Conheceu-a na sexta, no teatro.
A partir de então, só encontrava-a na sexta, nos teatros.
Viam diversas peças. Às vezes comédia, às vezes drama, às vezes sei lá o quê.
Casou-se com ela numa sexta, no teatro.
O público aplaudiu um espetáculo perpétuo, com mulher de branco e homem no altar.
Ela morreu numa quinta, em casa.
Ele ficou puto.
30 de julho de 2012
ni siempre somos
Ni siempre las cosas mas gostosas son las mas bellas.
Ni siempre yo traduzco como quiero,
escribo como debo
o vivo como supongo.
Ni siempre miento,
ni siempre soy.
Ni siempre sueño,
ni siempre espero,
ni siempre respeto.
Ni siempre amo,
ni siempre duermo derecho.
Ni siempre quiero mas del futuro,
o una taza de café.
Ni siempre quiero la vida como ella es.
Ni siempre las cosas mas correctas son las mas bellas.
Ni sempre las cosas mas fantasticas son las mas bellas.
Ni siempre las cosas son bellas.
Ni siempre yo traduzco como quiero,
escribo como debo
o vivo como supongo.
Ni siempre miento,
ni siempre soy.
Ni siempre sueño,
ni siempre espero,
ni siempre respeto.
Ni siempre amo,
ni siempre duermo derecho.
Ni siempre quiero mas del futuro,
o una taza de café.
Ni siempre quiero la vida como ella es.
27 de julho de 2012
a entranha escondida no âmbito do ser
quando acho que querer-te demais
é ser errata e adolescente
vens e me morde o lábio
deixando ser inconsequente, então
quando acho que querer-te apenas
é ser correta e idosa
vens e me abraça o tronco
deixando ser impetuosa, enfim.
é ser errata e adolescente
vens e me morde o lábio
deixando ser inconsequente, então
quando acho que querer-te apenas
é ser correta e idosa
vens e me abraça o tronco
deixando ser impetuosa, enfim.
25 de julho de 2012
MÚSICA SEM RÉ
Daqui pra frente
Vou andar cheirando a rosas,
Falar em tom de verso e prosa,
Vou deixar o dia frio, quente
Porque daqui pra agora
Vou ouvir menos música ruim
Não me importar em ter coração de botequim
Que ama, sorri e chora
Porque às vezes acontece
De querer ver à frente demais
O fim é que da paz
A gente esquece!
Daqui pra frente
Só vou me importar com o que está por vir
Deixar o que passou pra lá, afinal
Saber levantar também é saber cair.
Daqui pra lá
Não vou precisar mais de remédio e yoga
Vou começar com essa vergonha pouca
De saber relaxar
Afinal, quem diz meu caminho não é a tevê
Tarô, horóscopo e ocasião
Meu caminho faz eu
Segurando tua mão.
Vou andar cheirando a rosas,
Falar em tom de verso e prosa,
Vou deixar o dia frio, quente
Porque daqui pra agora
Vou ouvir menos música ruim
Não me importar em ter coração de botequim
Que ama, sorri e chora
Porque às vezes acontece
De querer ver à frente demais
O fim é que da paz
A gente esquece!
Daqui pra frente
Só vou me importar com o que está por vir
Deixar o que passou pra lá, afinal
Saber levantar também é saber cair.
Daqui pra lá
Não vou precisar mais de remédio e yoga
Vou começar com essa vergonha pouca
De saber relaxar
Afinal, quem diz meu caminho não é a tevê
Tarô, horóscopo e ocasião
Meu caminho faz eu
Segurando tua mão.
22 de julho de 2012
pimentinha
quando fecho os olhos e respiro fundo
cravo meus dentes na tua nuca
dou um berro e calo o mundo
me deixas maluca
e quando fecha os olhos e fascina
de maluca passo a ser louca
e quando sinto que teus braços se cruzaram em minhas costas
quem canta é elis regina
feliz desafina
um sopro de paz
cravo meus dentes na tua nuca
dou um berro e calo o mundo
me deixas maluca
e quando fecha os olhos e fascina
de maluca passo a ser louca
e quando sinto que teus braços se cruzaram em minhas costas
quem canta é elis regina
feliz desafina
um sopro de paz
21 de julho de 2012
Imperfeição
querer que calhastriz e veloz
seja calhastroz e feliz
juntos
seja calhastroz e feliz
juntos
Pois se amar ao eu é odioso, amar ao próximo como a si mesmo é uma atroz ironia.
