faltava só uma letra pra ela terminar aquelas palavras cruzadas. de repente, ele deixa cair um pedaço de pão do lado da cadeira de palha aonde ela estava sentada, na sala de espera do dentista. ele olha pra ela, abaixa, pega o pão, joga no lixo, vira as costas, sai anando, e continua comendo o resto do sanduiche. ela olha pra ele, franze a testa, e quando ele vira as costas, ela sorri. ela tinha se apaixonado naquele exato momento. por alguém que ela não conhecia, por alguém que ela não sabia o nome. mas ela era tímida demais pra dar um avanço desses. ele continua não tinha se apaixonado. estava concentrado demais na mortadela pra pensar em amor. ela continuou olhando, e ele deixou cair mais um pedaço de pão. ela ficou feliz, pois o lixo estava ao lado dela. ele pensou "mas que droga!" e nem levantou pra jogar no lixo. ele pegou do chão, enrrolou num guardanapo, e colocou no bolso do casaco. o dentista abre a porta, e chama: "você, é o próximo". ele se levanta, ela vira o rosto, ele joga o resto do sanduíche no lixo, ela fica tímida, ele nem percebe, o dentista pressiona: "vamos!", ele entra na sala. ela lê 15 vezes a mesma frase pensando nele, ele descobre que tem cárie. ela deseja os dois juntos, ou pelo menos saber o nome dele. ele deseja que a cárie vá embora num passe de mágica. ela discretamente, consegue pegar no lixo o pedaço de pão com mortadela enrrolado no guardanapo que ele jogou no lixo. ele não queria ter comido na vida. ela vai para o banheiro, abre o papel, e descobre que tem um nome escrito com um coração ao lado. ela derrama uma lágrima no olho esquerdo. ele sente a dor de ter uma cárie, e derrama uma lágrima no olho direito. o horário dele no dentista acabou. ela saiu do banheiro, e se senta rapidamente no mesmo lugar que estava. antes, ela havia dado descarga no pedaço de papel. ele agradece ao dentista, e procura com o papel com o telefone da garota nos bolsos. não acha. percebe que jogou no lixo. ele se aproxima dela. ela vira a cara e olha pro relógio. ele revira o lixo desesperado. ela vê ele assim. ela derrama outra lágrima. ele pergunta: "desculpa, mas, o que houve?" ela responde: "nada, só uma cárie".
por: ana julia p. - não copie - direitos autorais, há.
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Ahá.