confusão
ela
mas não demonstra
assim sendo
imensurável
assim tendo
algo imensurável
dentro de si
que precisa sair,
voar,
explodir,
então
ela
escolhe
palavra
do seu jeito, assim
cabível
que exprimem
surgem e baseiam-se
em
metáfora
paradoxo
e
amor
com as palavras mais bonitas da aula!
29 de março de 2011
26 de março de 2011
25 de março de 2011
Vida bandida
Daí o sinal fecha. E só tem você esperando para atravessar.
O sol bate diretamente no seu olho, aí você faz cara de quem comeu limão e se posiciona atrás do semáforo.
Aí quase não tem carro passando.
E você pensa seriamente em passar no sinal vermelho. Mas é errado, e como diz a sua avó: "carros brotam", "sempre vai existir alguém para atropelar você".
E você não pode morrer agora. Afinal, ainda restam alguns exercícios de química, duas músicas no trompete e Deus, você ainda nem roubou o coração de alguém para que aconteça algo possivelmente sério e bonito na sua vida.
E o sinal continua fechado.
Aí aparece alguém do outro lado.
E alguns carros voltam a passar, mas o sinal continua lá: fechado. Vermelho, pra você.
Daí você começa a ajeitar o cabelo, finge que o telefone está tocando ou que você recebeu alguma mensagem. Só pra dizer que você é uma pessoa ocupada, segura, e confiante; que você não se importa em ficar lá, dois minutos em pé, porque tem uma agenda lotada; mas vão ajeitar pra você. Ou algo assim, sabe.
Daí o ser humano que está do outro lado se arrisca, e em menos de dez segundos está ao seu lado, seguindo em frente.
E você pensa "droga".
Então respira fundo,
esquece tudo o que sua avó diz,
desvia de um ou dois carros,
alguém buzina pra você,
alguém buzina pro seu corpo,
o sol continua na sua cara,
você joga o pé direito no meio fio,
você joga o peso no pé direito;
você está do outro lado.
E exatamente neste instante, o sinal fica verde.
O sol bate diretamente no seu olho, aí você faz cara de quem comeu limão e se posiciona atrás do semáforo.
Aí quase não tem carro passando.
E você pensa seriamente em passar no sinal vermelho. Mas é errado, e como diz a sua avó: "carros brotam", "sempre vai existir alguém para atropelar você".
E você não pode morrer agora. Afinal, ainda restam alguns exercícios de química, duas músicas no trompete e Deus, você ainda nem roubou o coração de alguém para que aconteça algo possivelmente sério e bonito na sua vida.
E o sinal continua fechado.
Aí aparece alguém do outro lado.
E alguns carros voltam a passar, mas o sinal continua lá: fechado. Vermelho, pra você.
Daí você começa a ajeitar o cabelo, finge que o telefone está tocando ou que você recebeu alguma mensagem. Só pra dizer que você é uma pessoa ocupada, segura, e confiante; que você não se importa em ficar lá, dois minutos em pé, porque tem uma agenda lotada; mas vão ajeitar pra você. Ou algo assim, sabe.
Daí o ser humano que está do outro lado se arrisca, e em menos de dez segundos está ao seu lado, seguindo em frente.
E você pensa "droga".
Então respira fundo,
esquece tudo o que sua avó diz,
desvia de um ou dois carros,
alguém buzina pra você,
alguém buzina pro seu corpo,
o sol continua na sua cara,
você joga o pé direito no meio fio,
você joga o peso no pé direito;
você está do outro lado.
E exatamente neste instante, o sinal fica verde.
24 de março de 2011
encarnação
hoje a noite vaga em mim
com toda a reciprocidade
procurando o fim
dessa maldita saudade
vou procurar na boemia
uma razão para voltar
esquecer, lembrar, querer todo dia
mais uma garrafa no bar
saudade da menina bonita
que me deixou cambaleando
em mim mesmo
com toda a reciprocidade
procurando o fim
dessa maldita saudade
vou procurar na boemia
uma razão para voltar
esquecer, lembrar, querer todo dia
mais uma garrafa no bar
saudade da menina bonita
que me deixou cambaleando
em mim mesmo
19 de março de 2011
Fábio
Não leve a sério o que não é sério. E não me leve a sério quando estou fora do mesmo.