Paul Valéry (1871- 1945)
14 de julho de 2012
Enganar a fome
Nunca soube cozinhar.
Já soube fazer origami, correr quatro quilômetros, tocar violoncelo, jogar tênis e até frescobol.
Mas nunca soube cozinhar.
Jogava qualquer coisa dentro da panela, e a fome era quase sempre tão grande, que quase sempre se comia qualquer coisa.
Só quando a comida queimava ou não ficava no ponto; aí não tinha jeito. Odiava comida crua ou queimada. Porque queimada é diferente de bem passada; e crua é diferente de mal passada.
Nunca soube cozinhar.
Mas sembre soube comer.
Daí arrumava homens que sabiam tocar saxofone, falar japonês, contar até além do infinito e depois dividir aquilo tudo, dançar flamenco, pintar aquarela, mas não arrumava homem que sabia cozinhar.
E ficava a dúvida de quem decepcionava mais na cozinha.
Normalmente era quem nunca soube cozinhar.
Até que não sabia se os homens iam embora porque não valia um centavo
ou se iam embora porque não sabia cozinhar.
Decidiu então aprender a cozinhar. Mas teimava, desenfreava, jogando azeite e sal e via o que que dava.
Dava certo não.
Às vezes dava. Quando era uma coisa mais rápida e mais simples, ah, dava.
Mas dava mais ou menos.
É que como sabia comer, consequentemente, sabia que dava pra ficar melhor.
Decidiu então voltar pro que sempre pôde fazer,
música, esporte, e cultura inútil.
E têm sido assim,
até conseguir um homem que saiba cozinhar.
Já soube fazer origami, correr quatro quilômetros, tocar violoncelo, jogar tênis e até frescobol.
Mas nunca soube cozinhar.
Jogava qualquer coisa dentro da panela, e a fome era quase sempre tão grande, que quase sempre se comia qualquer coisa.
Só quando a comida queimava ou não ficava no ponto; aí não tinha jeito. Odiava comida crua ou queimada. Porque queimada é diferente de bem passada; e crua é diferente de mal passada.
Nunca soube cozinhar.
Mas sembre soube comer.
Daí arrumava homens que sabiam tocar saxofone, falar japonês, contar até além do infinito e depois dividir aquilo tudo, dançar flamenco, pintar aquarela, mas não arrumava homem que sabia cozinhar.
E ficava a dúvida de quem decepcionava mais na cozinha.
Normalmente era quem nunca soube cozinhar.
Até que não sabia se os homens iam embora porque não valia um centavo
ou se iam embora porque não sabia cozinhar.
Decidiu então aprender a cozinhar. Mas teimava, desenfreava, jogando azeite e sal e via o que que dava.
Dava certo não.
Às vezes dava. Quando era uma coisa mais rápida e mais simples, ah, dava.
Mas dava mais ou menos.
É que como sabia comer, consequentemente, sabia que dava pra ficar melhor.
Decidiu então voltar pro que sempre pôde fazer,
música, esporte, e cultura inútil.
E têm sido assim,
até conseguir um homem que saiba cozinhar.
3 de julho de 2012
O que não mata, engorda
Se tem uma coisa que eu me arrependo enquanto vivo é de não ter comido fruta do conde.
Já surgiram diversas oportunidades, chances, e promoções em supermercado, mas por alguma razão e desculpas esfarrapadas deixei de comer.
Essa minha lamentação toda começou quando uma prima de Natal mandou uma foto de um pé de fruta do conde. Fazia tempo que não achava nada tão bizarro assim. São galhos finos com folhas finas, e do nada surge aquela coisa verde, grande, grotesca e com gomos. Em busca da consolação de nunca ter provado fruta do conde, perguntei para minha avó:
- Fruta do conde parece com quê?
- Acho que parece com jaca. Tem uns gominhos assim, sabe?
