Ela jurava de pé junto que a outra, a vizinha, fazia o que fazia porque era macumbeira. Se comprava uma raspadinha na banca, e com qualquer moeda de cinco centavos a raspava, era ganhadora.
Era a única a acertar e ganhar os maiores prêmios do bingo. Nos Bailes dos Eternos Enamorados, era sempre - e ela deixava claro o sempre - a Rainha do Baile.
Tinha o casamento mais duradouro do bairro; a mais jovem a se casar. Dizia para todos os vizinhos que o marido nunca a traíra, que o marido sempre lavava a louça e buscava as crianças no colégio.
Ela jurava de pé junto que não era inveja. E se, em alguma hipótese, mencionávamos a palavra inveja, causava rebuliço. Não aceitava que tivesse inveja de uma macumbeira. Muito menos da vizinha macumbeira da casa vinte e cinco, a última da rua.
Nos domingos de manhã, onde todo o povo do bairro se dirigia cedinho para a igreja, a vizinha estava no quintal da frente cuidando da sua pequena horta que, segundo ela, seu marido fez.
Não se importava com religião nem com igreja, nem com o que Deus ou as pessoas pensavam dela. Gostava de deixar claro o que tinha e como tinha feito para tê-lo. Mas é claro que, quem jura de pé junto que é macumba, não ouve o principal.
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Ahá.