1 de março de 2012

Trégua

Escrevo nas tuas costas e publico teu perdão. É clara a minha insatisfação por tua barba ter roçado outros pescoços sórdidos, ou por ter se ausentado do café.
Fez muito uma cadeira vazia durante esses dias.
O pão não era mais o mesmo, a geléia não tão doce,"quem é ela" eu me pergunto e traduzo em versos, não haviam pontos finais enquanto algo fosse ocupado.

Eis que voltas. Com barba feita.
Não quis entender. Aliás, não gosto de entender nada que faça as pessoas mudarem. Acho que deve ser algo natural, não gosto de me meter na naturalidade das coisas. Mas tive que fazê-lo, afinal, o que foste meu um dia e agora tornara a não ser - por roubo - me deve um verbete.

Demonstro minha clareza da forma que tu mais gostas; em sons abafados. E lá estou eu te agradando de novo, mesmo que não queira. E quando não há intenção nós humanos chamamos de amor.
Desabafo um tanto deixando os sons mais altos. Para que ouçam.
Para que ela ouça.
O que fizera com você?

Roubar meu pão, meu pedaço, minha mordida e devolver pela metade?
Nossas mães - aposto - nunca nos ensinaram isso. Coisa da cabeça de mulher, louca.

Na cadência da vida descubro o quão importante é o roçar nos pescoços alheios.
Afinal, não é possível fazê-lo sozinho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Ahá.