toda vez que eu vou de bicicleta pra w3 sul, eu passo pela casa onde mora uma cigana.
às vezes eu tenho vontade de perguntá-la sobre o meu futuro, o que, afinal, eu deveria fazer. mas não tenho coragem.
"ah, é enganação", você pode achar. "tudo mentira", "teu subconsciente encaminha você pra isso", ou até mesmo "falta do que fazer". você pode achar.
eu prefiro achar que seja desnecessário. sim, ignorando todas essas outras opções.
oras, o futuro não pode ser algo tão obscuro assim. aliás, nada do que me dá preguiça de pensar é tão obscuro assim. normalmente, o que dá preguiça de pensar é chato.
e o futuro não sai desse padrão, dessa coisa normal.
a cigana não lê mãos, cartas e búzios para garantir o futuro dela.
não, ela não deve ser dessas que paga inss.
abre parênteses
e eu também não sou.
pago passagens de ônibus, bocais de trompete, cursos pro vestibular e viagens para pirinópolis; mas não é nada que vá valorizar o meu futuro.
sabe-se lá o que vai acontecer.
quem faz vestibular pensando no futuro tem uma esperança muito vazia (e às vezes, tanto quanto insegura) do que vai acontecer.
e se não acontecer?
tenta de novo.
é a mesma coisa com pagar inss. você paga com a esperança de receber, e se não recebe? gera problema. e você pagou com o intuito de não gerar problemas.
fecha parênteses
conveniente essa coisa das ciganas, sabe.
evitaria muita dor de cabeça.
quem sabe um dia eu não pare por lá. só pra tirar uma dúvida ou outra, pra criar alguma esperancinha que não seja tocar trompete num carnaval da vida.
porque do presente a gente já sabe: ele fica por aí, andando de bicicleta.
Um comentário:
as ciganas vivem ziguezagueando pelo meu caminho, ficam pedindo para a ler a mão das pessoas. menos a minha. elas andam com vestidos coloridos, cada uma com uma cor bem chamativa e quando sorriem da pra ver os dentes de ouro. fico olhando pra elas como quem diz "lê a minha! lê a minha!". mas pra falar a verdade tenho medo.
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Ahá.