Adormeceu em meus braços, e eu, delicadamente, os tirei. Estava insone, de mente ocupada, cheia. Tinha trabalhado o dia inteiro, mas agora - mesmo que sua presença me fizesse estar bem tranquila - tinha porque tinha algumas coisas a mais para resolver.
Andando descalça pela casa, entrei na cozinha e pisei no chão frio. Acendi um cigarro de palha em alguma das bocas do fogão e fui para a área de serviço lavar alguma roupa. O silêncio e o calor me incomodavam. Tirei a calça e liguei o rádio em qualquer estação. A música era agradável, apesar de estar mais preocupada com as manchas brancas na minha calça preta.
De repente, ouvi um barulho. Achei que fosse ele acordando, e não gostaria de jeito nenhum que isso acontecesse. Não porque temos que trabalhar cedo, mas porque ele dormia sereno, como criança.
O barulho cessou e percebi que não era ele. Não descobri o que era e logo me despreocupei; voltei à mancha branca.
Meus pés frios e o barulho da máquina de lavar quase rimavam. O locutor falou que eram cinco horas da manhã e eu, então, senti sono.
Resolvi desligar a máquina, o rádio, e sem colocar a calça de volta, retornei à cama.
Mas antes que pudesse realmente dormir... Nosso despertador tocou.
Enfurecida, desliguei-o com certa brutalidade.
Então, ele se espreguiçou ligeiro, me abraçou forte - e sem abrir os olhos - sorriu.
Lá estava eu: insone de novo.
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Ahá.