25 de abril de 2010

Do verbo haver nas estações

Como folhas no outono, como folhas de outono no verão.
Como se o sol continuasse lá: intacto, radiante. E as folhas, esperassem a hora de cair.
E sem ansiedade nenhuma, sem nenhuma expressão, elas caem, mudando de posição: separam-se.
O sol não. O sol continua lá. Dá 6hrs da tarde, ele muda de posição. Mas não se separa de ninguém: quem não tem o sol desenhado em algum lugar?
Todo mundo "normal" tem uma perspectiva igual do sol: amarelo, cheio de raios. Gosto de desenhar o sol com óculos e um sorriso, que nem as crianças. Minha perspectiva do sol é igual a delas.

Mas ninguém tem uma perspectiva igual sobre uma folha voando no outono.
Poucos conseguem desenhar uma folha voando no outono, do jeito que imaginam.
Haja treino para desenhar toda a borda, delineadinha, cheia de cortes. Haja treino pra conseguir o lápis de cor no tom igual ao de uma folha seca, haja treino.
Mas que também haja imaginação.

Nós nos esquecemos, que quem, a princípio, a secou, foi o sol. Aquele mesmo, que continua intacto, se movendo lentamente, mesmo assim, em seu lugar, esperando dar 6 horas.

Haja horas.
Haja outonos.

19 de abril de 2010

pessimismo de segunda

É vergonhoso dizer que às vezes, quando o tempo tá abafado, quando tem gás carbônico no meu rosto, quando as pessoas insistem em dizer discretamente que eu ando na contramão... Eu continuo sonhando.
E imagino diálogos, abraços, sorrisos, ventos no rosto, quando tudo que eu sinto são os ombros das outras pessoas encostando nos meus. Eu continuo na contramão.
E volto para casa, às 01h30 da tarde, com fome, com calor, com cansaço físico e moral. Mas, quem liga, eu continuo sonhando.
Só porque as coisas estão indo muito bem, e eu estou feliz com elas, eu sonho o dia inteiro. Não faz muito sentido: as coisas estão indo bem, deveria vivê-lás! Mas acho que jeito de ser feliz mesmo, sem entender bulhufas do que seu futuro vai fazer contigo, é sair de si.
É pensar que ficar na contramão é mais legal, e não se achar superior com isso.
Achar que o teu futuro não vai ser igual ao dos outros, e que isso era tudo o que você queria.

Mas de repente, você acorda.
E cai.
E lembra que a vida tem altos e baixos, e depois de um "alto", vem "um baixo".
E dá medo de que você volte a sonhar nos ombros das pessoas de novo, porque, depois de "um alto" vem "um baixo", e os baixos costumam ser tão ruins.
Talvez só porque sejam como uma âncora.
Que coloquem seus pés no chão.

12 de abril de 2010

Sobre estar (ou apenas sentir-se) só

Dessas saudades estranhas que dão na gente, antes mesmo da noite virar madrugada. Aquelas saudades ansiosas, famintas, incessantes.
Dessas saudades que vem (e como vem!) 2 vezes no ano... Ou 2 vezes na semana.
Dessas saudades que convidam a nostalgia, a carência e o frio para dançar. Dançar até que o dia surja e, com força, empurre a lua pro outro lado do mundo. Para que a lua vá, e leve com ela todos aqueles que participaram dessa noite...
Dessa saudade.

9 de abril de 2010

Cadê?

Eu não tenho tido muitas idéias boas para escrever ultimamente.
Só que eu passei aqui pra dizer que eu tô com saudade, e não queria que você sumisse - mas, principalmente, espero que você leia.
E pra dizer também, que eu tô com saudade do blog, e não queria que eu mesma sumisse do que é meu.
Então, quando eu terminar de tomar chá todas as noites da semana pra passar a insônia, eu apareço aqui de novo, mais psicopata e, quem sabe, apaixonada do que nunca.
Buenas

1 de abril de 2010

Confusão

Qual é o limite?
O Céu? O Inferno?
Passar em algum concurso público?
Capitalismo exagerado, concordar com Zeca Baleiro, estampar numa camiseta que "lugar de ser feliz não é supermercado"?
Tatuar 80% do corpo pra aparece num livro com capa metalizada?
Desejar feliz anirvesário na data errada?
Votar 50 vezes em alguém que você não conhece por causa de um programa de televisão?
Ser crédulo demais, achar que se dormir tarde demais, vai acordar e descobrir que foi abduzido?
Trabalhar até nos sábados e negar pra si mesmo que não está sendo consumido?
Comer chocolate demais, depois se culpar?
Culpar a chuva pra não ir à academia?


Ou não sair de casa pra não ficar na dúvida sobre um eu te amo que você ouviu, hoje, dia primeiro de abril?