30 de julho de 2010

Nós.

Então, ela abriu a porta e olhou no fundo dos olhos dele, convidando-o a sair. Não disse uma palavra, não fez um som, mas olhou com tanta convicção que ele entendeu na primeira vez em que ela piscou.
Os dois se olharam.
Ela piscou querendo derramar todas as lágrimas que haviam naqueles olhos.
Ele piscou querendo entender porque elas estavam lá.
Os quatro olhos, no total, brilharam em uma fração de segundo.
Ela suspirou.
Ele lembrou que a porta estava aberta. Virou-se, pegou a mochila, e saiu, de cabeça baixa.
O silêncio era absoluto.
Mas se pensamentos produzissem sons, aquela sala estaria uma verdadeira feira.
Ele parou de andar, já do lado de fora. Ficou de frente para ela.
Ela piscou mais uma vez. A última vez.
E assim, foi fechando a porta lentamente, esperando uma palavra. E essa palavra veio, quando restava apenas uma brecha, por onde passavam luz, ar, pensamentos. E por onde viam olhos, dúvidas, e ressentimentos.
- Espera. - ele disse, com um ponto final visível.
Ela parou de fechar a porta, mas a brecha continuava lá.
Ela parou de fechar a porta, mas não continuou a abri-la.
Então, o silêncio voltou.

Ele olhava para aqueles olhos verdes como se fosse perder uma jóia.
Ela olhava para aqueles olhos castanhos, como se fosse perder uma pessoa.

Mas, afinal, o que vale mais?

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Ahá.