1
Ontem fui ao shopping e entrei numa dessas lojas de departamento. Logo, surge uma funcionária me abordando:
- Vamos fazer o cartão da loja?
- Hoje não, obrigada. - e continuei andando. Ela me segue:
- Você já é "de maior"?
- Aham. - respondi sem parar de andar
- Então, é desconto, amiga!
- Hoje não, obrigada, moça.
Ela então olha para o meu crachá do trabalho que esqueci de tirar quando saí e então para de me seguir. Continuei andando e então, a alguns passos de distância, ela pergunta:
- Recusando desconto? Tá ganhando tanto assim, amiga?
Parei de andar, virei. E de longe respondi.
- Estou, amiga.
Nem tô.
2
Voltando para casa num desses ônibus lotados com cheiro de trabalhador, com meus fones gigantes ouvindo música no volume máximo. O que não significa muita coisa dentro de um ônibus, convenhamos.
Depois de meio caminho em pé, consigo um lugar para sentar ao lado de um homem magro, com diastemas e camisa social.
- Licença - eu disse ao sentar.
Mais um pouco do caminho, a música continuando e as pessoas descendo, o homem pergunta:
- Menina, o que é isso que você está ouvindo? - "menina", pensei. Aliás, foi a única parte que ouvi. Tirei os fones de ouvido:
- Oi?
- O que é isso que você está ouvindo?
- É Vivaldi, eu acho. "O Inverno", d'As Quatro Estações.
- Eu hein.
3
Fazendo a unha num salão de beleza, a televisão ligada e muitas mulheres.
O noticiário informa a mudança da Lei Seca. A repórter disse que "não importa a porcentagem, até um bombom de licor e a influência do álcool no seu sangue pode fazer com que você pague multa ou responda a um processo".
Uma moça que estava fazendo escova no cabelo, perguntou:
- Mas o que foi que ela disse?
E a cabeleireira respondeu:
- Que agora até um bombom de licor, com álcool, pode fazer você rodar no teste do bafômetro. Não importa quantos decibéis tenha.
E a moça reage:
- Nossa! Mas eles estão fogo mesmo, hein?
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Ahá.