Curiosa, virei os livros e descobri que se tratava de uma "trilogia fenômeno", atualíssima, e erótica. The Fifty Shades Of Grey se trata de uma trilogia que descreve a história cliché de uma mocinha pobre e inocente que se apaixona por um rico, sedutor, que tem uma mania "estranha": o sadomasoquismo.
Confesso que sexo é um assunto que me chama muita atenção na literautra; porque cada um descreve de maneira diferente. É por causa dessas linhas tênues do sexo entre Chico Buarque e Charles Bukowski que nem sempre temos uma visão romantizada ou animalesca enquanto estamos, bem... Trepando ou fazendo samba e amor até mais tarde.
Pedi a trilogia para o dono do sebo e ele me emprestou, contanto que devolvesse na semana que vem.
Cheguei em casa com três livros de mais ou menos 400 páginas. Logo que cheguei, comecei a devorar o primeiro. E, consequentemente, me veio a primeira decepção.
Não que eu goste de leituras difíceis (são poucas as que gosto, acho tudo muito desnecessário), mas essa é fácil demais.
Veja bem: Bukowski não é, de jeito nenhum, uma leitura difícil. E convenhamos que seja erótica. Essencialmente erótica, boêmia, e agressiva. Talvez essa fosse a intenção do 50 Shades Of Grey, creio, porque sadomasoquismo dificilmente é algo romântico e idealizado. A menos que você seja virgem.
E esse foi o pretexto da protagonista para ser tão inocente assim.
Só que o livro inteiro se faz parecer realista, com fatos que podem ocorrer no cotidiano. A contradição surge quando, logo no começo, a autora quer te convencer de que a menina tem 21 anos, é virgem, não conheceu homem nenhum, e jamais trocara um e-mail na vida.
Nunca fui aos Estados Unidos, e acredito que a educação de lá seja diferente daqui. E não é impossível uma moça de 21 anos ser virgem e pouco idealizar fantasias sexuais. Mas nunca trocar um e-mail? Deu vontade de desistir dos dois outros volumes, e sair berrando no mundo para comprarem literatura erótica de verdade.
Como um livro desses, de mocinha e "lobo mau" pode se denominar "Conteúdo Erótico" no verso do livro? Como um livro erótico acaba em casamento assim, no final?
A história não tem nada demais, e termina em sexo anal, ela dando a volta por cima, e óbvio; o casamento. Não tem nada demais mesmo. São livros caros que pouco adicionarão conteúdo na sua vida literária, mental e sexual, garanto.
A grande jogada do 50 Shades of Grey é o marketing.
É fazer com que as pessoas fiquem curiosas. Curiosidade - mais até do que a falta de comunicação - é o mal da humanidade, e faz com que as pessoas gastem dinheiro com a legitimidade das palavras e depois joguem os livros em sebos.
Porque algum outro curioso vai ler.
Marketing esse que faz com que eu pergunte a você: já viu "Conteúdo Erótico" no verso de algum livro do Bukowski ou do Carlos Heitor Cony? Talvez por isso sejam pouco lidos, procurados.
Leiamos coisas mais instigantes, impossíveis ou não; leiamos coisas mais coloridas.
Henry Miller, Anne Rice e Nabokov não podem ser trocados por um livro extremamente adolescente que quer ser adulto.
Depois de uma semana e de três livros lidos, joguei-os de volta no balcão do sebo.
Com 50 tons de decepção.
agressiva.
2 comentários:
Cinquenta tons de cinza é leitura de cabeceira para as cocotas e coroas que, independente da bagagem afetivo-sexual, têm dificuldade extrema em chegar com as próprias mãos em um patamar desconhecido. Se elas não conseguem satisfação sozinhas, conhecendo o próprio corpo como ninguém, como chegarão com o companheiro(a)? E pior: idealizam, agora, em detrimento do que leram no Best Seller, um relacionamento fantasioso, comum e que não tem, independente da voracidade do protagonista, absolutamente nada de novo, safado e erótico de verdade a acrescentar...
Livrão com conteúdo diminuto e preço alto.
em qual parte do livro eles fazendo anal?
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Ahá.