Perdeste a (tal) razão na primeira fração de segundo em que achaste que a tinha. Digo, a razão.
Não a loucura.
A loucura você sempre teve.
E não importa se você não demonstre isso.
Há de recuperá-la (digo, ainda, a razão).
Há de recuperá-la, meu bem.
Passar a tarde vendo filmes de Bette Davis não vai ajudar a curar um câncer, assim como ouvir música não vai ajudar a aprender a ler partituras. O que nós amamos fazer não ajuda no que é preciso para que nós possamos fazer o que amamos.
É.
Talvez você precise ler isto duas vezes.
Os dois últimos caras que conheci não tinham dentes perfeitos. Digo, retos. Mas ainda assim eram cativantes, galantes, bonitos (e, eles sabem: eu me apaixonei). Mas não perfeitos (sabe como é, apesar do pouco que me resta do século passado, sou uma moça do século XXI. Perdoem-me, rapazes).
Um deles não tinha nem o juízo perfeito. "Louco". Mas ainda assim, foi nos braços dele (ou nos seus) que chorei a primeira vez a perda de um professor.
E foi de mãos dadas com outro (ou com você) que sorri o primeiro reconhecimento dessa perda. Em ambas as vezes, eu estava deitada.
abre as nuvens
acho que sua loucura é perdoada facilmente quando se está deitado: ninguém morre em pé.
fecha o tempo
e nessa perda repentina que ficamos leves e chamamos tudo de "acaso". "Deus". "Merecimento". Saímos por aí perdendo ar, chuva, sol, perdoando pessoas, cores e passado.
Mas, meu bem, as coisas estarem bem não significa que você tenha se perdoado. Ouça.
Enquanto você não se perdoa vivo, saudável (leia-se jovem), implorará perdão de joelhos, já cansado, velho, para recebê-lo deitado.
E falo do perdão, não de Deus.
E é assim que eu me despeço de você.
é, talvez isso tenha sido um desabafo.
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Ahá.