"Que seja doce", disseram pra mim, uma vez ou mais.
"Que seja doce".
"Que seja doce". Que seja doce nada.
Porque doce deixa cansaço na boca, e problema no pâncreas. Quando as coisas são doces demais, você depois de um tempo, tem que ficar injetando coisas na veia pra não morrer.
"Que seja doce"? Que seja doce nada!
Quando as coisas são doces juntam insetos; tem que manter na geladeira. Estimulam um tanto de hormônios e a felicidade é passageira, de doce já basta a pasta de dente na minha vida.
"Que seja doce"?!
Que seja intenso, puro, mas acima de tudo,
Que seja verdadeiro.
30 de novembro de 2011
29 de novembro de 2011
Retrato da Dona Heloisa
não vou por-te no teu devido lugar
onde já estive
e permaneci pelo tempo suficiente
até decidir que
não vou por mais
a mesa
amanhã
guerreio com meu sangue, a pulsar
meu coração sobrevive
dependente
do conhaque
da paz
do terço
em alegria vã
e tu, guerreias com a mão
fazendo ferir a misericórida numa explosão
e eu me canso de pedir
e tu, deita-se no colchão
eu volto à garrafa
e engulo a solidão
se há consciência
ainda prefiro o peso teu
sobre as costas doloridas
cujas a senhora paciência
sustenta no breu
se há vontade
ainda prefiro a sua
sobre mim
vai a tarde
o pedaço de vidro
e os sonhos
num conhaque
num botequim.
onde já estive
e permaneci pelo tempo suficiente
até decidir que
não vou por mais
a mesa
amanhã
guerreio com meu sangue, a pulsar
meu coração sobrevive
dependente
do conhaque
da paz
do terço
em alegria vã
e tu, guerreias com a mão
fazendo ferir a misericórida numa explosão
e eu me canso de pedir
e tu, deita-se no colchão
eu volto à garrafa
e engulo a solidão
se há consciência
ainda prefiro o peso teu
sobre as costas doloridas
cujas a senhora paciência
sustenta no breu
se há vontade
ainda prefiro a sua
sobre mim
vai a tarde
o pedaço de vidro
e os sonhos
num conhaque
num botequim.
25 de novembro de 2011
23 de novembro de 2011
19 de novembro de 2011
17 de novembro de 2011
Melancolia
Se eu quiser escrever sobre algo triste não escreverei sobre a guerra, os males ou sobre atos errôneos. Se escrevo sobre algo triste, escrevo sobre a saudade.
Escrevo sobre o meu repouso que agora, mais do que nunca, tem seis cordas e madeira firme. Sobre o meu acalento, que sou eu quem faço, já que a saudade repousa. Não sai.
Saudade costumeira que às vezes desperta e sufoca, não desgruda até que eu exprima e pire a gota d'água, a primeira de muitas, porque se fosse apenas uma... Não seria saudade.
Se eu quiser escrever sobre saudade, escrevo pouco. Mas alongo. O suficiente para que entretenimento exista, para que a alegria seja contínua e o esquecimento largo. Afinal, para quê nomes? Já fomos devidamente apresentados.
Num passado distante ou não, numa noite distante ou não. Intimamente apresentados. Mas fui me divertir no escanteio do corpo, da mente, do quarto.
Se eu quiser escrever sobre algo que conheço bem, escrevo sobre a saudade.
Pouco importa - do que vivi ou não.
Deixo para lá.
É ligar qualquer rádio e procurar uma estação, uma música um motivo, afinal, para não escrever.
Se eu quiser escrever sobre algo triste, lembro de você.
http://youtu.be/Xzbv3UEBVkE
Escrevo sobre o meu repouso que agora, mais do que nunca, tem seis cordas e madeira firme. Sobre o meu acalento, que sou eu quem faço, já que a saudade repousa. Não sai.
Saudade costumeira que às vezes desperta e sufoca, não desgruda até que eu exprima e pire a gota d'água, a primeira de muitas, porque se fosse apenas uma... Não seria saudade.
Se eu quiser escrever sobre saudade, escrevo pouco. Mas alongo. O suficiente para que entretenimento exista, para que a alegria seja contínua e o esquecimento largo. Afinal, para quê nomes? Já fomos devidamente apresentados.
Num passado distante ou não, numa noite distante ou não. Intimamente apresentados. Mas fui me divertir no escanteio do corpo, da mente, do quarto.
Se eu quiser escrever sobre algo que conheço bem, escrevo sobre a saudade.
Pouco importa - do que vivi ou não.
Deixo para lá.
É ligar qualquer rádio e procurar uma estação, uma música um motivo, afinal, para não escrever.
Se eu quiser escrever sobre algo triste, lembro de você.
http://youtu.be/Xzbv3UEBVkE
14 de novembro de 2011
Édem II
- infeliz!
- linda!
- safado!
- deusa!
- filho da puta!
- gostosa!
e os dois se beijaram.
trocaram saliva, toques, mais elogios e menos palavras sujas.
e assim nasceu o amor.
- linda!
- safado!
- deusa!
- filho da puta!
- gostosa!
e os dois se beijaram.
trocaram saliva, toques, mais elogios e menos palavras sujas.
e assim nasceu o amor.
13 de novembro de 2011
Hoje é dia de sopa
eu me valorizo
mas faço isso por ti
sem nem pensar
e faço direito
pra não fazer duas vezes
porque você sabe
eu me valorizo!
mas faço isso por ti
sem nem pensar
e faço direito
pra não fazer duas vezes
porque você sabe
eu me valorizo!