Se fruta do conde for mesmo parecida com jaca, desisto de provar agora. Detesto jaca. O cheiro, a textura, ela no pé também não é algo bonito.
Nem tudo na natureza é delicado, e as jacas estão aí para provar isso.
Se aprendi a comer nesta vida, foi por causa da minha avó (excelente cozinheira e, por sua vez, degustadora !). Devo confiar no paladar dela, deve ser parecido com o meu.
Se eu confiar no paladar de minha avó, jamais provarei fruta do conde e morrerei sabendo que fruta do conde é ruim porque se assemelha à jaca.
Mas que coisa horrorosa seria existir dois tipos de jaca no mesmo planeta!
Foi quando me surgiu:
- Vó.. Você gosta de jaca?
Eis a surpreendente resposta:
- Claro, ué.
Além de ser inexplicável para mim como alguém em condições normais de temperatura e pressão pode gostar de jaca, ficou mais inexplicável ainda (se é que isso existe) o que é a fruta do conde.
Pesquisando nesse mundinho vasto que é a internet, descobri que fruta do conde pode ser chamada de pinha (e cabeça-de-negro, mas enfim).
Mas veja bem: se for pinha, eu já comi.
E não gostei.
Tá que foi quando eu era criança, chata e não fazia judô: fresca, talvez meu paladar tenha mudado só um tiquinho.
Porém, eu não gostei mesmo. Deixo estar.
Se fruta do conde for mesmo pinha, não preciso nem provar: não gosto. Morrerei sabendo que não gosto.
Se fruta do conde for mesmo parecida com jaca, não quero provar: não gosto. Morrerei sabendo que se assemelha à jaca, e por isso mesmo, é ruim.
Se a fruta do conde for igual a fruta do conde e somente igual a própria, espero morrer sabendo o que é.
venho aqui contar para vocês.
Já surgiram diversas oportunidades, chances, e promoções em supermercado, mas por alguma razão e desculpas esfarrapadas deixei de comer.
Essa minha lamentação toda começou quando uma prima de Natal mandou uma foto de um pé de fruta do conde. Fazia tempo que não achava nada tão bizarro assim. São galhos finos com folhas finas, e do nada surge aquela coisa verde, grande, grotesca e com gomos. Em busca da consolação de nunca ter provado fruta do conde, perguntei para minha avó:
- Fruta do conde parece com quê?
- Acho que parece com jaca. Tem uns gominhos assim, sabe?
Se fruta do conde for mesmo parecida com jaca, desisto de provar agora. Detesto jaca. O cheiro, a textura, ela no pé também não é algo bonito.
Nem tudo na natureza é delicado, e as jacas estão aí para provar isso.
Se aprendi a comer nesta vida, foi por causa da minha avó (excelente cozinheira e, por sua vez, degustadora !). Devo confiar no paladar dela, deve ser parecido com o meu.
Se eu confiar no paladar de minha avó, jamais provarei fruta do conde e morrerei sabendo que fruta do conde é ruim porque se assemelha à jaca.
Mas que coisa horrorosa seria existir dois tipos de jaca no mesmo planeta!
Foi quando me surgiu:
- Vó.. Você gosta de jaca?
Eis a surpreendente resposta:
- Claro, ué.
Além de ser inexplicável para mim como alguém em condições normais de temperatura e pressão pode gostar de jaca, ficou mais inexplicável ainda (se é que isso existe) o que é a fruta do conde.
Pesquisando nesse mundinho vasto que é a internet, descobri que fruta do conde pode ser chamada de pinha (e cabeça-de-negro, mas enfim).
Mas veja bem: se for pinha, eu já comi.
E não gostei.
Tá que foi quando eu era criança, chata e não fazia judô: fresca, talvez meu paladar tenha mudado só um tiquinho.
Porém, eu não gostei mesmo. Deixo estar.
Se fruta do conde for mesmo pinha, não preciso nem provar: não gosto. Morrerei sabendo que não gosto.
Se fruta do conde for mesmo parecida com jaca, não quero provar: não gosto. Morrerei sabendo que se assemelha à jaca, e por isso mesmo, é ruim.
Se a fruta do conde for igual a fruta do conde e somente igual a própria, espero morrer sabendo o que é.
venho aqui contar para vocês.