30 de dezembro de 2013

Arte


William Turner - Dutch Boats In A Gale (1801)


William Turner - The Shipwreck (1805)


Winslow Homer - The Sunlight on the Coast (1890)


Winslow Homer - The Coral Diver (1885)


Winslow Homer - The Water Fan (1898)


Sir. Lawrence Alma-Tadema - A Reading from Homer (1885)


Marcus Larson - Stormy Sea With Ship Wreck (1857)


Marcus Larson - Night at Sea (1858)


Marcus Larson - Shipwreck (1850)
(detalhe das gaivotas no canto superior direito da pintura!!!!!!!!)


Victor Meirelles - A Primeira Missa no Brasil (1861)













29 de dezembro de 2013

Cadência

cheguei em casa
e não me aguardavas

cheguei em casa
com perfume de homem
que não o seu.

não condiz
e se amas o sabor de mulher
que não o meu

não me diz
pois amor é livre


mas somos guiados
pelas coincidências do sangue que corre.

22 de dezembro de 2013

Sétimo dia

Domingos são monótonos por natureza. Foram feitos para que as pessoas os passassem juntas.
Afinal de contas, sexta-feira e sábado já têm seu papel de alimentar o ego do indivíduo. Estamos preocupados com o que vestir, com quem sair, e com quem voltar pra casa depois.
Aos domingos, nada importa. E o que importaria, você, por live arbítrio, deixa pra lá. Talvez por isso as segundas sejam tão infernais. Mas você não prefere pensar nisso, afinal é domingo, dia de não preocupações. De colocar o tédio em dia, e de fingir um descanso.
E como é impossível ser feliz sozinho, estou chegando aí na sua casa com um bolo quente de fubá. Passe o café.

Vamos jogar conversa fora e comemorar a capacidade genial do ser humano de ignorar problemas corriqueiros e conseguir tranquilizar-se até com o programa do Fantástico.
E chegaremos a conclusão de que tédio compartilhado é felicidade.

8 de dezembro de 2013

Te têretêtêtê

Olha, nessa vida eu só tenho certeza de uma coisa: que quando o Jorge Ben morrer, vou ficar muito triste.

1 de dezembro de 2013

dia primeiro

Meu bem hoje comprou uma guitarra. Ao sair da loja, todo feliz e com o moleque do lado (que diga-se de passagem, descobriu-se percussionista), disse que a primeira coisa que fez foi me ligar.
- Amor!
Nunca atendera o telefone com uma exclamação tão grande. Estava num carro, tinha acabado de sair de um centro de meditação, tomei um susto.
- Tudo bem?!
- HJSHSJKHJDKHFÇLSÇKÇLDKFG
Ficou tudo chiado. Quase que pedi pro Léo, meu amigo, parar no acostamento pra eu já ligar pra polícia.
- Comprei uma guitarra!
- Comprou uma guitarra?!
- Comprei HKDJHJSKHDKLÇSD  - de novo - Tô saindo da loja SHKAHSLKDJKFG Você pilha de fazer um som?*
- Pilho! Como a gente faz?
- Te ligo mais tarde

E o mais tarde chegou. Ao vê-lo, abri um sorriso. Nem me cumprimentou direito, parecia pinto no lixo. Tirou do banco de trás um case gigante. Atendeu o telefone, segurando com força o brinquedo novo:
- Sim! Aham! Muleque, comprei uma guitarra que nem a do John Lennon!

Fiquei com a frase na cabeça.

Subimos, ele empurrou algumas cadeiras, a mesa, tudo para que a ficasse bem acomodada. O zíper do case foi se abrindo a medida que o seu sorriso fazia o mesmo. Pegou a guitarra pelo braço e, sem querer, a colocou contra a luz. Brilhou. Sorri. Sorriu. Sorrimos. Me entregou. Uma Epiphone caramelo-claro (?), com detalhes em branco, cheiro de madeira.
Fiquei sem reação.
Começamos algumas musicas e logo me empolguei. Não que eu entenda muito de guitarras, mas ela era realmente gostosa de tocar. E o som ecoava. Sorrimos mais algumas vezes.

Me pediu que tocasse O Bêbado e A Equilibrista.
Depois de alguns ensaios, comecei a tocar. Tudo errado, desafinando, de olhos arregalados para a cifra. De repente, ouço um choro baixinho. Sem parar de tocar, olho discretamente para o lado. Meu bem estava meditando, como de costume. Mas chorando como criança arrependida; que não chora alto, chora no canto, chora de leve.
Errei algumas vezes e ele nem sequer abriu os olhos. Nem para um cigarro de palha que fosse.
Terminei.
Meu bem abre os olhos como quando acorda, abre o sorriso como quando me reconhece, e segura na minha coxa como quando gosta. "Lindo." Assim, com ponto final e tudo.

Tocamos mais alguns sambas e skas queridos nossos. Bob Marley, Jimi Hendrix, Azulão. Tudo de uma vez só.
Tirei algumas fotos dele, e, Deus, que sorriso.

Teve que ir embora e quis porque quis deixar a guitarra aqui. E eu, sabendo do meu crônico adjetivo "estabanada", quis porque quis que ele a levasse.
Ele, sem a menor preocupação, encostou a guitarra no sofá, me deu um beijo bom e foi embora.

Somos um casal que busca sempre a prática do desapego, sabe.
E sabemos que a guitarra é só um objeto, fadado à destruição.
Mas quem diria que um pedaço de madeira com seis cordas faria tanta gente feliz?



* ps: casais que fazem arte juntos permanecem juntos