9 de novembro de 2011
Joseph the Crow
- tava pensando, josé, que se um dia eu tiver um filho, vou chamá-lo de francisco.
não tô nem aí se o pai dele não topar, porque se ele tiver um pai mesmo, ele já vai saber que eu sou teimosa, e que eu quero francisco.
tomara que o pai dele me ame e seja companheiro no sentido mais literal da palavra, sabe, josé. porque se ele for companheiro mesmo ele vai saber que eu sou até flexível com essas coisas, quando tem sentimento. porque eu sou assim, né.
ai de mim, josé.
tava pensando que, ai, josé, e se o francisco virar um desses estudantes que apanham da polícia? acho que ia ficar com medo e com orgulho, e ia até retorcer o nariz e berrar como minha mãe faz "eu avisei, guri!"
mas antes disso deve ser legal gritar o nome dele e chamá-lo pra voltar pra casa, pra tomar banho, sabe? "francisco, vem tomar banho!"
porque eu tava pensando, josé, o francisco não vai ter video game não; eu quero que ele veja a cor do dia. o francisco vai é ter bola de meia, lego e muito papel e tinta.
aí quando ele crescer, se ele quiser, ele vai poder tocar guitarra, piano, acordeon ou até triângulo, pra fazer sucesso com as meninas e não se sentir sozinho quando eu o meu companheiro não estivermos por perto.
porque sabe como é, né, josé, a gente se preocupa tanto com o futuro.
pensando bem, josé, talvez devesse chamá-lo de francisco pequena felicidade, pra poder gritar o nome dele por aí, sabe?
"pequena felicidade, volta!"
jcb
não tô nem aí se o pai dele não topar, porque se ele tiver um pai mesmo, ele já vai saber que eu sou teimosa, e que eu quero francisco.
tomara que o pai dele me ame e seja companheiro no sentido mais literal da palavra, sabe, josé. porque se ele for companheiro mesmo ele vai saber que eu sou até flexível com essas coisas, quando tem sentimento. porque eu sou assim, né.
ai de mim, josé.
tava pensando que, ai, josé, e se o francisco virar um desses estudantes que apanham da polícia? acho que ia ficar com medo e com orgulho, e ia até retorcer o nariz e berrar como minha mãe faz "eu avisei, guri!"
mas antes disso deve ser legal gritar o nome dele e chamá-lo pra voltar pra casa, pra tomar banho, sabe? "francisco, vem tomar banho!"
porque eu tava pensando, josé, o francisco não vai ter video game não; eu quero que ele veja a cor do dia. o francisco vai é ter bola de meia, lego e muito papel e tinta.
aí quando ele crescer, se ele quiser, ele vai poder tocar guitarra, piano, acordeon ou até triângulo, pra fazer sucesso com as meninas e não se sentir sozinho quando eu o meu companheiro não estivermos por perto.
porque sabe como é, né, josé, a gente se preocupa tanto com o futuro.
pensando bem, josé, talvez devesse chamá-lo de francisco pequena felicidade, pra poder gritar o nome dele por aí, sabe?
"pequena felicidade, volta!"
jcb
8 de novembro de 2011
general izo
pra ser ladrão tem que ser político
pra ser policial tem que ser bandido
pra ter razão, seja reprimido
pra não ser, sem senso crítico
para ser, tenha
para crescer, venha
pra desistir, esqueça
pra divertir, cerveja
por ela, bens
por ele, corpos
na altura, vertigens
no mundo, porcos
pra ser policial tem que ser bandido
pra ter razão, seja reprimido
pra não ser, sem senso crítico
para ser, tenha
para crescer, venha
pra desistir, esqueça
pra divertir, cerveja
por ela, bens
por ele, corpos
na altura, vertigens
no mundo, porcos
6 de novembro de 2011
3 de novembro de 2011
sem dono sem casa ou coração
Tocou a campainha antes mesmo que a água pudesse ferver, e o dia estava tão frio, que não fui correndo atendê-lo. Não o esperava, e com uma leve certeza, talvez não o quisesse por aqui.
Sabia que eu estava triste.
Eu, ele, o dia.
Sabíamos.
É inevitável; é o que acontece quando você perde um samba, algo de valor ou até mesmo, por que não, alguém. Costumava ser mais fria, e eu, ele, o dia, a noite, sabíamos. E não, as coisas não mudam. Mas um dia tinha de ser diferente.
E eu sei lá se foi sorte ou não de ter sido com essa terceira pessoa.
Agora a água já ferveu.
Tinha chá, frio e dois desocupados.
Um de coração partido, e o outro lá, catando os pedaços. Como de praxe.
Sugeriu que eu tomasse algo mais forte e que contivesse álcool. Pensei seriamente antes de responder, mas recusei.
Destruir mais coisas dentro de mim? Prometi uma postura diferente.
Me perguntou do que sentia; disse que tinha vontade de ficar parada naquela manhã. Não até tudo passar.
"Não combina comigo esperar que as resoluções dos meus problemas cheguem, não combina mais comigo esperar!" -exclamei.
Ele riu.
Me chamou de boba e disse para eu tomar logo esse chá, porque apesar da falta de sol, era dia.
Chamo-o de amigo,
mas talvez devesse chamá-lo de irmão.
não sofra por quem partiu
ou por quem não merece teu amor pequeno
a vida é dura
resiste quem quer sossego