28 de fevereiro de 2010

A Wolf at the door

Morte.
Adoro falar dela.
Já encarei algumas na minha vida. Umas duas foram realmente dolorosas, outras, só foram perdas. É que às vezes não dói perder.

Aprendemos desde criança (pelo menos onde passei minha infância) a não tratar as pessoas como objetos. Mas e quando elas morrem? Elas viram ossos. Isso é um objeto? Isso é o quê?
Ossos são a essência da coisa?

Aprendi desde criança que é a alma. Mas, desculpe, tenho que discordar. São as lembranças.
Para você pouco importa a alma dela. A cor dela.
Pouco importa quando ela morre.
O que fica são as lembranças. Por isso dói.
Porque a essência sempre fica mais colorida. A gente lembra de coisas que não lembrava.
Passa a lembrar pra quê foi usado o objeto.

Aprendemos quando criança que nascemos, crescemos, reproduzimos, e, finalmente, morremos.
Aprendemos um pouco mais velhos que nascemos, crescemos, trabalhamos, aposentamos, e, finalmente morremos.
E quando estamos adolescentes só lembramos que nascemos, e que estamos crescendo.
Criança tem medo da morte.
Têm medo da perda.
Demorou um tempo pra eu perder o medo da perda.

Não deveríamos ter medo, em nenhuma fase da vida, de perder. Seja lá o que for pra ser perdido.
Não deveríamos ter medo de perder nenhuma fase da vida.
Não deveríamos perder uma fase da vida por causa de medo.

Mas nós crescemos.
E o medo cresce junto com a gente.
Ainda lembro de quando o medo era só uma sombra na parede.

25 de fevereiro de 2010

Os olhos são a janela da alma

O que você ainda espera da vida?
Que desça as escadas e perca o All Star, que alguém ache e procure, por quem será que tem aquele número perfeitamente proporcional?
Que você passe de primeira num vestibular, faça a faculdade com um sorriso na cara o ano inteiro, e que arranje um emprego logo que sair?
Que todo mundo vai se apaixonar por você só porque você conhece Freud?
Ou que você tem futuro só por achar que tem futuro?

Que rezando você consegue alguma coisa?
Que gênios na lâmpada existem?
Que a Física vai te puxar pra realidade?
Que, afinal, você saiba o que é realidade?

A realidade é que são 21h:46. E acho que esse, o tempo, é o limite de realidade que o homem pode ter. Nada mais de moléculas, acordes, adjetivos, sorrisos. A minha realidade não é o seu sorriso.
É a sinceridade com que eu o retribuo.
E essa sinceridade não é nada mais e nada menos do que a retribuição automática desse sorriso.
Mesmo sem você sorrir.

O que você espera da vida?
Que eu sorria sempre?

19 de fevereiro de 2010

retrucando

A lei diz pra você não matar
E não importa o quão sem paciência você esteja.
Não saia matando ninguém porque sua cidade não é a mesma
Não saia matando ninguém porque seu Governador foi preso
Não saia matando ninguém porque bateu a canela na mesa
E só mate alguém tendo a consciência de que você se importa com a lei
Mas ela não se importa com você
E só mat alguém tendo a consciência de que você não se importa com essa pessoa
Mesmo que ela talvez se importe com você.



Quantas vezes não agimos como a lei?
Quantas vezes não agimos contra a lei?
Quantas vezes não agimos?

17 de fevereiro de 2010

3 perguntas piores do que o nucleo

Simplesmente é. Não deveria ser, mas é. E quem disse que não deveria ser?
Eu não criei o universo. Eu não criei nem o meu próprio universo.
E quem disse que eu deveria criar?
Criatividade é algo pra pensar, pra imaginar, ou até mesmo, pra fingir esquecer.
E fingir esquecer é tão poético.

Por que você não vê por esse lado quando está chorando?
Por que você não se quer cria coisas que podem fazer você parar de fingir?
Por que, afinal, você quer esquecer?

*adicione aqui o cogumelo atômico da morte*

12 de fevereiro de 2010

Rock around the clock tonight.

A vida é longa, o dia é curto, as horas entendiadas, os minutos passageiros, os segundos invisíveis, os anos inesquecíveis, as décadas históricas, os milênios uma nova vida, as noites poéticas, e você, preocupado.

7 de fevereiro de 2010

No Rain.

All I can say is that my life is pretty plain
I like watchin' the puddles gather rain
And all I can do is just pour some tea for two
and speak my point of view
But it's not sane, It's not sane





I just want someone to say to me, oh oh oh oh
I'll always be there when you wake
You know I'd like to keep my tears dry today
So stay with me and I'll have it made


And I don't understand why I sleep all day
And I start to complain that there's no rain
And all I can do is read a book to stay awake
And it rips my life away, but it's a great escape! Escape, escape, escape.















 Queria ter escrito essa letra.

Pro Pedro, que diz que fugir é necessário. 

2 de fevereiro de 2010

To see if I still feel.

Os seres humanos são animais engraçados. Mais engraçados do que aqueles lagartos verdes que andam na água que você viu hoje, no Discovery. São animais engraçados, porque têm memória independente de trauma, mas dependente de momento.
Sinceramente, se você me perguntar o que foi que eu comi no jantar na segunda-feira passada, eu não saberei responder. Porém, se você perguntar o que eu coi na segunda-feira, aniversário do Rafael, a última segunda-feira de 2009, eu saberei responder. Porque foi o momento daquela segunda-feira.

Os seres humanos são animais engrçados porque são diferentes. E por assim serem, têm momentos diferentes. E pensamentos diferentes, em horas diferentes, e às vezes, horas erradas. Essas horas marcam aquele momento.

Pessoas são animais engraçados porque pensam. Descartes esqueceu que era um animal quando disse "penso logo, existo". Descartes esqueceu dos animais quando disse "penso logo, existo". Descartes se tornou (no sentido figurado - ou não tanto assim) um animal quando disse "penso logo, existo".
Maçãs não pensam.
E elas existem.
E mesmo (concordando com Sartre em A Imaginação) elas existam para os seres humanos, que pensam, ela continua não pensando.
Mesmo que Descartes tenha dito "Penso logo, existo" no sentido figurado, ele esqueceu de especificar, e esqueceu que, como seres humanos são animais engraçados, poderiam interpretar de forma mais engraçada ainda.
Bom, se ele falou isso no sentido figurado, alguns autores de livros de filosofia e história eram bem engraçados.

Seres humanos são animais engraçados porque interpretam. E têm seu medo de interpretar a partir de suas diferenças, seus momentos, seus pensamentos, seus dizeres, vontades, e, principalmente, sentimento.

Pessoas são seres engraçados porque sentem. Mas, principalmente, se apaixonam.
Paixão é analgésica, alucinógena, deprimente, causa dependência, tira pedaço, mata um pouco, mas todo mundo quer sentir. Mesmo sabendo, ou esquecendo que aquilo pode machucar, eles prezam por minutos de felicidade com aquele ser humano, aquele outro "animal engraçado".

Mesmo sabendo que seres humanos são animais engraçados porque (se) machucam.






Obs. I: E pessoas são como paixão. Você sempre quer sentir de novo.

Obs. II: Feliz fevereiro.