Se o que houve foi culpa minha; pedir desculpas seria suficiente. Se o que houve foi culpa do destino, acaso, ou sorte; eu peço perdão.
Deveria ter impedido, podia ter impedido. Mas não quis.
Às vezes não ver o essencial acaba nos deixando realmente cegos.
Se o que houve foi culpa minha; pedir desculpas seria suficiente. Se o que houve foi culpa do destino, acaso, ou sorte; eu peço perdão.
Deveria ter impedido, podia ter impedido. Mas não quis.
Às vezes não ver o essencial acaba nos deixando realmente cegos.
15 de março de 2011
6 de março de 2011
Cinco pra dois
Ele costumava cozinhar para mim, e isso me fazia sorrir.
Gostava muito de fazer fondue e omelete de agrião, e dificilmente acertava o ponto do omelete, mas quando acertava, dava-lhe um beijo na testa. Carinho, assim, que nem ele demonstrava comigo.
Ele apreciava muito o paladar, e falava muito do gosto do meu beijo. Seja ele na testa, seja ele na boca. Dizia que tinha um sabor que nenhum gourmet consegueria imitar.
Ia aos sábados para a casa dele, comíamos, víamos um filme, e eu ia embora.
Eu sempre levava o filme.
Ele morava perto de mim.
Eu costumava levar Hitchcock; na época em que eu ainda tinha como meta assistir todos os filmes.
A gente chegou muito perto, muito perto mesmo. Mas até hoje - e faz um tempo que isso aconteceu - eu não terminei de ver todos os filmes do Hitchcock.
Nós não terminamos a lista de filmes porque o paladar é o sentido que enjoa mais fácil.
E comíamos e víamos filmes.
Então, num sábado quente, paramos de comer. E o sentido que é a visão, não enjoou dos mistérios.
Então, num sábado frio, a fotografia do Hitchcock foi trocada por alguns olhares no sofá amarelo da sala.
Daí, o sentido que é a visão, enjoou.
E nós tocávamos alguns instrumentos, sussurrávamos mentiras e ríamos, ríamos.
Passou um tempo, e só sobrou o tato.
E quando nós percebemos que não passava de uma coisa carnal, já não era mais sábado, e nós não tínhamos mais o que fazer.
Acaba assim,
quando tem que durar.
Gostava muito de fazer fondue e omelete de agrião, e dificilmente acertava o ponto do omelete, mas quando acertava, dava-lhe um beijo na testa. Carinho, assim, que nem ele demonstrava comigo.
Ele apreciava muito o paladar, e falava muito do gosto do meu beijo. Seja ele na testa, seja ele na boca. Dizia que tinha um sabor que nenhum gourmet consegueria imitar.
Ia aos sábados para a casa dele, comíamos, víamos um filme, e eu ia embora.
Eu sempre levava o filme.
Ele morava perto de mim.
Eu costumava levar Hitchcock; na época em que eu ainda tinha como meta assistir todos os filmes.
A gente chegou muito perto, muito perto mesmo. Mas até hoje - e faz um tempo que isso aconteceu - eu não terminei de ver todos os filmes do Hitchcock.
Nós não terminamos a lista de filmes porque o paladar é o sentido que enjoa mais fácil.
E comíamos e víamos filmes.
Então, num sábado quente, paramos de comer. E o sentido que é a visão, não enjoou dos mistérios.
Então, num sábado frio, a fotografia do Hitchcock foi trocada por alguns olhares no sofá amarelo da sala.
Daí, o sentido que é a visão, enjoou.
E nós tocávamos alguns instrumentos, sussurrávamos mentiras e ríamos, ríamos.
Passou um tempo, e só sobrou o tato.
E quando nós percebemos que não passava de uma coisa carnal, já não era mais sábado, e nós não tínhamos mais o que fazer.
Acaba assim,
quando tem que durar.
2 de março de 2011
Between the bars
que o passado cabe
numa taça de vinho
porém, ainda se sabe
(e sempre se soube):
não se brinda sozinho.
numa taça de vinho
porém, ainda se sabe
(e sempre se soube):
não se brinda sozinho.