20 de junho de 2010

Uma loucura, uma decepção, um arrependimento, por uma melhor idade

Somos seres bio-degradáveis, recicláveis, mutáveis, criadores, ou como você quiser chamar.
Estamos sempre num processo de deterioração, decomposição, ou, de uma forma mais bonita, amadurecimento.
Amadurecer.
Amadurecer nem sempre significa deixar de assisitir desenhos animados ou parar de colecionar miniaturas de carros. Mas, também, amadurecer nem sempre significa não se decepcionar.
Você quase nunca vê alguém que todo mundo julga amadurecido, decepcionado. Porque, talvez, ele já tenha se decepcionado com tanta coisa, que chega ao ponto de não se decepcionar com mais nada.
Talvez, amadurecer seja chegar num ponto onde não há mais nada pra experimentar. Onde você já tenha tomado todas as suas escolhas importantes, e só resta lembrá-las.
Gostaria de, encarecidamente, pararem de chamar de melhor idade. Pararem de promover campanhas de vacinação para os idosos e montar postos de saúde aonde apenas os idosos com condição de comprar um carro podem chegar.
Porque esses seres, acima de tudo, são como nós.
Só que foram reciclados mais vezes.
E como tudo um dia acaba, mas tudo se transforma... Nós os veremos em algum lugar depois daqui.

Eu gostaria de que, pelo menos, quando essas pessoas - e até nós mesmo - morrermos, não seja um velório tão feio.
Não seja um velório baseado em estatísticas, em deprimência, em "já estava na hora".
Nunca está na hora.
A gente sempre tem mais alguma conta para pagar aqui.

Então, o post de hoje, basicamente, é sobre a beleza que eu tento enxergar, mas não consigo.
Por, simplesmente, ainda não ter me decepcionado o bastante, me reciclado o bastante, não ter sentido o bastante para poder afirmar algo num blog razoavelmente cor-de-salmão.
E, aí vão minhas sinceras desculpas.
Por ter feito menos quando podia ter feito mais.
Por todos nós.



(Luto.)

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Ahá.