9 de dezembro de 2012

Geração

A verdade é que, quando escondo um sentimento, sinto dificuldade de conversar olhando nos olhos. Ainda mais se este sentimento me incomoda; ainda mais se é recorrente.
Pense num sentimento deste por um familiar.

Nunca me dei muito bem com meus avós e nunca entendi direito a maneira que eles vivem. Não é incomum, mas também não é comum demais. Apesar de entender e, por isso mesmo, não poder criticar a maneira que eles pensam, creio que alguns comentários, ações e fatos poderiam ser evitados se às vezes houvesse esforço. 

Mas isso não vem ao caso.

Como familiar, mesmo teimosa e nervosinha que sou, tenho de ir na casa deles. E que casa. Não sei se por serem meus avós, me deixam plantar algumas flores no quintal. Há lá seus pontos positivos.
Não posso reclamar, na verdade, apesar de fazê-lo. Tive a sorte de possuir duas avós, e ambas cozinharem excelentíssimamente bem. Não ouso não comer quando vou visitá-las.
E se minha avó tinha uma missão na Terra, ela a compriu: desenvolver a receita do melhor pão de mel do mundo. E claro, ser mãe do meu pai, para o meu pai me ter.

Mas isso não vem ao caso também.

Quando vou visitá-la e como pão de mel e visito minhas flores, nós sentamos e conversamos. E a menos que ela esteja contando uma piada ou história divertida, eu não consigo olhar em seus olhos.
Não sei ao certo o que me incomoda assim - e nem tenho a ousadia de descobrir, deixo como está - mas hoje ela perguntou porque não o conseguia.  Neste momento, desencostei a xícara de café dos lábios, e tentando proferir alguma coisa... Não saiu nada.
Não tem porquê.
Tentei dar uma desculpa qualquer, fazer ela rir, "quebrar o gelo", como dizem por aí. Mas não veio.
Entre tantas reticências da minha fala, finalizei: "deve ser algo da minha infância. Mas passou, estamos aqui. Não vem ao caso, sim?"

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Ahá.