30 de novembro de 2012

doo voo

I (principal)

ele mudou
e eu continuo tão
saiu fotografando
e eu observo
ela é linda
mas eu sou tão mais
teu nome é outro
sei todos de cor
você é azul
e minha palidez

é que ela é linda
mas eu sou tão mais

tua


 II (outro)
Não sei se por criação ou por determinação divina, me atrai o oposto, é do oposto que eu gosto, e concluo que é do oposto onde o bom surge. O bom do oposto está na mão que percorre e nos pêlos do rosto que afagam; está na voz grossa e no constrangimento em chorar em público, no gosto musical agressivo e na força que se esconde atrás de uma cantada barata. O bom do oposto está dentro das calças, sob tutela de panos e zíper. O bom do oposto é a oposição ao tudo que se julga meu semelhante; aos dramas, às carências, aos momentos e aos seios.
O bom do oposto é chamá-lo de ele. E ele não aumentar nem diminuir; não definir e ainda assim saber de quem se trata. É conjugar todos os adjetivos de forma que seja oposta a mim.
O bom do oposto é a delicadeza, ainda assim. É chamá-lo de ele e, de repente, ver o constranger do chorar em público desaparecer e, então, entrar no seu íntimo.
É o medo de perder. De ter feito trabalho em vão. De não ser reconhecido; ou de estar sozinho.

O bom do oposto, assim como qualquer melhor vinho, perfume, filme e travesseiro, é sentí-lo.


III  (final)
não se apaixone, menina
por quem só quer te comer

2 comentários:

ruivets disse...

Tastes good.

ruivets disse...
Este comentário foi removido pelo autor.

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Ahá.