27 de outubro de 2011

Eu não vou fazer Direito

Cresci num meio onde indiretamente as pessoas desacreditaram em mim.
Sou completamente amor, do início ao fim.
Logo, se não faço o que amo, não faço nada. E há dias esse sentimento de inutilidade vem tomando meu peito, me fazendo ter dores de cabeça e perceber que não tenho tantos motivos pra sorrir assim.

Ah, vida.
O seu problema, o maior de todos, é que se a gente escolhe o amor a gente escolhe o mais difícil. Por isso desconfia-se dos fáceis, dos à vista.
Porque amor é assim; entrelinha.
E eu tenho que entender que aspirinas não substituem entrelinhas.

Ah, vida.
Não queria desgostar e ter vontade de desistir de você assim, tantas vezes.
Mas espero que você entenda e goste de quem tenta.
Tanto tento que espero o tempo assumir a culpa.


(de eu querer ser feliz)

21 de outubro de 2011

artérias

Chegou de namorado novo em casa e sua mãe logo se desesperou:
- Mas por que ele, minha filha?!
- Porque eu o amo, mãe!
Houve silêncio
- Mas por que o ama, minha filha?!
- Por que não, mãe?


18 de outubro de 2011

Melhor do mundo

Começo do jeito que comecei: abrindo os olhos.
Não lembro o que vi - nem se fizer um tanto de força. Mas lembro quando você me contou o que viu, e é com esses mesmos olhos que vejo o que sou e vejo o que és.
Agradeço, portanto.
Agradeço pela sua ausência inconstante e presença forte, por todos os momentos em que minhas costas um tanto largas e cheia de pintas (como as suas) pôde estar em seus braços. Agradeço pelas oportunidades, estresses e marras que me deixou fazer; e que agora passo adiante. Não só agradeço como peço que repita as críticas e os elogios, os dias e as noites, os anos do passado e do presente que me fazem perceber o quão sou feliz por ter-te.
Ainda assim, peço desculpas.
Por querer ser artista; por nascer sendo artista, por não te ouvir. Pelo dinheiro, suor e paciência gastos. Por nunca chegar na hora marcada ou ter atendido seus telefonemas; por meu tom de voz quando fico irritada e pelo cinismo que me vem à tona quando, por um momento fútil, te desgosto. Peço desculpas pelos outros ora homens, ora meninos, peço desculpas por não saber tocar trompete tão bem assim.
Desculpo-te.
Por não falar. Por ser passivo demais, bobo demais, carinhoso demais! Por ter me deixado um tanto mimada assim, e por não ler os livros que dou a você em todas as datas comemorativas - mas gravatas não me convém tanto assim.
Talvez por isso eu esteja aqui com todos esses defeitos aparentes, digitando de forma lenta e calculada, como eu ajo na vida, e como você não gosta.

Mas, acima de tudo, pai
Eu amo você.



feliz aniversário.

15 de outubro de 2011

Dois suspiros

agora eu
até gosto
de te ver dormir
agora eu
tenho é
medo de acordar

14 de outubro de 2011

Como eu penso em nós dois

Eu penso em nós dois com toda a simplicidade dos nossos nomes, e dos meus sonhos.
Eu penso em nós dois com todo o cuidado, como o que tenho com meu primeiro violão.
Eu penso em nós dois com o prazer que tenho quando sinto cheiro de chuva, o frio da madrugada ou quando leio um livro velho.
Eu penso em nós dois juntos. Em qualquer hipótese, independente de passados ou desejos.
Aliás, eu penso em nós dois juntos, em futuros e vontades.
Acho que ando pensando demais em como eu penso em nós dois, que qualquer dia desses, a realidade me busca de volta, ou eu busco você pra mim.

Como eu ando pensando em fazer.


Sinceramente,

eu.

12 de outubro de 2011

Love hurts sometimes when do it right

tira os maus prefixos
e tua blusa
tudo ao mesmo tempo
e não me olha assim
não mais
se não vou sentir
se não vou lembrar
se não quer

5 de outubro de 2011

Cena brasiliense

E veio tirar satisfação do passado comigo tão indignado, que me recatei e encolhi por dentro. Mas por fora estava assim, de queixo erguido.
Quando percebeu que meu orgulho estava alto, me chamou para conversar em algum canto dessa asa sem que quebrássemos alguma coisa, ou um ao outro.
Pedimos café.
E agora sei porque insisto em tomar café se tão trêmula fico logo depois que tomo: o cheiro, o gosto do grão diluído nunca fora antes tão amargo e saboroso para mim.
Talvez aquele líquido marrom-escuro só quisesse me avisar como seria o futuro.
Minha vontade de tomá-lo o quanto antes e ir embora era enorme. Mas permaneci, e esperei as palavras proferidas calmamente, sem beber um gole.
Não gosto de ficar trêmula na frente das pessoas.

Enquanto algumas dessas palavras que passavam me faziam destrair, olhei para a janela e agradeci por ser outubro, e por não precisar mais reclamar do calor. Agradeci também pelo frio que estava fazendo, mas como bom ser humano, pedi chuva.
Grossa.
Pesada.
Que me fizesse ter motivos para sair dali.
Eis que enfim as palavras audíveis somem e o cheiro do café também.
Eis que percebeu que as palavras e o cheiro do café não eram os únicos ausentes ali.

- O café esfriou - disse eu
- Eu também.

2 de outubro de 2011

Relíquias

poemas rimas poesias palavras ou qualquer coisa assim, antigos ou antigas
de anos atrás mesmo



Poesia plano b

jamais saberei
se foi verdade o que disseste
se era de linho o que vestiste
ou do futuro que vieste

mas não ouso querer
pois tal verdade não veio
pois o linho não reveste teu coração
e do futuro, não é sorteio

é imaginação.







Seio da terra

vem, corre pro amor
espanta esse teu olhar
e faz com que tuas entranhas
com que teu inteiror


não estranha
a situação
porque eu fui de inventar
de correr, de violão
de fazer o que manda
o tambor no meu peito

que fui inventar
de fazer arte
fazer sorrir
fazer amor
e deixar saudade
no quanto que quiser
no canto que quiser

que fui inventar
de ser o que quis
de ser artista
de ser feliz
de ser mulher




é, relembrar, viver?