3 de novembro de 2011

sem dono sem casa ou coração

Tocou a campainha antes mesmo que a água pudesse ferver, e o dia estava tão frio, que não fui correndo atendê-lo. Não o esperava, e com uma leve certeza, talvez não o quisesse por aqui.
Sabia que eu estava triste.
Eu, ele, o dia.
Sabíamos.
É inevitável; é o que acontece quando você perde um samba, algo de valor ou até mesmo, por que não, alguém. Costumava ser mais fria, e eu, ele, o dia, a noite, sabíamos. E não, as coisas não mudam. Mas um dia tinha de ser diferente.
E eu sei lá se foi sorte ou não de ter sido com essa terceira pessoa.
Agora a água já ferveu.

Tinha chá, frio e dois desocupados.
Um de coração partido, e o outro lá, catando os pedaços. Como de praxe.
Sugeriu que eu tomasse algo mais forte e que contivesse álcool. Pensei seriamente antes de responder, mas recusei.
Destruir mais coisas dentro de mim? Prometi uma postura diferente.

Me perguntou do que sentia; disse que tinha vontade de ficar parada naquela manhã. Não até tudo passar.
"Não combina comigo esperar que as resoluções dos meus problemas cheguem, não combina mais comigo esperar!" -exclamei.
Ele riu.
Me chamou de boba e disse para eu tomar logo esse chá, porque apesar da falta de sol, era dia.

Chamo-o de amigo,
mas talvez devesse chamá-lo de irmão.






não sofra por quem partiu
ou por quem não merece teu amor pequeno
a vida é dura
resiste quem quer sossego

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Ahá.