Não sou de reparar em pés justamente porque não gosto dos meus.
Mas os pés dele eram bonitos, e eu gostava de observá-los enquanto ele dormia. Ou melhor: enquanto ele sonhava.
Não sei se era contração dos músculos ou ato voluntário de sonho mesmo, mas mexia os pés constantemente enquanto dormia. E me acordava.
Eu nunca reclamei; apesar de, no começo, ter guardado uma dessas reclamações para mim.
O jeito que ele mexia os pés enquanto sonhava me encantava.
E não só o jeito que ele mexia os pés: o jeito que ele sonhava.
Era possível, às vezes, na madrugada, ver um esboço de sorriso-canto-de-boca perdido naquela barba rala e falha.
Talvez se ele sorrisse assim, por inteiro, perdesse a graça.
Me engano: ele era tão inteiro que não perdeu a graça.
Mesmo com aqueles dentes imperfeitos; que ele fazia morder minha nuca quando eu que sorria assim; no canto.
No canto da cama: o maior espaço era meu. E quando acordava (ou quando conseguia dormir) ele estava de pé: com estes mesmos pés bonitos que trouxeram-no até mim.
tenho em pessoas como você
a certeza de que felicidade existe
e só não a vê
quem não quer.
4 comentários:
Quase um conto erótico. Queremos a historia antes do sono...
Ao anônimo: http://prepsicopata.blogspot.com/2010/11/da-de-la-bandeira-qualquer.html
Por um mundo mais sutil...
Uma profundidade muito alto para mentes pequenas.
KKKKKKKKKKK anôni rabioso, ta com o cu pegando fogo
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Ahá.