Minha memória é um tanto traiçoeira porque convive com minha imaginação. Ambas são bem temperamentais e teimosas. Quase nunca me ajudam quando preciso, mas sempre estão lá quando estou em desespero.
Estou convivendo com alguém que está desenvolvendo, infelizmente mesmo, o mal de Alzheimer. É uma coisa assustadora. Você demora mais de setenta anos para descobrir o mundo e, de repente, esquece de tudo. Percebi que assim como a fome dos meninos, os velhinhos esquecidos também me deixam bem triste.
Me fez questionar até o amor.
Acho que todos os poetas só disseram que o verdadeiro amor é eterno porque não se lembraram da existência do alemão que nos deixa loucos.
Mas, com alemão ou não, as coisas às vezes nos fogem à mente.
Não quero que pedaços da minha infância se escorram por aí. E como este mal de Alzheimer é uma pré-disposição genética, e minha infância é algo que tanto me inspira quanto me faz vergonha, escreverei. Pra variar.
Ah, tenham muita paciência caso dado momento da sua vida, você tenha que lidar com alguém que tenha Alzheimer.
Só isso que tenho a dizer.
2 comentários:
soquenao
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Ahá.