esperando, esperando, até, berrar, pela última vez na minha vida, que
morri.



(por favor, elza soares, leia em alto e bom tom esse post! hahahah)

26 de junho de 2010

E as pessoas da sala de jantar

10 retratos enfileirados na estante.
9 contas de um colar arrebentado no chão.
8 moedas de 25 centavos no bolso.
7 flores murchas no vaso.
6 cadeiras envolvendo uma mesa.
5 manchas no sofá.
4 dedos sujos de tinta.
3 manhãs perdidas.
2 pessoas nelas.

1 mente ocupada.

23 de junho de 2010

22 de junho de 2010

Uma pequena confissão matinal

Eu até gostaria de voltar ao passado.
Consertaria tanta coisa, e talvez, até errasse mais só pra ver no que ia dar.
Aproveito, e conserto a frase anterior: e talvez, até arriscasse mais só pra ver no que ia dar.
Mas sabe como é, a gente sempre se vê mais feliz no passado do que no futuro. Importando ou não se temos pensamentos positivos, boas esperanças, ou bons amigos ao lado hoje.
Porque no final das contas, a gente crê que o que vale mesmo, são os pensamentos que estiveram conosco, as boas esperanças que estiveram conosco, e, essencialmente, os bons amigos que sempre estiveram conosco.
Vai ver que O Criador é quem quis que tudo fosse assim. Que a gente soubesse dar mais valor pro que tivemos. E se arrependesse mais, até dar uns sorrisos a mais.

"Haja hoje para tanto ontem"  (Paulo Leminski)

20 de junho de 2010

Uma loucura, uma decepção, um arrependimento, por uma melhor idade

Somos seres bio-degradáveis, recicláveis, mutáveis, criadores, ou como você quiser chamar.
Estamos sempre num processo de deterioração, decomposição, ou, de uma forma mais bonita, amadurecimento.
Amadurecer.
Amadurecer nem sempre significa deixar de assisitir desenhos animados ou parar de colecionar miniaturas de carros. Mas, também, amadurecer nem sempre significa não se decepcionar.
Você quase nunca vê alguém que todo mundo julga amadurecido, decepcionado. Porque, talvez, ele já tenha se decepcionado com tanta coisa, que chega ao ponto de não se decepcionar com mais nada.
Talvez, amadurecer seja chegar num ponto onde não há mais nada pra experimentar. Onde você já tenha tomado todas as suas escolhas importantes, e só resta lembrá-las.
Gostaria de, encarecidamente, pararem de chamar de melhor idade. Pararem de promover campanhas de vacinação para os idosos e montar postos de saúde aonde apenas os idosos com condição de comprar um carro podem chegar.
Porque esses seres, acima de tudo, são como nós.
Só que foram reciclados mais vezes.
E como tudo um dia acaba, mas tudo se transforma... Nós os veremos em algum lugar depois daqui.

Eu gostaria de que, pelo menos, quando essas pessoas - e até nós mesmo - morrermos, não seja um velório tão feio.
Não seja um velório baseado em estatísticas, em deprimência, em "já estava na hora".
Nunca está na hora.
A gente sempre tem mais alguma conta para pagar aqui.

Então, o post de hoje, basicamente, é sobre a beleza que eu tento enxergar, mas não consigo.
Por, simplesmente, ainda não ter me decepcionado o bastante, me reciclado o bastante, não ter sentido o bastante para poder afirmar algo num blog razoavelmente cor-de-salmão.
E, aí vão minhas sinceras desculpas.
Por ter feito menos quando podia ter feito mais.
Por todos nós.



(Luto.)

16 de junho de 2010

Está tudo cada vez menor

Uma (atualmente) pequena certeza:

Há o mundo. Bem grande. No céu, no espaço, ou como você queira chamar aquilo.
E não me importa que os atrônomos, os físicos, ou sei lá o quê digam que a Terra é menor que o Sol.
A gente, carinhosamente, chama a Terra de mundo. É o nosso mundo. E eu, sinceramente, não gosto de comparar as coisas que são minhas. Muito menos as coisas que são nossas.

Dentro deste pequeno-admirável-grande-nosso-mundo-novo, há os continentes. Cheio de gente. Cheio de História, cheio de conflitos, cheio. Entupido de gente. Mas ainda cabem algumas mais de 500.000 pessoinhas num dia só. Só para encher mais o mundo.

E menor que o continente, são os países. A mesma coisa que o continente, só que um pouco mais específico, e com menos pessoas do que um continente junto. Imagina só. Um país que faz parte de um paizão, assim poderia dizer. Fica meio esquisito, mas não deixa de ser.

Mas ninguém mora no Brasil. Todo mundo mora em alguma cidade do Brasil.
Que, logicamente, é menor que o país. Cidades competem.
Mas competem, porque existem as pessoas.

Pessoas. Cheias de sangue, células, tecidos, medos, gostos, e idéias. Mas são tão simples.
Talvez por isso eu pense que pessoas são tão fascinantes.
E não há pessoa nesse mundo que seja mais fascinante do que a outra.
Mas, os poetas, os médicos, a Bíblia e as mães dizem que um órgão faz com que as pessoas vivam, ou sejam o que ela são.

A menor parte do mundo, que já é pequeno.

O coração.




(Agora não culpem o aquecimento global por tudo; culpem o novo Blogger por tudo. PQP.)

7 de junho de 2010

Chá do seis

E meio a esse começo de junho (leia-se caos) todo, você perguntará:
- Ana, você vai ficar calada?
E você, sem dúvidas, não irá ouvir a resposta que quiser. Aliás, resposta alguma: tirei o mês para tomar chá.
Volto mais tarde.





final alternativo (rimado e tosco) para o paulo noel fazer música:

E meio a esse começo de junho (leia-se caos) todo, você perguntará:
- Ana, você vai ficar calada?
E tenho certeza, a resposta que queres não vira.
Porque, simplesmente, tirei o mês pra tomar chá.


É, eu realmente estou em decadência.