12 de junho de 2013

A Cegueira Juvenil Em Relação Aos Mesmos



    Particularmente, irrito-me quando os jovens afirmam que o mundo é ruim.
Bem, o mundo não é ruim. Apenas está ruim. E sempre estará. Já foi melhor - e disso não há quem discorde. E este não é, certamente, o melhor jeito de começar uma crítica.
Mas quem são os jovens ao afirmar que o mundo é ruim, se nem sequer viveram épocas passadas? Apenas ouviram, viram e (cada vez menos) leram!
Não julgue os jovens. Eles têm o maior direito de ser pretensiosos e egoístas deste mesmo mundo todo. Estão apenas descobrindo-o, e nada mais lógico querermos tudo o que é belo só para nós. Tão logo, o mundo é belo, e os jovens querem conquistá-lo.
O mundo passa a ser ruim quando outras pessoas começam a inserir barreiras frente à essa conquista. Toda dificuldade pesa. Mas no começo, todo peso faz-se acostumar rapidamente, e por vezes transforma-se em esperança. Lindos. Os jovens são lindos.
O jovem, por ter todo tempo do mundo, se julga infinito. Chega até ao absurdo de usar palavras feias quando diz respeito às pessoas que mais o amam neste mesmo mundo: seus pais. Para os jovens, os pais terão tempo de perdoá-los. Afinal de contas, são jovens, e o mundo é uma descoberta. Dê-os tempo e eles o mostrarão o quão mal gasto e cheio de cor e vida ele será.
Entretanto, para os pais, seu tempo corre rápido e, o quanto antes ele descobrir que o mundo está ruim (e se resolver com isso), melhor.

O jovem, naturalmente pretensioso e egoísta, não é tão naturalmente pessimista assim.
Mas se seus próprios pais dizem que o mundo está ruim e que ele não pode sair na sua própria rua depois de um certo horário, é completamente entendível que eles se tornem rebeldes, chatos, mimados. Insuportáveis. Como a maioria dos jovens.

É insuportavelmente linda essa vontade de mudar.

Estupros, homicídios, pedofilia e maus tão maus sempre existiram e existirão neste mesmo mundo. Então seria muita pretensão e egoísmo meus afirmar que o mundo apenas está ruim, não?
Não.
Entre tanta dualidade neste mesmo mundo, ah, você sabe, caro leitor: devemos sempre buscar o melhor. Sei (bem) que é difícil, e que coisas ruins acontecem para pessoas ruins. E para pessoas boas também.
Mas o peso é menor para quem é leve. Parece meio óbvio, também sei disso. Mas é isso que os mais velhos invejam nos jovens: a leveza. Dos jovens, tal leveza vem da delícia que é a descoberta.
E, contraditoriamente, é isso que os jovens invejam nos mais velhos: a delícia que é saber usar o que descobriu.
Tão logo, o mundo é belo para quem sabe conciliar conhecimentos.
Repito: não julgue os jovens. Julguem aos que cometem artrocídios e maus tratos aos outros que estão por descobrir ou estão dominando o que descobriram. Estes sim impedem que o mundo flua, e, por consequência, fique mais leve.

Por outro lado, se não fossem estes, como saberíamos o que é a beleza?
Tem algo mais jovem que a justiça? Não falo por vingança ou qualquer outro tipo de sentimento que nos dá quando o sangue está quente. Falo por ver o que é socialmente correto acontecer. Se você concordou comigo, caro leitor, quando mencionei julgar ao próximo - há algumas linhas atrás - você tem em mente o que é correto.
É aquilo que nossos próprios pais, aqueles que, em dado momento promíscuo e delicioso de nossa vida, ousamos humilhar na frente dos amigos.

Há três coisas que devemos ter em mente sobre o que é certo e errado: o que nossos pais nos ensinaram, o que este mesmo mundo nos ensinou e a Lei.
Isso é, igualmente, lindo.
Quem lembra da Lei quando os ensinamentos de nossos pais estão sendo contrariados? Ela, em tese - e somente em tese - existe para conciliar tais ensinamentos de pai e mãe com o ensinamento do mundo.
E quando, em paz, ambos conseguem se misturar, não há quem discorde de mim: o mundo é belo.
E é constante descoberta, conhecimento, sabidez. Uma porrada de jovem, e outros que simplesmente esqueceram como deve-se viver.

Não me venha dizer, jovem, que o mundo é ruim porque o Woodstock já aconteceu. Exemplo nato de egoísmo.
Se fosses um tantinho só mais velho, falarias que o mundo é bom porque o Woodstock já aconteceu.
E não me venha, jovem, com ladainha de que Jimi Hendrix morreu e a música hoje não presta, e por isso não aconteceria hoje outro Woodstock.

Ouça mais às coisas ao teu redor. Pare pra ouvir, deixe de ser mesquinho. Quando quero dizer ouvir, quero dizer ouvir mesmo, e repetirei o termo até você entender que ouvir não é esperar o outro falar, como já dizia Chuck Palanhiuk.
Ouça aos que musicam e aos que querem salvar, ressuscitar, continuar a música. Nenhum tipo de música é ruim. Não pense assim do seu vizinho. Deixa-o que ouça o dele e ouça o seu.
E se te irritar, grita. Acha um saco, reclama em todas as redes sociais. Mas depois disso tudo, usa essa tua linda vontade de mudar mais o poder de persuasão. Quem sabe não sai um texto como este?

É assim que se muda o mundo. Expõe teus sentimentos, tua voz. Devagar e sempre.
Mas, acima de tudo, o mundo muda quando as pessoas passam a enxergar o que antes não viam.

E aí, por descobrirem ser o que não eram, tudo se torna bom.


Se você ler de novo, talvez faça mais sentido. E se não fizer agora, talvez faça quando você for mais velho.

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Ahá.