10 de abril de 2012

Mamãe que nos faz (2010)

Antes que você, precipitado, pudesse cometer algum erro eu já estava lá, consertando-o. Foi assim que fui parar em sua casa, mal decorada, com móveis e eletrodomésticos simples.
Minha mãe sempre dissera para escolher um homem com uma casa bem decorada: homem que cuida da casa, cuida da mulher que tem. Mas talvez eu pudera provar para dona minha mãe que exceções existem.

Cê tava encostado no vão da porta de uma forma tão bonita que eu não resisti. Levantei da cama, abri a bolsa manchada de chuva e tirei a câmera que sobrevivera.
Voltei à cama e fotografei. Brincando, fez algumas poses que ficariam bonitas no preto e branco - e ficaram.
Pedi que tirasse a camisa, e foi o que fez. Lentamente, mexendo os quadris, brincando, para variar.
Minha mãe sempre dissera que homens que brincam tendem a levar a felicidade mais a sério. Ah, é a única coisa que devemos levar a sério.
Mas como nunca levo nada a sério tampouco ao pé da letra, o que tentei a sério levar naquele momento foi teu abdome não definido, com pêlo e saúde.
Desliguei a câmera e pisquei o olho, convidando-te.
Aceitara tão rápido que quase estranhei.
Quase.

É engraçado como a gente se ajeita fácil em cama pequena. Acho que se ela fosse maior, ficaríamos desconfortáveis. "Mas que injustiça!" disse com voz fraca ao perceber que eu estava de camisa; e você já não mais.
"Arranca!"
Ordenava eu, obedecia você ainda que não submisso. Porque quando cansava de ouvir, me calava a boca com longo encostar de beiços, lábios, língua e sorrisos.
Mãe que dizia que quem sorri, vive mais.
Viveríamos muito, então.

Quando, cansado, encostava no teu peito e - novamente - brincava com teu cabelo
Suspirava e me vinha certeza
"Mamãe mandou eu escolher esse daqui".





Mas como eu sou teimosa vou escolher esse daqui.

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Ahá.