1 de fevereiro de 2012

Alcovas

Ele dormia tão bem que se eu fosse Deus, reduziria sua pena no juízo final. Era outra pessoa dormindo.
Parecia que seus pecados, erros e culpas tinham sido magicamente apagados, e que nem o barulho da britadeira lá fora impediria que seus pecados, erros e culpas voltassem, afinal, dormia tão bem.
Ainda assim, dormia pesado. Dormia bem, bem pesado.
Não era como sono de criança.
Era como quem, de dia, carregara o mundo nas costas de boca calada. À noite, depois dos sussurros e risos imbecis, se calava enfim, por vontade própria. Sem esperar nada de ninguém. Seja reclamação, telefonema ou pagamento.
Talvez esperasse um tanto de carinho ou algo inútil assim...
Mas dormiu antes que pudesse me contar.

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Ahá.